AMOR E ÓDIO
O TERROR
— Aljamie ealaa al’ard! Todos, no chão, no chão, todos no chão!
Ordenou
rispidamente a voz masculina atrás do capuz preto, enquanto disparava tiros de
metralhadora a esmo pelo saguão. Os gritos eram em árabe que muitos turistas não
conseguiam entender, mas eram imediatamente orientados em inglês pelos
serviçais do hotel “Lie on the floor”.
Os passos e gestos violentos dos
invasores avançaram pela recepção, chegando ao restaurante.
Era um hotel nos Emirados
Árabes, Angela estava tomando o café da manhã, quando, a entrada principal foi
invadida pelo bando terrorista. Todos mascarados fortemente armados, anunciando
um sequestro, ninguém poderia sair. Um tremendo alvoroço se fez, entre gritos,
chiados e choros, e todos foram agrupados num canto do salão, inclusive funcionários.
O medo a dominou, sentiu o
coração palpitar, os pensamentos turvarem. A morte nunca esteve tão perto dela.
Tremia, chorava baixinho. Lembrou que já sentiu ódio, desprezo, e que agora seria
castigada, certamente. Na memória, toda sua vida, família e amigos, vieram num
flashback confuso como prêmio antes da morte.
O PASSADO
Angela lembrou que pouco
trabalho deu à mãe, a criança feliz brincava com as panelinhas com as bonecas
fingindo fazer comidinha, uma meleca de açúcar e canela. Tanto brincou com isso
que ao crescer não suportava o cheiro de canela. “Todo o ambiente parece
cheirar canela” – Conseguiu pensar.
Na
adolescência precisou largar os estudos, tinha que trabalhar para ajudar em
casa. Tornou-se uma moça muito bonita, sendo constantemente assediada até por
homens maduros, mas não tinha ela interesse em namorar, estava envolvida pelo
trabalho, tanto fora como em casa.
Nas poucas horas de folga
gostava de ler, leitura era a sua paixão. Ficava, horas na poltrona lendo
quando podia, ouvindo broncas da mãe “Você perde seu tempo nessas besteiras que
contém os livros”.
Seu irmão tinha vários amigos que frequentavam a casa, ela os tratava
bem, mas sem maiores interesses. Com o tempo, um deles deu de se sobressair,
passou a frequentar a casa com assiduidade tentando acertar os horários em que
ela estivesse. Teve início ali uma amizade. Renato era estudante de
arquitetura, não era bonito, mas charmoso, se entendiam bem.
Numa tarde os dois conversando,
Renato falou que estava apaixonado e a pediu em namoro. Angela ficou surpresa.
Nem passava pela cabeça dela um namoro, pediu um tempo para pensar. Tinha já
dezoito anos, as poucas amigas já namoravam e encorajavam-na a aceitar, assim
foi. Tiveram que esperar Renato se formar. No último ano ele já trabalhava,
então deram entrada no seu primeiro apartamento e ela com seu trabalho e esmero
fez todo o enxoval.
AMOR E ÓDIO
Renato
a conquistava todos os dias, mais e mais. E quando se casaram ela estava
totalmente apaixonada, tendo olhos só para ele.
Antes de casar ele a convenceu a
largar o emprego, dizia que sua mulher não trabalharia fora. Ela obedeceu sem
analisar consequências. Veio o primeiro filho e ela foi se tornando cada vez
mais mãe e dona de casa. Já não percebia que ele não lhe dava a atenção e o carinho
de antes. Apaixonada como estava, confiava em seu companheiro, “ele está
trabalhando muito para nos manter”. Mimava-o. Apreendeu a cozinhar, e até curso
de banquete ela fez. Recebiam amigos para jantar, e sempre lhe vinham elogios
de todos. Renato tinha tudo sob controle, esposa, casa, filhos, sucesso
profissional, era invejado. Certo dia Angela recebeu uma carta anônima que
dizia o quanto conquistador compulsivo era seu marido. Ela se abalou. Mas
pensou melhor, deu a carta como de alguém com inveja de sua felicidade.
Passado um tempo, começou a
receber telefonemas também anônimos acusando Renato de estar traindo-a com
colegas de trabalho. As horas extras que fazia não eram para trabalhar e sim para
sair com outras. Não teve outra opção senão perguntar ao marido, lógico que Renato
negou veemente usando até o ataque como sua melhor defesa. Apaziguados os
ânimos a vida logo voltou à sua rotina. Mas, agora Angela andava mais atenta,
passou a observar mais o marido. Quando estavam em festas, jantares ou
restaurantes, mesmo à sua frente, ele percebia que ele flertava com outras
mulheres, magoando e até humilhando a esposa.
Foi
quando começou a sentir-se depressiva e desiludida cada vez mais. A grande
paixão foi esvaindo-se. O amor se desconstruiu a ponto de se tornar quase ódio,
que lhe corroía a alma. Muitas brigas passaram a acontecer. Angela tentava
reivindicar seu respeito. Ao que ele sempre dizia que ela estava imaginando
coisas, insinuando que estivesse emocionalmente abalada pelos ciúmes. Pelos
filhos ela não se separou.
