SONHO
GULOSO
Sérgio Dalla Vecchia
Amigos, vinho e muita
conversa. O jantar, risadas soltas, mais vinho e gran finale estrelando uma deliciosa
sobremesa.
Era tudo que minha mente
lembrava, respondendo ao esforço do estômago na digestão de tanto alimento,
revirando na cama, ainda digerindo os prazeres do lauto jantar.
O sal de frutas vestiu
como uma luva, nas mãos garrudas dos ácidos estomacais. O alívio chegou aos
poucos. Uma sensação de felicidade tomou conta de mim.
Adormeci e logo iniciou-se
um sonho para lá de estranho.
Sonhava com inúmeros tipos
de plantas, flores multicoloridas e água em abundância circulando por riachos
serpenteando pelo exuberante jardim, transmitindo frescor por todo o ambiente.
O sonho se avolumava, o
jardim crescia em todas as direções, mais plantas surgiam, flores cada vez
maiores exalavam um perfume inebriante, que me faziam transcender além do
próprio sonho.
A madrugada avançava e o
sonho transformou-se numa imensa boca, ávida por alimento que mastigava
vorazmente as plantas e flores, enquanto sorvia água dos riachos. Em frenesi
persistia em consumir todo o imenso jardim até o ponto de fartar-se e empanturrada, transbordou-se como um vulcão em
erupção.
De um pulo alcancei o
banheiro. Atônito olhei para meu corpo, e o lamentável estrago da gula se fez
presente.
O corpo desfalecendo, a
cabeça girando entrei no chuveiro.
Enquanto
a água morna escorria pelo corpo, entendendo o recado dado pelo sonho, vesti a
carapuça e num ato passional, prometi a mim mesmo iniciar mais uma dieta infalível
das próximas Segundas Feiras.
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