O verdadeiro espírito do Natal - ANTONIA MARCHESIN GONÇALVES

 


O verdadeiro espírito do Natal 

ANTONIA MARCHESIN GONÇALVES

 

                Minha amiga Sonia sempre foi amorosa, adolescente ajudava as pessoas de rua, atormentava a mãe até conseguir um agasalho ou prato de comida. Crescemos juntas, na época ela era vizinha de casa, eu admirava a sua vontade em ajudar todos. No Natal era quando mais ela demonstrava a sua solidariedade e amor com os mais desfavorecidos, dizia sempre que ser injusto tantos brinquedos para alguns e nada para outros. O sonho dela era fazer um Natal farto para as crianças do orfanato.

                Começou a frequentar e ajudar vários orfanatos até casar. Seu marido tinha o mesmo conceito de ajuda aos mais pobres e se davam muito bem. Já com dois filhos, faziam as visitas quinzenais aos orfanatos, quando um dia no orfanato que mais ajudavam, tiveram a surpresa da vinda de três irmãos, dois meninos e uma menina, dez, oito e seis anos. Desnutridos e se aconchegando um no outro, medrosos e desconfiados. Foi amor à primeira vista. Sonia, Ernesto levaram os filhos às visitas para incentivarem a se doarem também, se encantaram com os irmãos.

                Ficaram sabendo que o pai havia morrido de alcoolismo e a mãe os deixou lá dizendo que fossem dados para adoção, ia sumir no mundo, assim contaram. Com a autorização da entidade levaram os três para casa, me ligou contando toda feliz e completando que passariam o Natal com sua família. Sempre no Natal eu levava lembrancinhas para a família, desta vez ela pediu que não levasse nada para eles e sim para os irmãos, pois precisavam de tudo e me mandou a foto deles, bonitos a menina tinha os olhos verdes, mas as expressões eram de tristeza. Os preparativos para o Natal estavam a todo o vapor, chegou a contratar um Papai Noel profissional, para que o espírito natalino ajudasse a transformar aqueles corações. O mais importante foi terem contado a história do nascimento de Jesus. À medida que armavam o presépio foram contando a realidade do Natal, ensinando que o maior homenageado no Natal era Jesus que veio para nos salvar. Contou que nasceu num estábulo de animais protegido por eles quem o aqueciam e o universo o recebeu com muitas estrelas cadentes, anunciando a sua chegada, como se o céu tivesse em festa. A família foi à missa, voltaram e encontraram o Papai Noel já na porta à espera, fui junto e não me contive de emoção quando os vi ganhando presentes da mão do Papai Noel. Os olhinhos brilhavam igual às estrelas, foi lindo. Lógico que Sonia e a família conseguiram adotar os três, dando educação amor e carinho familiar.

                Esse para mim é o verdadeiro espírito de Natal.

                               


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