Poeminha Amores de outrora
Ises de Almeida Abrahamsohn
Da mesa do pequeno café
Vi entrar o portentoso senhor
Semblante nebulosamente familiar
Memória de antigos cafunés
Beijos ávidos há muito esquecidos
Mãos adolescentes que se exploravam
Na traseira de carros desenxabidos
Demorei a lembrar o nome perdido
Recordei o altissonante sobrenome
Paixão absoluta na juventude
Como não lembrar de tal nome
Sonhava ao imaginar futuro em comum
Viageiros e aventureiros pelo mundo
Não tinha ele, porém, essa ambição
Queria mulherzinha de cama e fogão
Nunca mais o vi, nem dele soube
Aproximei-me sem que me visse
Virou-se ao ouvir o nome completo
Hesitante fitou-me o rosto inquieto
Sorriu de boa lembrança ao dizer meu
nome
Contou-me dos quatro filhos e netos
Do sítio onde aposentado vivia
Sem interesses, sem sentir a vida se
lhe esvaía
Pudicamente não lhe contei minhas
viagens
Nem tampouco meus pequenos sucessos
Despedi-me rápido do Romeu de outrora
Pretexto de reunião em cima da hora
Que sorte, naquela época, ter levado um
fora.
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