Marinheiros
de primeira viagem.
Sergio Dalla Vecchia
O telefone tocou.
—Quem é? - indagou Rubens.
— Sou eu querido!
- Disse a entusiasmada voz do outro lado.
—Nosso neto
nasceu! - Contou Tereza já chorando
de emoção.
A alegria era tanta que transbordava pelo telefone e o
casal chorava de tanta alegria, pois era
o seu primeiro neto.
—Venha para a Maternidade São Luiz, estamos
aqui a te esperar.
Rubens ainda emocionado pelo noticia, despediu-se as pressas dos colegas no trabalho dizendo:
—Eu sou avô, eu sou avô! - e já indo em
direção ao seu carro no estacionamento.
Toca o celular novamente. Era Tereza.
— Cadê você
Rubens. Venha logo! Esta armando um grande temporal por aqui.
Era mês de
fevereiro, mês típico de grandes chuvas. Ainda era a estação das águas.
Rubens entrou no carro, deu a partida e arrancou com
ligeireza até sair da garagem subterrânea em direção a rua.
O contraste foi imenso. Estava tudo às escuras. O
vento uivava. As árvores balançavam como se estivessem se entregando à fúria do
vento, lembrando a flexibilidade do corpo das bailarinas seduzidas pelos vilões
de uma grande peça de balé.
Rubens foi pego de surpresa. Agora estava em dúvida de
qual percurso iria fazer, pois o trânsito já estava caótico e o caminho para a
Maternidade era longo.
Não se intimidou com a situação porque seu motivo era
nobre e lhe dava coragem.
Escolheu um trajeto que na sua cabeça seria o melhor.
Ele tinha pleno conhecimento das ruas e avenidas da cidade de São Paulo, pois
nela foi nascido e criado.
Seguiu enfrente e o limpador de para brisas do seu
carro não vencia a água que escorria pelo vidro. Ruas alagadas o faziam mudar
de rota a cada ocorrência. Árvores caídas. Fios elétricos pelo chão e o caos do
trânsito.
O tempo foi passando e Rubens foi lembrando da
gestação difícil da sua filha. Ela era diabética juvenil e, portanto o seu pré-natal
foi repleto de cuidados. Mas, um sorriso logo surgia em sua face, pois estava
tudo bem com a sua filha Ju e o seu neto.
A Maternidade não chegava nunca! E a ansiedade do avô
cada vez mais se intensificava.
Já quase
chegando ele dobrou uma esquina e uma árvore daquelas grandes caiu logo a sua
frente, trancando a rua e amassando um carro que estava estacionado do lado
oposto.
O susto foi enorme, mas como seu anjo da guarda era dos bons, nem ele
nem seu carro nada sofreram danos.
E agora? Não podia voltar, pois atrás se formou uma
grande fileira de carros e para frente existia a árvore atravessada que deixava
um pequeno vão entre o asfalto e ela.
Rubens não pensou duas vezes, criou coragem, foi acelerando diante das olhos incrédulos das pessoas e foi
passando devagarzinho por debaixo da arvore com o teto do carro quase raspando
.
—Graças a Deus!
- Exclamou Rubens aliviado. Não foi desta
vez. Tenho de ver meu neto a qualquer custo, e seguiu em frente ate chegar à Maternidade.
Foi recebido calorosamente pela sua esposa e pela sogra da Ju que o levaram diretamente
para o berçário.
A emoção que o avô sentiu quando a enfermeira veio lhe mostrar seu neto foi grande demais. A
alegria era geral, lágrimas, risos, expressões, abraços e tudo a que se tem
direito numa hora dessas.
Todas essas emoções deram motivos ao Rubens de tentar
escrever uma pequena poesia sobre esse lindo fato e que diz assim:
Meu neto.
Tu és um
iluminado!
Pois tens quatro
mães.
Duas muito
presentes,
que com o brilho
dos olhos
clarearam-te o
caminho,
na escuridão do
temporal.
Deus se fez
presente e
como primeira
lição,
mostrou-te como
uma tempestade se
transforma em
bonança.
E são poucos os
bebês,
que têm o
privilégio
de serem embalados
com a
doçura da sua
mamãe Ju.
Também nada disso
teria acontecido
sem a proteção
divina de Maria,
a mãe das mães!
Assim Rubens e Tereza continuam felizes e esperançosos
da vinda de mais netos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário