O MISTERIOSO PASSAGEIRO
Romano
(Amateur Master)
A nau cruzava o
Oceano Atlântico, empregando força total. Velas infladas, curso normal, mar calmo
de acordo com o vento. Navegando assim, chegariam como previsto no Porto Seguro
para novo abastecimento.
No cesto da
gávea o Grumete quebrou o silêncio, anunciando com o cone, abrindo os pulmões:
— Nau a vista!
Movimentou a
tripulação desacostumada a encontrar veleiros nessa rota.
— Nau a vista,
repetiu. A Bombordo! Céu nublado.
Marinheiros que
haviam embarcado um importante clandestino, desgarrado que conseguiu embarcar
pagando bem, entraram em estado de alerta. Não contavam com surpresas na
travessia. Pelo pagamento o homem devia ser muito importante, ou algum fugitivo
muito procurado.
Soa o sino de
silêncio com insistente repicar. Entra a voz do Grumete:
—Nau fura nebulosidade, entra na nossa rota.
Posiciona-se em posição de ataque. Não hasteia bandeira.
A tripulação,
desordenadamente se movimenta, procuram se posicionar para a defesa.
Mostravam
valentia, ninguém tinha medo da morte.
Quando a Nau de
Magalhães chegou, distante cinco milhas, o alvoroço tomou conta do convés.
Gritos de valentia, mensagens de ordem misturavam-se aos choros, lamentos e
medo.
O possível
inimigo recolheu velas, sinal de eminente ataque. O Grumete desceu muito
rápido, deslizando entre cabos e lonas. Quem viu achou ter despencado. Era
místico acertar nele o primeiro disparo.
Quando a distância
entre as Naus os separava em aproximadamente duas milhas, o visível inimigo
hasteou a bandeira branca.
A quebra da ansiedade, trouxe no rosto de cada um,
maravilhosa expressão de alivio, sentimento de prazer e um gosto de um futuro
vencedor.
A embarcação
aproximou-se, trocaram cabos de contato, puxaram até o agarro.
Dos aposentos,
sobe para o convés o passageiro misterioso. Apruma-se frente aquele imponente
galeão.
Quatro importantes pessoas aguardam seu embarque. Na
frente o Corneteiro Lopes, um passo atrás, Maria Quitéria e ao lado João das
Botas.
Vibram os sons
da corneta, o mar é tomado por palmas.
Movimenta-se e adentra no galeão visitante, o glorioso
Marechal, herói da guerra desconhecida da Bahia. Guerreavam em defesa da nossa
Independência.
Corria o ano de
1.822 e a Independência era reivindicada por todo Brasil.
O Corneteiro Lopes tornou-se arrojado, quando na
batalha errando o toque de “recuar” tocou o de “avançar cavalaria”. Em seguida
“degolar”. Os portugueses eram em maior número, mais equipados, e certamente
venceriam. Mas diante do que viram, bateram em retirada.
Muito bom...quero mais...
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