Certo dia Renato passou mal, teve um derrame com sequelas
graves. Angela se desdobrava vinte quatro horas para cuidar pessoalmente dele,
não aceitava ajuda de enfermagem, nem dos filhos, ela era irredutível. Uma
amiga psicóloga tentou que recebesse ajuda, alegando que podia ela adoecer. Mas,
ela se negou.
No entanto, logo o cenário mudou. Renato
faleceu, e a transformação de Angela foi total.
Agora Angela parecia tranquila, feliz, tinha
recuperado a beleza, o brilho no olhar, uma amiga não se conteve:
— Eu tinha certeza de que
você fosse afundaria até o fundo do poço com a morte dele, Angela.
E ela simplesmente olhou
para a amiga e disse:
— Não, querida, eu tive prazer em vê-lo morrer.
VIDA
NOVA
Após um mês da morte de Renato, Angela já tinha o seu
futuro definido, com os seus sessenta anos, tinha certeza do que queria para o
resto de sua vida. Chamou os filhos para almoço no sábado, com uma maravilhosa
feijoada que fazia com perfeição, e sabia que seria um belo chamariz para
ninguém faltar. Todos compareceram.
— Convidei vocês para esse almoço com um propósito,
quero comunicar que já coloquei à venda esta casa, que para minha surpresa tem
vários interessados.
Nessa hora, todos começaram
a falar ao mesmo tempo, “mas, a casa que o papai construiu, tão maravilhosa! ”,
outros, “você vai para onde e o que vai fazer com o dinheiro? ”. “Papai sempre
cuidou de tudo”...
— Sim ele sempre cuidou de
tudo, mas agora quem manda na minha vida sou eu, vou comprar um apartamento pequeno,
como sempre quis, não aguento mais cuidar dessa casa tão grande. Já tenho um em
vista, é confortável, ele tem tudo que eu preciso.
Completou:
— Se gostam tanto da casa,
façam uma oferta entre vocês e comprem a minha parte.
Como sabia que aconteceria, ninguém se
pronunciou, não tinham cacife para manutenção de uma casa daquelas. Tomada a
decisão, Angela mudou-se para o apartamento, não levou nada, fez a decoração
com um bom gosto surpreendente. Depois de tudo em ordem, passou dias saindo
pelo bairro se familiarizando, descobrindo uma vizinhança simpática, tendo
perto um pequeno comércio, pequenos restaurantes e até boutique de roupas e
calçados femininos. Numa dessas incursões achou uma academia de dança, e se
matriculou no curso de dança de salão. Feliz, passou a ter aulas três vezes por
semana, sempre no final da tarde. Fez novas amizades no grupo, incluindo alguns
solteiros. Já nem sabia mais como era estar solteira entre solteiros. Arriscou,
saiu com alguns, sem nenhum interesse. “Acabei de me libertar, vou usufruir até
morrer dessa liberdade”. Após um ano de curso, deu-se conta de que aquilo já não
era suficiente, sentiu necessidade de algo mais vibrante, mais desafiador. Em
casa sozinha começou a se lembrar de sua vida, o quanto foi morna, sem ela ter oportunidade
para tomar iniciativas de tomar, sem chance para novos rumos, sempre aceitou o
que decidiram por ela, sem se questionar sobre sua própria vontade.
Resolveu dar uma guinada, comprou passagens para
viajar por seis meses. Europa ela já conhecia, a idéia era conhecer Egito,
Emirados Árabes, Turquia, Líbano. Queria finalizar alugando um chalé em Lugano
nos Alpes da Itália por três meses, aproveitaria para conhecer pequenas cidades
em torno vivenciando com mais tranquilidade o dia a dia dos lugares. Lembrou-se
das viagens que fez com o marido, todas com tours corridos, tomando ele a
decisão dos países que conheceriam. Pensando bem, o erro foi meu, atinou. Passagens
compradas malas feitas, comunicou aos filhos que demonstraram surpresa e
preocupação, inconformados dela fazer sozinha a tal viagem. Prevenida de que
isso acontecria, avisou a eles que já tinha reservas nos hotéis em todos os
países por onde passaria.
Começou por concretizar o sonho de
conhecer as pirâmides, deslumbrada não só lá como também, na Turquia e Líbano. Admirou-se
com os costumes tão diferentes, principalmente as mulheres cobertas de preto até
os pés, só exibindo os olhos.
VÃO
NOS MATAR!
Angela sempre foi muito tranquila, mas sentiu
um devastador medo invadir sua mente. Vão nos matar! Pensou. Tinha estudado um
pouco sobre os povos dos países que visitaria, foi alertada sobre o perigo de
um grupo terrorista. Agora estava ela diante de um violento grupo terrorista.
