AMOR NA ILHA - Oswaldo U. Lopes

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AMOR NA ILHA
Oswaldo U. Lopes

Cenário – Ilha de Lampedusa – Mediterrâneo – Território Italiano.

Quando? - Faz tempo, muito tempo.

Personagens-

Giovanni – médico local
Sonate – sereia mediterrânea
Doli – belíssimo exemplar da raça Mastim Napolitano
Laura - filha única do Conde de Viterbo

Conflito – matrimônio insular

       Giovanni era médico, o único do povoado perto do porto. Na Ilha havia poucos povoados e menos ainda médicos. Fazia tempo que morava em Lampedusa e gostava.

       O ofício aprendera em Salerno, mas sua segunda especialidade, navegar, aprendera um pouco na família e muito com Sonate a sereia que vivia no Mediterrâneo e entre Europa e África passava os dias se alegrando com o sol e as ilhas.

       Giovanni tinha outra companhia, canina, uma fêmea de Mastim Napolitano, raça antiga e meio selvagem. Doli, no entanto era tudo, grande, pesada, de cor escura, menos brava. Dócil a mais não poder, corria pela praia procurando objetos, sobretudo garrafas que entregava cuidadosamente para seu dono.

       Este tinha tudo que precisava, seus doentes, poucos, graças a Deus, sua cachorra fiel e Sonate que sabia de tudo e tudo ensinava. Às vezes, não muitas, ao por do sol, a palavra matrimonio lhe passava pela cabeça.

       Numa dessas tardes, sol se escondendo, Doli trouxe uma garrafa para Giovanni que conversava com Sonate reclinada numa pedra.

       Desta vez a garrafa não estava vazia nem cheia de areia, mas cuidadosamente fechada com lacre encarnado e contendo um papel espesso, grosso enrolado cuidadosamente. Para aumentar o mistério nele havia uma mensagem de escrita trêmula e nervosa:

Aiuto per la grazia di Dio. Mi nomino Laura e a morire condannata sono. Obbligata a maritarmi col il Duca che uccidermi può, per ódio al pater mio.”

“Socorro pelo amor de Deus. Me chamo Laura e estou condenada a morte. Sou obrigada a casar-me com o duque que na certa me matará, pois odeia meu pai”

       Giovanni leu a mensagem e não conseguiu entender patavina. Sonate veio em seu socorro:

— Pelo andar da correnteza veio da Sardenha. Quem manda lá, no momento, é o Duque De Cáprio, governa com mão de ferro, ninguém se opõe a ele. O único corajoso, o Conde de Viterbo, acabou preso. De Cáprio explicou de modo simples à filha dele, Laura, ou você casa comigo ou mato seu pai. Acho que agora ela teme o pior.

       Giovanni pôs a escuna no mar e com a ajuda de Sonate chegou fácil a Sardenha. Para Doli foi brincadeira, pelo cheiro do papel achou Laura, rápido, rápido.

       A guarda era relaxada, quem poderia supor que um médico, uma cachorra e uma sereia iriam sair do mar e resgatar a donzela?
       Foram atrás do Conde, encontraram-no muito fraco e doente. Libertado, sentiu que a morte estava próxima e pediu que o enterrassem no solo sagrado da Sardenha. Assim foi feito, uma cruz simples e o nome Viterbo.


       E assim termina nossa história. Viviam agora felizes em Lampedusa, Giovanni e Laura, sua esposa, a bela Doli, digno exemplar da raça Mastim e Sonate, a sereia que nunca quis atravessar Gibraltar e que do Mediterrâneo sabia tudo, desde sempre até nunca.

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