1000 MILHAS HISTÓRICAS BRASILEIRAS EM BALANÇO - Vera Lambiasi



1000 MILHAS HISTÓRICAS BRASILEIRAS EM BALANÇO
Vera Lambiasi

Classificação geral: 3º lugar Goi e Wagner, de Mini Cooper, 2º lugar, Stickel Pai e Filho, de Mercedes. E primeiríssimo lugar Rogério Franz e Mario Nardi, de Mercedes 280 S, 1969, tricampeões, um estouro de dupla!

Pronto, já sabem o resultado, podem ir para as fotos. Mas menina, como estavam bacanas essas mil milhas…

A farra começou na tarde de terça-feira, dia 23 de junho, no estacionamento descoberto do Iguatemi. Vistoria dos carros em parque fechado para os competidores, e meu maridinho Edu, diretor de prova. Desta vez não participámos de carro antigo, não se pode querer tudo, né. Fomos de Toyota Hilux SW4, gentilmente cedido pela montadora, chique. Como Diretora Social do MG Club do Brasil, recebi os convidados para um coquetel oferecido pelo shopping. Tirei umas fotinhos, mas muito bem assistida pelo mago da fotografia automobilista, Claudio Larangeira. Juntos com o assessor de imprensa, Otazú, fizemos um trio e tanto. O trabalho correu facinho pelos 6 dias, e uma noite, aquela … Acabada a peruagem, digo vistoria, foram todos colocados para dormir, automóveis, pilotos e navegadores.

Partida para a 1ª etapa
Largada às 7hs, no Iguatemi, debaixo de chuva. Sabe que estava bonito? So British! Café da manhã, brindes, matula, saímos todos felizes pela Bandeirantes, rumo a Poços de Caldas. Alguns se perderam, quebraram, trocaram de carro, esqueceram a carteira. Bem feito! Falta de atenção, com a jóia, que deveria estar nos trinques nesta altura, com a planilha, que já se suponha estudada, e os seus pertences. Levam tantas ferramentas. Almoço no Palace de Poços, que agora chama-se Carlton. Viagem no tempo pela decoração art decô, e comidinha mineira deliciosa. Mais estrada, agora para Águas de Lindóia. Maurício e Carolina já eram sucesso absoluto no percurso com a sua Romi-Isetta, Bombinha, quando a coitadinha arreou. Comoção no acostamento, a equipa da Fox, que cobria a prova, quase chora de pena. Marx não teve dúvidas, despachou a Isetta para São Paulo, e mandou vir um Porsche 914, com o qual terminou a prova. O Hotel Villa di Mantova recebeu a turma super bem, que vista mais linda da região das águas termais. O jantar de confraternização já trazia os primeiros resultados. Os gaúchos saíram na frente, perseguidos pelos paulistas.

2º Dia foi duro!
De Lindóia para Angra dos Reis, uma senhora pernada nos aguardava no 2º dia. Depois da parada para almoço na Bica do Curió, o restaurante mais kitsh do mundo, a prova teve um de seus momentos mais emocionantes, a descida da serra de Taubaté. Garoa, neblina, cotovelos, era preciso registrar aquelas imagens inacreditáveis, por mais perigoso que fosse estacionar naquelas ribanceiras. MG, Jaguar, Ferrari, Austin-Healey, BMW, Porsche, Mercedes, Alpine, Mini, Volvo, Puma, até Fusca! (Esta é para provocar o Pimenta, que arde de raiva quando seu Volkswagen é discriminado. Temos o maior carinho por ele, relax). Que qualidade de marcas e modelos neste rallye, impressionante. Paradinha de abastecimento na Rio-Santos, uma das costeiras mais admiradas da terra, e chegada no Meliá Angra. Pôr-do-sol, jantar e cama

Do Litoral à serra!
Como é gostoso acordar cedinho no litoral, com aquele cheirinho de maresia, inebriante … mas era hora de tomar café e largar. Fazia sol na praia e tivemos que partir, subindo a Serra de Lídice, com os seus túneis de pedra. Escuros, é pura magia, cheguei a ver Cecil Kimber espreitando. Será? Ou foi a caipirinha da véspera?