Acuada junto aos outros, depois do impacto
inicial, estranhamente, percebeu-se mais calma que a maioria. Alguns choravam
baixinho, algumas mulheres rezavam, mas ninguém se movia. Havia medo nos olhos
que rolavam quietos perto do chão. Foi quando notou um senhor em torno dos
sessenta e poucos anos, bem-vestido, calmo e com um olhar perspicaz analisando
a situação, sentiu confiança, não sabe porque, “ vamos sair dessa”, pensou.
Notou que o grupo tinha um líder, era um homem alto,
forte com voz grave. Ele portava granadas na cintura e tinha um cinturão de
balas atravessado no peito. Gritava ordens posicionando os soldados em pontos
estratégicos para manter controle total. Dois deles vigiavam os hóspedes do
hotel, outros, as janelas e portas.
Assim, tendo dominado o ambiente, o líder em inglês
fluente dirigiu-se ao gerente para que entrasse em contato com as autoridades
para fazer suas exigências. O pobre gerente, tremia e se esforçava para
concatenar as ideias. O líder deu-lhe um celular já conectado com a polícia,
autoridades, e ia ditando para que ele repetisse as regras. Apesar de atônito, o
gerente executou as ordens recebidas.
Exigiram a soltura de dez companheiros presos na
semana anterior. E ameaçaram, se até o meio dia não se efetivassem as exigências,
iriam iniciar a execução dos turistas. Angela viu-se chorando mais alto, e
percebeu que os outros também estavam fragilizados.
Em menos de uma hora ouviu-se muito
barulho na rua. “Deve ser a polícia se
posicionando do lado de fora”. Começaram as negociações, o líder estava cada
vez mais nervoso, falava aos gritos, gesticulava muito, e ia instalando nova
onda de pavor aos reféns. Angela percebeu, com o pouco conhecimento do idioma
árabe, que não haveria muita facilidade de atenderem as exigências dos
terroristas, os presos eram considerados muito perigosos e se encontravam em
outra jurisdição. A dificuldade era mais um ingrediente que poderia ser fatal.
Havia
muitos gritos e tiros pelo ar.
Nesse alvoroço, Angela percebeu que o refém, o tal homem
bem-vestido, tentava, discretamente, acalmar os demais. Em determinado momento
ela o vê digitando algo no celular. Angela não acreditou na coragem dele.
Talvez o mais corajoso de todos entre os reféns. Ele está correndo risco por
nós, pensou.
Era hora do almoço, o líder estava pronunciadamente alterado,
irritado, gritando com as autoridades no celular. Nesse instante ele examinou
os reféns numa olhadela ligeira. Mandou um dos soldados levantar uma idosa
senhora, provavelmente inglesa que chorava muito alto desde o primeiro
instante, colocou-a na parede lateral, acionou a câmera do celular e mandou que
a executassem. Angela entrou em pânico novamente, jamais imaginou assistir tal
cena! Havia um sentimento de morte iminente no ar. Com o coração disparado,
nauseou-se com o cheiro de pólvora e sangue. Deixaram o corpo largado no chão
para que servisse de sinal do que seriam capazes. “Logo serei eu”, pensava. Lembrou
da preocupação dos filhos em relação à viagem dela, e chorou mais.
Novamente aquele senhor bem-vestido tentou acalmá-la,
desta vez tinha um discreto sorriso para oferecer-lhe. Depois cochichou para se
agrupassem mais perto dele, que lhe dessem cobertura. Angela tudo percebia,
temia que ele fosse descoberto e fatalmente seria a nova vítima. Ele examinou o
cenário com calma, parecia ter domínio da situação, voltou a digitar no
celular, provavelmente dando coordenadas do ambiente dentro do hotel, suspeitou
Angela. Os reféns eram compostos por
umas vinte pessoas, os casais se abraçavam buscando conforto, mas nessa hora,
todos sentiam a mesma necessidade, o mesmo medo. Algumas mãos se uniram, exalando
o cheiro de suor do medo que escorria pelos poros e era estampado nos rostos,
inclusive no rosto dela.
Pouco tempo depois Angela notou uma porta entreaberta
e o vulto de um soldado que num crispar cruzou a luz que vinha de fora. O homem
bem-vestido percebendo que ela havia notado, fez-lhe o sinal de silêncio e
gesticulou para que se deitasse e cobrisse o rosto. Imediatamente, todos a
imitaram. Um estrondo se ouviu, uma nuvem de fumaça rolou pelo salão, abafando
o ar, entorpecendo a visão, nada se enxergava. Os soldados entraram atirando, uma
verdadeira guerra, e os gritos desesperados dos reféns. Angela não soube dizer
quanto tempo durou aquilo, mas tinha a certeza de que se saísse viva, jamais
esqueceria.
Quando o tiroteio silenciou havia ainda muita fumaça
no ambiente, Angela sentiu-se pega pelo braço, quase desmaiada com falta de ar,
sabia que estava sendo salva. La fora foi colocada numa ambulância junto com
alguns, e levada para o hospital. Recuperada, de volta ao hotel, os hóspedes tinham
sido transferidos para outro prédio enquanto aquele passava por reformas.
