A
descoberta de um novo leito
Adriana
S. Frosoni
— Quem você pensa que é para invadir meu
leito, dessa forma, sem cerimônia?
— Pensei o mesmo a seu respeito! Não gostei tanto
quanto você.
— Como pode não ter gostado? Sou mais quente,
mais veloz…
— Do seu calor eu até gostei. Mas para que
tanta pressa? Essa agitação toda não o levará a lugar diferente do meu.
— Engraçado, não gostei nada da sua lentidão
a princípio, mas confesso que em alguns momentos até me acalmou. No entanto, a
sua frieza me incomoda muito e me traz certa desconfiança.
— Minha frieza me permitiu pensar em qual
alternativa temos. Não podemos sair do leito, nem mudar o nosso curso. E quanto
à minha lentidão, devido a ela, pude observá-lo melhor e sua composição me
agrada.
— Bem… não que isso seja um elogio, mas o
traçado que se formou em nosso encontro, com reentrâncias e saliências,
elaborou um belo desenho. Isso tem me agradado mais do que a aspereza da
margem.
— Claro, sem elogios, estamos juntos à força!
Mas olhe para a frente, estamos chegando.
— Mas, já?
— Eu disse que não precisava correr! Fica
frio…
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