JUSTIÇA
COM AS PRÓPRIAS MÃOS
Antonia Marchesin Gonçalves
Valdomiro era um homem grande e forte,
trabalhador, ótimo vendedor. Trabalhou
na mesma empresa por trinta e cinco anos, e com seu sotaque português conquistava
muitos clientes. Mas, o que pouco sabiam era que ele era um excelente caçador e
pescador, sempre alegre tinha a sua turma que acampava no Pantanal para esse
hobby. Voltavam com o freezer cheio de peixes, alguns bem grandes, que
distribuíam até para os amigos da cidade. Ele tem um troféu especial, a pele
inteira de uma cobra sucuri de mais de oito metros que mostra com muito orgulho.
Mas o que as pessoas não sabiam é que
ele era um homem com coração de ouro, sensível e que ajuda todos que pode.
Morando numa tranquila rua no
interior, à noite com o silêncio da madrugada, ele e a esposa ouviam seu
vizinho bater à mulher. Acordava quase todas as noites com os gritos de dor e o
choro dela, junto com os palavrões dele. Inconformado, com o sangue subindo
pelas ventas, como dizem no interior, não podia fazer nada, a não ser no dia
seguinte a esposa consolar a vizinha.
Essa tinha a sogra idosa que a ajudava
e sofria junto ao ver o filho bêbado bater na mulher e os três filhos pequenos
que se encolhiam chorando ao verem que mãe que apanhava. Certa noite Valdomiro
não suportou, de pijama atravessou a rua, entrou porta dentro da casa da
vizinha, invadiu o quarto, pegou o bêbado pelos ombros o encostou na parede
deixando o fulano com os pés balançando, tamanha força que usou e tinha.
Ameaçando disse a ele; não te dou uma
surra senão te mato, mas se de novo eu escutar a tua mulher gritar você vai
sentir na pele o que você faz ela passar, seu cafajeste! E o largou. O fulano
caiu sentado no chão assustado sentindo que escapou de quase ser morto.
Nunca mais Valdomiro escutou os gritos
da vizinha, apesar do marido continuar chegando bêbado quase todos os dias até
morrer este ano.
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