Angela ainda tinha medo do que acabara de vivenciar. Lembrava com insistência
de alguns momentos aterrorizadores, mas não conseguia esquecer o homem que, corajosamente,
salvou a todos. Sentia necessidade de demonstrar o sentimento de agradecimento
para com ele. Foi falar com o gerente do hotel, que de imediato disse-lhe ser
ele um hóspede italiano chamado Armando, se encontrava no bar naquela hora. Ela
não teve dúvida, procurá-lo.
O
HOMEM BEM-VESTIDO – O HERÓI
Lá estava ele, tranquilo no terraço do bar tomando
vinho branco. Parecia remoçado, estava de novo bem-vestido com um blazer
branco, bem alinhado. Levantou-se ao vê-la chegar, saudou-a com um beija-mão.
Ela pediu desculpa pela interrupção no seu relax, e ele a convidou para que
compartilhasse o vinho “é de excelente safra”, e completou “fico feliz que
esteja bem”. Ficaram horas conversando, nem viram o tempo passar, notou que ele
não usava aliança. Com o passar das horas, um sentimento que não conhecia a
dominou, um forte batimento no peito, as pernas amolecidas.
Percebeu-se falando demais de modo a não conseguir se
controlar. O que está acontecendo comigo? Com essa idade pareço adolescente. Contou
que havia alugado um chalé em Lugano, que seguiria viagem no dia seguinte. “Tomara
que, com menos sustos”, ainda disse sorrindo. Lugano! Disse efusivamente, Armando.
Que incrível! É minha cidade, e é onde nasci, é onde moro, posso ser seu
cicerone vai ser um grande prazer.
LUGANO
– ITÁLIA
Dias depois já instalada no aconchegante chalé com
vista para o lago, desfrutava com prazer do cenário. Era exatamente como
imaginara, cercada de hortênsias de todas as cores, Angela estava realmente
feliz. Com a simpática ajuda de Armando foi conhecendo a cidade, os pequenos
vilarejos vizinhos do lado suíço, almoçando lanches deliciosos em frente ao
lago. Ele era muito respeitado pelos conhecidos, o que facilitava alguns
passeios, algumas reservas especiais. Tantas vezes saindo dias inteiros com
Armando, Angela descobriu que ele era aposentado e ele tinha uma patente no exército
italiano, o que explicava a experiência na ocasião do sequestro. Algumas
descobertas a faziam vibrar, ele nunca tinha se casado, viajava muito e ainda
não tinha encontrado o amor da sua vida.
Angela já se sentia aflita pensando que logo voltaria
para o Brasil, não queria deixar esse bem-estar, não queria deixar Armando.
Reconheceu-se totalmente apaixonada. E, faltando uma semana para seu retorno
começaram a chegar arranjos de rosas vermelhas, aveludadas, perfumadas, que fizeram
da sala um grande jardim. Naquela noite, ele chegou elegantemente trajado, com
champanhe nas mãos. Sustentou-a num forte abraço e beijou-a muito ardentemente.
Ela correspondendo com a mesma paixão. Ele revelou estar verdadeiramente
apaixonado, e pediu-a em casamento. Não saberia viver sem ela, argumentou.
Depois, presenteou-a com um valioso solitário de diamante que havia pertencido
à sua mãe.
As emoções dos últimos meses foram intensas, mas essa
Angela não esperava. “Ele me pediu em casamento? Era a última coisa que queria,
tinha prometido que jamais tornaria se casar, tamanha decepção que já viveu, as
lembranças tristes lhe vinham em blocos pesados. Enquanto era beijada, sua
cabeça rodava num turbilhão de pensamentos, como num filme, as imagens, vindo
numa rapidez turbulenta, sentiu-se tonta, Armando ao perceber sua surpresa e
insegurança, sentou-a na poltrona, e disse que não precisava responder de imediato,
que ele teria todo tempo do mundo para esperar a resposta.
Quando ela conseguiu falar, estava emocionada, e com a
voz abasbacada, pediu um tempo. Naquela noite, mais juntos do que nunca, ele a abraçou
com força, como se quisesse fazê-la desistir da partida. Ela não teve um sono
tranquilo, despertou várias vezes e se viu a ruminar o episódio sabendo que
teria que tomar uma decisão. Ao acordar, pela manhã, ele não estava ao seu
lado. Calçou os chinelos, foi até a cozinha, encontrou-o fazendo ovos mexidos.
O aroma do café fresco invadiu toda a cozinha. Beijou-a com carinho e sentou-se
ao seu lado.
