A CARTA QUE CHEGOU TARDE - Carlos Cedano

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A CARTA QUE CHEGOU TARDE
Carlos Cedano

Mário chega em casa e a primeira coisa que enxerga é um envelope grande no chão que está dirigido a uma pessoa que não é ele, mas o endereço sim é o seu. Os selos e carimbos do correio mostram que ela foi despachada há mais de vinte dias da Ucrânia e fica ainda mais intrigado por que não conhece ninguém naquele país, vira o envelope e vê que o remetente é João Batista Rondon e não tem a menor ideia de quem poderia ser!

Guarda o envelope vai dormir pensando nessa confusão, não conhece nem o remetente nem o destinatário, mas o endereço é o seu, será que o remetente confundiu-se?  

No dia seguinte cedo inicia uma peregrinação pela vizinhança.   De casa em casa vai perguntando se alguém conhece o conheceu Sebastião Dias. Recebeu só respostas negativas, ninguém o conhecia nem tinha escutado seu nome, estava a ponto de desistir, mas como somente faltavam duas casas continuou, na penúltima que visitou foi atendido por uma velha senhora que o escutou gentilmente e lhe disse:

Sim eu o conheci, sua mulher fugiu com um homem chamado João Batista, foram para muito longe, mas não se sabe para onde, mas isso já há mais de dez anos!

Encorajado por essa informação Mario volta para casa e abre o envelope:

Prezado Sebastião: Você deve estar surpreso de receber esta missiva depois de tanto tempo, mas agora que Anastásia morreu e a seu pedido e vencido pelo remorso te escrevo para implorar seu perdão para mim e para ela. Acredito que após tantos anos seu ressentimento e decepção tenham-se atenuado e consiga perdoar nosso ato impensado e cruel. Cordialmente, João Batista.

Agora Mario decide indagar pelo paradeiro de  Sebastião e volta para falar com a velha senhora:  


Seu Mario, Sebastião morou onde o senhor mora agora, ele nunca se recuperou da tristeza do abandono e da traição. Definhou até morrer! O nome e o endereço estão corretos, mas o momento não, a carta chegou tarde, muito tarde!

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