Almoço de fogão à lenha em Visconde de Mauá, numa altitude de 1.300 m, os antiguinhos rebolaram na subida de curvas recém-asfaltadas. Daria para passar a semana no Hotel Mauá Brasil, luxuoso, descontraído e charmoso. As navegadoras quase pediram asilo, mas estes pilotos têm a mania de cronometragem. “Está na hora”, bradavam os infelizes. Ainda houve tempo de consertar o cabo do acelerador do Puma dos franceses. Oh-là-là !!! Comemoraram. A única pilota da prova foi a Rose, brava guerreira, com o seu Austin-Healey acatava as ordens do marido Hervé, francês também. O carro parou um bocado, mas o casal ganhou o prémio fashion look. Mais fotogénicos, impossível. Descida de Mauá, subida para Caxambu, em Minas Gerais. Estradinhas por florestas, vendinhas de cachaça, queijo e doce de leite pelo caminho. Nesta hora é bom não ter tempo verificado, dá para fazer umas comprinhas. Chegada festiva no Hotel Glória em Caxambu. Amplamente divulgado pela imprensa local, a cidade pára para ver as 1000 Milhas, emocionante.

Drinks na piscina, no bar, no restaurante. Participantes inflamados com os resultados parciais. Já se conhecem bem, se abraçavam depois de tantas degustações. O restaurante decora as mesas com carrinhos de brinquedo, e lá pelas tantas, vê-se sérios executivos balbuciando vrum … vrum … apostando corrida.

Na mesa da sobremesa o itinerário do rallye, feito de grãos de arroz, com os nomes das paradas em plaquinhas. Estrangeiros desavisados perguntavam qual era o doce caxambu. Muitas risadas e gozação para cima dos gringos, que levavam tudo na desportiva.

Destino: Campos de Jordão
Sono profundo no hotel antigo mais legal do passeio, para largar (de novo!) bem cedinho rumo a Campos do Jordão. Brunch requintado no Le Bistrô, de Quiririm, e subida para a nossa Suiça brasileira. Só que não neva. Hotel Blue Mountain à tarde, o sol se pondo, piscina aquecida, conforto de apartamento 5 estrelas. Descanso rápido, para a temida Noite do Saci, às 18:30 hs. 7 graus lá fora, alguns carros conversíveis, capricho na roupa de inverno. Era hora de vestir todos os agasalhos da mala.

Os portugueses Maria Lucia e Alexandre Calheiros, de MG C GT, não se intimidaram com a escuridão, meteram uma lanterna na cabeça da co-pilota e lançaram-se a desmembrar os caminhos da Pedra do Baú. Noite estrelada de lua crescente encantava nossos descobridores. Muito divertimento e poucas fotos, diante do breu. Um susto a cada passagem de faróis. Sem percalços, chegaram todos de volta, depois de 100 km, para o jantar.

O clima de despedida já tomava conta dos amigos, alguns veteranos, outros recém-adquiridos. Gaúchos, paulistas, franceses, portugueses, italianos misturavam as suas línguas e sotaques. Brincadeiras com os que enjoavam, vomitavam, ou coisa pior. Comida mineira tem muita carne de porco, linguicinha e torresmo, desarranja mesmo. A última noite seria de ganhar folego para a etapa final na manhã seguinte. Mas quem conseguia dormir, com tanta adrenalina? Garçon, mais vinho!

“Bonjour mes amis”!
Yves, o navegador francês, acordou disposto distribuindo “Bonjour, bonjour, bonjour”. Alexandre, o português, só dizia “Obrigado, obrigado, obrigado”. O MG dele, acabado de ser restaurado na R&E, comportou-se com louvor, graças a Deus. Saímos de Campos direto para São Paulo, último trecho cronometrado. Um pouco de trânsito e chegada em grande estilo no Iguatemi. Famílias esperavam os seus heróis. Amigos queriam ver se era verdade aquele rallye. Uma multidão ovacionava os carros sujos daqueles malucos que se puseram a fazer esta prova de regularidade e resistência. Champagne, comidinhas e conversa fiada à espera dos resultados e entrega de prémios.

O pódium imponente do Zé Ricardo, aguardava os números do Décio. A equipa afinada, estava orgulhosa da organização da 4ª Mil Milhas. O MG Club está de parabéns. Obrigada aos patrocinadores. Troféus para pilotos e navegadores, 3 primeiros de cada categoria. E taças aos 3º, 2º e 1º da geral.

Alegria sem igual, ano que vem tem mais.

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