“Vamos comer antes que esfrie” – Disse com um sorriso
encantador. Angela então pediu que ele a deixasse o dia sozinha, tinha que ter
tempo para avaliar o que estava em jogo, nunca foi pessoa de se atirar às
aventuras, pelo contrário, gostava de sentir os pés no chão e as mudanças
seriam radicais em sua vida. Ele concordou. Após Armando ir embora, ela entrou
na banheira e lá permaneceu o máximo de tempo para se equilibrar. Ponderou o passado,
o presente e, já imaginava seu futuro. À noite se arrumou com esmero, pôs-se
deslumbrante, queria ter certeza de estar no domínio da situação. Arrumou a
mesa no terraço debaixo de um céu estrelado, certificou-se de que os perfumes
das flores invadiam todo o ambiente. O cenário estava propício para o que ia
fazer.
Armando chegou impecável como sempre, com a garrafa
de vinho que ela mais gostava. Havia certo temor entre ambos. Beijaram-se
ardorosamente. À mesa, queijos, pães e
vinho. No coração dela uma alegria inexplicável. No dele, o medo. “Aceito o seu
pedido, querido” - Disse Angela. Ele a
olhou com o maior sorriso do mundo. “Mas, com uma condição, irei para o Brasil
antes, quero conversar com meus filhos, preciso do apoio deles, me sentirei
mais segura para tomar esta decisão”.
Armando demonstrou toda sua
felicidade enchendo-a de beijos. Fizeram amor ali mesmo com arrebatadora
volúpia, tanto que ela temia que o coração não aguentasse tamanha felicidade.
Ao acordarem Armando perguntou se ela queria casar em Lugano, que ele tomaria
todas as providências enquanto ela estivesse no Brasil, que fazia questão de pagar
todas as passagens para a família e, após a lua de mel, não via problema nenhum
em morarem no Brasil, já que ele não tinha nada que o prendesse a Lugano.
A
FAMÍLIA NO BRASIL
Sua chegada foi emocionante, os filhos com faixas de boas-vindas,
gritavam e aplaudiam sua chegada. Estavam todos morrendo de saudades. Foram
para o apartamento, o almoço já estava pronto e todos falavam ao mesmo tempo.
Após o almoço ela abriu as malas e distribuiu as lembrancinhas que fez questão
de trazer. No fim da tarde Angela decidiu revelar sua decisão. Contou como foi
aterrorizante o assalto, que lembrou deles no momento em que achou que
morreria. Contou também como foi salva. E, como foi surpreendida com o pedido
de casamento de seu salvador. A sala emudeceu. O silêncio era tanto que agredia
os ouvidos. O filho mais velho tomou a dianteira, mostrou-se inconformado dela
ter aceitado se casar com um estranho que conheceu há pouco tempo. Ele era contra
esse enlace, tinha a certeza de que seus dois irmãos pensavam como ele.
Calma! - Disse ela. Reforçou que esse era o seu
desejo, pois encontrara o verdadeiro amor de sua vida, disse que nunca tinha
sido feliz com o pai deles. Pediu que pensassem bem, pois ela nunca interferiu
na escolha deles. E completou dizendo que todos estavam convidados para o
casamento que seria em Lugano, com todas as despesas pagas por Armando. Pediu
que pensassem melhor, pois morariam no Brasil. Disse que Armando mandou uma
mensagem para que ela enviasse os dados de todos para ele autorizasse as
passagens, e que havia marcado o casamento dali a dois meses. Houve certo reboliço
entre os filhos, que resistiam em não aceitar seu casamento.
No dia seguinte Angela ligou para
todos, um por um, pedindo que aceitassem, que participassem daquele momento tão
importante para ela. Chegou a lembrá-los
de como era infeliz com Renato, e quantas vezes eles a viram chorando por isso.
Nesse dia, os filhos, reconhecendo a realidade do triste passado da mãe, e
cientes de que ela era dona de sua felicidade, eles disseram que não se
oporiam. Angela tinha, finalmente, o consentimento dos filhos. Todos iriam ao
casamento.
Ela então começou a correr com os preparativos, toda
a atenção para seu vestido. Várias dúvidas vieram à sua mente, longo ou curto,
por ser um almoço, talvez curto, que cor, não queria branco total, arranjo na
cabeça, sim ou não. Parecia noiva de primeira viagem. “Nunca imaginei na minha
vida que com essa idade estaria escolhendo vestido de noiva”. Ria dela mesma.
Dois meses passaram rápido. Partiram todos ansiosos para conhecer o tão famoso italiano.
No balcão da companhia aérea já havia uma surpresa, as passagens eram todas na
primeira classe. “Ele é mais rico do que pensava” - diziam.
ANGELA
CHEGA PARA O CASAMENTO
A chegada foi recepcionada por Armando com quatro
carros disponibilizados. Foram todos instalados no hotel cinco estrelas, com a mais
vista incrível que podia haver. “Mais essa surpresa”, pensou Angela que não imaginava
tamanha suntuosidade. Ao chegar ao seu chalé, além de decorado com muitas
flores, ela sentiu-se uma criança atendida no pedido de seu maior brinquedo.
