FÉRIAS DE VERÃO
Antonia
Marchesin Gonçalves
Quando meus filhos eram
pré-adolescentes, tínhamos apartamento na praia da Enseada no Guarujá, naquele
tempo as férias de verão eram de Janeiro a Fevereiro, as aulas começavam em
Março. Após o natal e fim de ano após passarmos em São Paulo com a família, começo
de Janeiro já íamos para a praia, foi uma época em que meus filhos aproveitaram
muito, fizeram muitos amigos que continuam se encontrando até hoje.
O meu apartamento era o centro
de encontro e também na praia todos se concentravam no meu guarda sol, eu a
única adulta ouvindo todas as conversas e historias das aventuras amorosas. O
engraçado é que eles não tinham nenhum constrangimento em contar detalhes como,
fiquei com fulana foi duro aguentar o bafo, ou o cara não sabia beijar, quase
engolia minha língua... E, eram risadas, brincadeiras e piadas.
À noite iam todos para a
sorveteria Brunella e voltavam de madrugada, a pé, sozinhos, numa alegria só!
Mas,
lógico que rolava a cervejinha escondido, eu sentia o cheiro quando chegavam e
dava a bronca para saberem que eu estava de olho. Os pais desciam na sexta à
noite e passavam o fim de semana, aí já não rolava muita conversa. Já na
segunda voltavam todos para meu guarda sol. Com o tempo certas mães começaram a
reclamar com ciúmes de seus filhos comigo, a ponto de uma delas que era do
prédio vizinho chegar com as mãos na cintura e em voz alta falar: “porque todos
ficam só aqui, eu não mordo sabiam? ”
Pegou
na mão de filha e a levou para o seu lado, todos se olharam, e adolescentes não
se controlam, começaram a rir.
Tinha
na praia a moça dos sanduíches naturais e outra que fazia deliciosos pasteis e
salgadinhos, eu não ligava que eles comessem na praia e fechava as contas nos
fins de semana, quando com os maridos tomávamos as caipirinhas e cerveja. Certa
época meu marido encontrou um pequeno barril de cinco litros de cerveja com a
torneira, levava na praia e mais um motivo para a vizinhança adulta ficar por
perto.
Foram
alguns anos de férias divertidas, inclusive em Julho mais tranquilas por ser
frio, meu filho não abria mão de surfar no mar, até hoje pratica. Justamente
por surfar ele nos convenceu comprar o terreno na praia de Iporanga também no
Guarujá. Levamos dois anos para construir a casa no pico do morro, com uma
vista incrível e acabamos vendendo o apartamento. Na casa, diferente do apê, os
amigos acabavam se hospedando, depois o filho com a esposa e as filhas com os
respectivos maridos, e até o primeiro neto curtimos muito, todos juntos, fim de
semana e férias.
À medida que se envolviam, com o
trabalho e a vida de casados passaram a frequentar menos e até que vinham nos
fins de ano assistir os fogos de artifício, pular as sete ondas e continuar a
festejar no terraço na piscina. Com o passar do tempo a casa pouco usada e com
a manutenção altíssima, condomínio e gasto com caseiros sempre problemáticos
resolvemos vender.
Foi muito bom enquanto durou e
tenho a certeza de que foram anos marcantes para meus filhos, com muitas boas
recordações.
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