CASAIS INESQUECÍVEIS - Oswaldo U. Lopes



E se… Romeu e Julieta não tivessem morrido? | Super

CASAIS INESQUECÍVEIS
Oswaldo U. Lopes


Qualquer um questionado sobre 10 casais românticos, valendo lembrar da literatura ou da história, vai compor sua lista com pares que se notabilizaram pela infelicidade, pela separação ou pela morte precoce. Vamos lá:

1-     Romeu e Julieta. O famoso casal da literatura será sempre o primeiro. Tragédia sem par e infinita. Ainda hoje há quem vá a Verona só para ver o suposto balcão de Julieta e recordar o romance do triste par.

2-     Tristão e Isolda. É claro que a música de Wagner ajudou, mas a lenda é anterior e não tem um final feliz.

3-     D. Pedro e Inês de Castro. Os portugueses ainda contam e recontam essa trágica história de amor, absolutamente real que transformou um poderoso rei, num ser vingativo e cruel que fez de sua amada uma Rainha depois de morta. Parece que foi um rei capaz e correto, mas seu epiteto ficou sendo, D. Pedro, o Cru, em razão de sua conduta violenta na busca dos assassinos de sua querida Inês.

4-     Shanh Saham e Mumitaz Mahal. Apesar e terem tido inúmeros filhos a amada Mumitar morreu cedo, num pós-parto e seu desolado esposo ergueu o que, talvez seja, o maior monumento ao amor perdido. O Taj Mahal

5-     Cleópatra e Marco Antônio. Não entram na lista por serem jovens, mas por serem doces amantes. Seu amor envolveu politica e guerras, mas não deixou de ser trágico. Ambos se suicidaram, tornando Octávio o primeiro Imperador de Roma.

6-     Marilia e Dirceu. Um casal brasileiro na lista. O inconfidente Thomaz Antônio Gonzaga e Maria Dorotéia Joaquina de Seixas. Não foram mortos nem morreram jovens, mas foram separados, por desterro dele e ela nunca se casou. Restaram os versos e os túmulos.

7-     Heloisa e Abelardo. Tragédia cruel entre o ilustre preceptor e a jovem dama. Acabaram os dois em conventos, ingloriamente separados.

8-     Mariana do Alcoforado e Noel Bouton de Chamilly. Um romance impossível que nos legou um punhado expressivo de cartas de amor, as dela, sobretudo, são famosas.

9-     Luiz de Camões e Caterina de Ataíde. A Natércia do poeta que lhe dedicou tristes versos:


“Perdigão que o pensamento
subiu a um alto lugar
Perde  pena do voar
ganha  a pena do tormento.

Amor não necessariamente correspondido, muito não se sabe a respeito, cogita-se que esse amor impossível, custou ao poeta vários desterros. Fica na lista, os poetas são os que mais fornecem casais e histórias.

10     - Otelo e Desdemona. Num tempo em que tanto se fala em diversidade e se condena o racismo, vale a pena lembrar o desesperado amor do almirante. Shakespeare deixa bem claro que o mouro tem a pele escura e isso é exposto na peça logo no inicio. Corroído pelo ciúme Otelo mata Desdemona e encerra a história de modo violento e cruel.

E não haverá histórias de amor que não terminam em tragédia ou separação? Bem para encontrá-las é preciso recorrer aos contos de fada ou aos desenhos animados:

Cinderela, Branca de Neve, a Bela e a Fera, a Dama e o Vagabundo etc.

História de amor que se presa é a que acaba em morte ou separação. Final feliz não se encaixa aqui e olhem que nem falei, por ignorância, de histórias japonesas onde haraquiri não falta, Madame Butterfly é só um exemplo.




AMOR de São João - Antonia Marchesin Gonçalves




AMOR de São João
Antonia Marchesin Gonçalves


Rosinha já com seus dezenove anos ainda não tinha tido nenhum namoro firme, apenas namoricos sem responsabilidade. Era livre para se divertir nas festas. A moça sempre teve paixão pelas festas juninas, para as quais ela se vestia a caráter, cabelo preso com tranças compridas, com laço de fitas, chapéu de palha e vestido rodado colorido. Lembra especialmente de uma dessas festas juninas, há muitos anos.

O inesquecível cheiro que pairava no ar nessa quermesse, instalada na praça em frente da Catedral da sua pequena cidade no interior de Minas. O lugar todo enfeitado com bandeirolas coloridas e luzes que cintilavam os lábios vermelhos das garotas. Os balões iluminados com fogo artificial no seu interior, subiam levando para os céus a alegria das festas. As barracas com suas guloseimas típicas. Tudo muito alegre.    

Mas de todas as diversões, havia uma que ficou para sempre na memória de Rosinha. Era a cadeia. Para lá eram levados os jovens,  de onde seriam libertados somente através do pagamento de fiança, que era um beijo roubado, ou uma contradança.  

Foi assim que ela conheceu o amor da sua vida. Tinha sido presa por alguém que não conhecia. Curiosa para saber quem a encarcerou, chamava por amigos e todos negavam que tivessem tido participação no mandado de prisão dela.  Já irritada com a demora para sua soltura, eis que se apresenta um jovem forasteiro assumindo ter sido ele o mandatário. Para o seu espanto, não o conhecia. Sou João, se apresentou. E para te soltar gostaria que me desse a próxima dança. Nem pensar não te conheço, não danço com estranhos, respondeu.

Bom, sinto muito, então. Vai continuar presa. Disse, e saiu.

Mais dez minutos já furiosa, gritou pelo nome do João. Apareceram vários. Ela já botava fogo pelas ventas, como dizem no interior, quando o tal João chegou.

Danço com você, seu estranho metido. Mas nem pense em me agarrar, já vou avisando.

Dançaram naquela noite e nas outras.

Aos poucos João a conquistou, ela não o conhecia, ele era fazendeiro de gado, na cidade das vizinhanças. O verdadeiro amor duradouro foi conquistado devagarzinho, sedimentado na confiança, dedicação e muito carinho, foi assim que João formou sua família com Rosinha.

Filhos e netos testemunharam até enquanto viveram, como verdadeiro exemplo de que o amor existe.