Sobre a mesa havia uma caixa de presente, ela correu para abri-la, mas ele a
proibiu dizendo entre riso, que era o vestido de noiva, que havia encomendado e
que ele não poderia vê-lo. Surpresa ela lhe disse que tinha já o vestido, ao
qual ele respondeu que era um Giorgio Armani. “O meu preferido, além de ser um
grande amigo”, que ela agora usaria alta-costura. Ela não se impressionou, e até
sentiu-se contrariada, pois nunca as grifes a atraíram, era a favor de simplicidade,
gostava das roupas simples e confortáveis.
E assim, a semana voou, e chegou o tão
esperado dia.
Mas, uma coisa a estava deixando
curiosa, desde que chegou tinha sempre um a dois homens parrudos em torno do
casal, com tanta correria, se esqueceu de perguntar, não simpatizou com eles.
O
deslumbrante vestido de Angela era o mais requintado que uma mulher poderia
vestir. O casamento foi dos sonhos, ao ar livre no jardim do hotel, tudo muito
bem decorado nas cores azul marinho e dourado, o padre muito simpático encantou
os centos e cinquenta convidados Outra vez não era o que Angela esperava, preferia
uma cerimônia mais intimista.
O almoço foi regado à champanhe, francesa, safras
especiais de vinho da toscana, caviar russo e faisão assado. Tudo era servido
com abundância e todos referenciavam ao casal, em especial ao Armando que ao lhe
darem os parabéns inclinavam a cabeça chamando-o de Dom Armando.
No
dia seguinte eles viajaram para a Grécia em lua de mel, os filhos ainda ficaram
mais uns dias em Lugano, queriam conhecer a cidade e arredores.
O idílio na Grécia foi com privacidade e
intimidade total. Armando não cansava de beijá-la, faziam amor com intensidade
e ardor de jovens apaixonados, em todo lugar, no deck da piscina, na cozinha, na
sala e até no quarto. Angela sentia-se rejuvenescida.
Após quinze dias ele avisou que precisariam voltar.
“Mas tínhamos combinado que seria um mês! ”. “Sim, mas é impossível”, foi a resposta dele. “Tenho muitos assuntos
urgentes para resolver antes de irmos para o Brasil”.
Ao chegarem foram recebidos por dois
guarda-costas, carro com motorista. Feliz, Angela olhava pela janela quando
percebeu que estavam se dirigindo para outro lugar, não era para o seu chalé.
Questionado ele respondeu que que morariam em sua casa, não mais no chalé. Por
um instante ela se indignou por não ter sido consultada. Pensou ela: “Por pouco
tempo, logo vamos para o Brasil”.
NA
CASA DE ARMANDO
Conhecia a casa dele, mas não imaginava tantos
empregados. Armando foi direto para o escritório e com um beijo disse: Vejo você
no almoço. Ana, a governanta toda de preto e com um molho de chaves no cinto, veio
ter com ela para ajudá-la. Com tantas chaves, elas chacoalhavam ao andar
provocando um barulho estranho.
Levou-a aos seus aposentos para que descansasse. Chamou
uma jovem moça, apresentou-a como sua camareira pessoal. Angela viu aquilo com
certa desconfiança sentiu-se intimidada com tamanha suntuosidade. Tomou um demorado
banho de banheira e ainda de roupão passeou pelo quarto, espantou-se com o
tamanho do closet, na realidade eram dois, um inteiro dela e outro dele.
Escolheu um vestido simples. “Estou em casa não
preciso me arrumar toda” – Pensou. Mas, ao virar-se levou um susto, Giana à sua
frente lhe informava que teriam convidados para o jantar, que deveria vestir
algo melhor. Contrariada Angela aceitou o conselho da camareira. “Só me faltava essa, ter alguém escolhendo o
que devo vestir! ”, resolveu não criar problema, mas negou-se a usar as joias.
Usava apenas a aliança, o solitário e pequenos brincos. Ao sair do quarto olhou
com mais atenção a casa, a sala, a mobília ... “Meu Deus! Nunca imaginei que me
casaria de novo, ainda mais com um milionário”. Sentou-se na sala de visitas no
momento em que Armando chegou e se sentou ao seu lado: “Você está linda, minha
querida! Faltam-lhes joias, este é um encontro de negócios você tem que estar
sempre bem adornada, no cofre tem tudo o que você precisa”.
Quando ela ia perguntar sobre os convidados, tocou a
campainha e ele se levantou. “Venha, vamos recebê-los, querida”. Era um casal e
dois homens, poucos minutos depois, outro casal. A sorte é que todos falavam
italiano, e ela já estava acostumada com o idioma. Todos se instalaram na
segunda sala de visita perto da sala de jantar. Discretamente, os homens
acabaram se reunindo num canto mais reservado, e as mulheres em outro. A
conversa foi fluindo, com aperitivos servidos seguidamente. Angela manteve-se
altiva deixando transparecer ter tudo sob controle. Durante o jantar a conversa
diversificada deixou o ambiente mais agradável e correu tudo bem. Em seguida, Armando
pediu desculpas para as senhoras presentes e levou os homens para o escritório
pedindo que o garçom os servisse lá. Não foi fácil para Angela entreter as
senhoras, mal às conhecia, mas desempenhou seu papel da melhor forma que pode.
Finalmente, após três horas e meia os convidados se
retiraram. O alivio dela foi grande. Foi um enorme desafio. Foram para o quarto,
ela estava cansada, e ao deitar-se perguntou quem eram os convidados. E, para
seu espanto ele respondeu: “São pessoas do meu interesse profissional, que você
não precisa se preocupar, procure fazer o seu papel de esposa à altura, com a
máxima discrição e elegância, é só o que você precisa saber”. Aquilo a magoou
muito, percebeu nele uma dolorosa mudança, a prepotência ressaltada naquela
fala, justo a prepotência, o que mais detestava num homem. Apesar de muito
amoroso quando estavam à sós, demonstrando incansavelmente o quanto a amava, ele
tinha um lado intocável que o fazia reservado o tempo todo. E, sobre as tais
reuniões de negócios em casa ou fora, que ela nada sabia do que se tratava, que
não podia perguntar, pois teria uma resposta grosseira. Isso começou a levantar
nela uma suspeita de que haveria algo duvidoso.
Após aquela semana ela usou outra tática, “Você já é
aposentado, por que tantas reuniões de negócios? Quando poderemos voltar para o
Brasil? A resposta dele a assustou: “Tão cedo não poderemos voltar, estou
envolvido em altas negociações e não posso me ausentar, ficaremos aqui por
enquanto”. Quieta, Angela não respondeu. Tinha decidido pesquisar na cidade
sobre ele. No dia seguinte com o pretexto de que precisava de sapatos, foi à
cidade fazer compras, tentou dispensar o motorista, mas Armando não deixou. Isso
criaria dificuldade, ela queria liberdade para fazer perguntas, já que agora
dominava melhor o idioma.
Não teve jeito, foi com o motorista. “Como é incrível
a fidelidade e lealdade dos empregados para com o Armando! ” Era algo que parecia submissão canina. “Tenho
que tomar cuidado”. Pensou.
O centro estava cheio, havia muitos
turistas movimentando as lojas. Ela entrou em várias lojas, comprou dois pares
de sapatos, mas não teve nenhuma chance de fazer perguntas, todos sabiam quem
era ela, era tratada com certa reverência, o que, mais uma vez a deixou
surpresa. Tudo a fazia lembrar-se de um filme sobre a máfia italiana, que tinha
assistido no Brasil. Isso foi deixando-a cada vez mais apreensiva. Dois meses
se passaram, ela cada vez mais desconfortável com a situação. Apesar de muito
carinhoso, sabia que ele enrolava sobre a volta ao Brasil. Uma noite, na cama, após
fazerem o amor com muita paixão, ela contou que seus filhos pediram que ela
fosse passar o Natal com eles no Brasil. Ele respondeu que estava muito cansado,
que no dia seguinte conversariam. Mais uma vez Angela ficou quieta, aquilo a
estava corroendo. “Estou de novo escrava de marido e não era isso que desejava
para mim”.
Os jantares de negócios aconteciam todas as semanas,
e as saídas dele também. Numa viagem de três dias que ele faria, ela aproveitou
para investiga-lo, decidiu descobrir no escritório algo sobre os seus negócios.
Com o coração aos pulos, tentou abrir a porta. Estava trancada. “A governanta
deve ter a chave”. Perguntou sobre a chave, e a reposta deixou-a intrigada, ela
não tinha, só entravam lá para limpar com a presença dele. Angela não se conformava,
estava decidida a descobrir com quem havia se casado. Saiu para o jardim deu a
volta e alcançou a janela do escritório, mas também estava trancada. “Inferno!
” – Bradou ela.
Apesar de tudo, a sorte parecia estar do
seu lado, Armando retornou da viagem antes do esperado, e estava ao telefone no
deck da piscina, quando ela, escondida pela cortina, conseguiu ouvir a
conversa. Dizia ele que a encomenda estava quase pronta e iriam embarcá-la no
dia seguinte. Confirmava a mercadoria, rifles, metralhadoras, munição. Angela
ficou tesa. “Ele é traficante de armas, essa é a fonte de riqueza dele!”. Para
ela a vida havia desmoronado.
Antes que ele a percebesse, ela voltou para o sofá
fingindo ler um livro. “Tenho que voltar para o Brasil o mais depressa possível,
não saberia viver com esse tipo de homem, eu o amo, mas tenho medo dele” - Pensou.
Numa noite tranquila, ela disse, “Já
que não pode viajar por causa dos negócios, eu vou sozinha ao Brasil, quero ver
meus filhos, estou morrendo de saudade deles, quero conhecer minha neta que
acabou de nascer”
Ele a olhou com um olhar frio
e purulento, respondeu que não a deixaria viajar sozinha, isso não seria
possível, ela que esperasse quando ele pudesse. Ela não se conteve. Mostrou-se
revoltada, e respondeu à altura: “Vou sim, não preciso de sua aprovação. Eu vou!
”
Começaram a discutir, ela mantendo sua
decisão, e ele alterando a voz quase aos gritos. Num gesto agressivo ele chegou
a levantar a mão, mas segurou-se e, foi dormir no quarto de hóspedes. No dia
seguinte após uma noite mal dormida, chamou Giana, que começou a arrumar as
malas de Angela. “É o fim!” Pensava ela entre uma lágrima e outra.
Giana tentou convencê-la a não viajar, dizia que não
era bom contrariar o patrão. Mas, Angela, decidida telefonou para agência de
viagem e comprou passagem só de ida para o Brasil. Almoçou sozinha, pois ele
não apareceu. No final da tarde chamou o motorista que a levou para o aeroporto.
Ele também tentou convencê-la a não ir, mas ela estava decidida, inconformada,
sentia-se enganada, traída, “não me casei para viver com medo o pouco que me
resta da vida”.
Os filhos não sabiam que ela
chegaria. Ela não os avisou para não ter que dar explicações. Após doze horas
de vôo chegou ao Brasil respirando o cheiro brasileiro, aliviada, sentindo o
gosto da liberdade, foi direto para seu apartamento, não tinha percebido o quanto
gostava dele. Tudo estava próximo, tanto conforto. Pôs as malas no quarto e
ligou para os filhos. Eles ficaram surpresos. Duas horas depois chegaram todos,
inclusive a nova neta. Angela sentiu-se renovada com a pequena netinha. Pediram
pizza. “A pizza daqui é mais gostosa que a pizza italiana” - disse ela sorrindo. Ficaram horas conversando e tomando cerveja. Ela
não contou a verdadeira razão da sua viagem.
Na primeira semana não ligou para Armando e nem ele a
procurou, mas sentia saudades dele, o coração apertava quando pensava nele, “Nossa,
estou de verdade apaixonada, mas não sei viver com meias verdades ou
desconfianças, prefiro sofrer agora e viver a velhice em paz”. Alguns dias
depois, estava ela fazendo café quando ouviu a campainha. “Meus filhos, tão
cedo!” – Pensou. Mas não era. Lá estava
Armando. Ela ficou sem palavras. Teve medo de jamais ter esta sensação de novo.
Ele parecia sereno, entrou, pôs as malas no chão e, a agarrou em um abraço
apertado, beijando-a com paixão de quase sufocá-la. Quando conseguiu respirar,
atordoada e cheia de amor, vendo aquele que amava, não suportou a emoção e
chorou ao mesmo tempo de alegria, saudade e medo. Conseguiu se desvencilhar
dele para fechar a porta: “Você veio! ” E sentou-se no sofá ainda chorando. Ele
com toda a calma, segurando suas mãos: “Não conseguia trabalhar nem dormir de
tanta saudade, primeiro fiquei com raiva, por você não me obedecer. Mas, depois
com a falta que você me fez, ponderei o quanto você estava certa, eu devia mesmo
respeitar a sua vontade, você realmente precisa me conhecer. Te amo Angela, não
consigo imaginar minha vida sem você, te peço, volte”.
Ela respirou profundamente, contando-lhe sobre suas
suspeitas, sobre o medo que sentia de que aquilo fosse mesmo verdade, que havia
ouvido as negociações dele ao telefone, que teve muito medo de não poder voltar
a ver sua família. Ele a ouviu, responderei tudo o que você quiser. “ Não. Não sou
traficante de armas, Angela. Também não pertenço à máfia, isso jamais. Sou
consultor do governo italiano, cuido da área de segurança, realizo negociações
secretas para o governo. Sendo aposentado do exército, mas na ativa da
segurança nacional do meu país. É por isso que devemos ser discretos, entende?
” Angela agora estava mais tranquila depois dessas explicações. Passaram o dia
entre o quarto e a cozinha, um idílio total, até o cansaço tomar conta de
ambos. Dormiram juntinhos, o sono dos justos. No dia seguinte no café da manhã
Armando confessou que não podia morar direto no Brasil, mas vou te colocar a
par de tudo. Na verdade, gostaria de propor que morássemos oito meses na Itália
e os outros quatro no Brasil, o que você acha da ideia? E mais uma coisa, querida,
lá na Itália, tentarei te deixar o menor tempo possível sozinha.
Angela não conseguia usar a razão, a voz do coração estava
de novo falando mais alto, e ela aceitou, certa de que não seria monótona sua
vida, e com a certeza de que seria feliz.
A DE TOMMASO, sempre muito interessada em acompanhar
as atividades culturais, patrocinou a premiação para este
romance vencedor, uma mala de viagem para a Antonia viajar,
e aproveitar a vida.
Adorei o premio e agradeço ao patrocinador De Tomasso é um grande estimulo, boas festas obrigada
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