AJUDA DIVINA
Sérgio Dalla Vecchia
Quando se passa pela atual
Rua Quintino Bocaiuva no centro da cidade de São Paulo, sente-se na pele a
vibração da arquitetura urbana acompanhada de uma certa nostalgia. Talvez por
entender que a história ali é presente. Assim sem nos darmos conta somos
induzidos a relembrar o passado, seus acontecimentos, fatos e curiosidades de
tal vivido local.
Em pesquisa tivemos a
oportunidade de conhecer a pitoresca história desse antigo local datado de
1765.
A Logradouro inicialmente
chamou-se Rua Do Padre Tomé, em homenagem a ele como morador muito conhecido,
de nome Cônego Tomé Pinto Guedes.
Logo depois recebeu o nome
de Rua da Cruz Preta, o motivo foi a cravação de uma enorme Cruz de madeira
pintada na cor preta. Na esquina da Rua da Freira (atual Senador Feijó ).
Após a visita da Família
Real em São Paulo no ano de 1916, ela passou a ser chamada de Rua do Príncipe.
O mais romântico dos tantos
fatos que ali ocorreram destacou-se o do estudante que para conquistar a
qualquer custo a cobiçada moça que residia no sobrado bem onde foi instalada a Cruz
Preta, fez um plano arrojado de ataque.
No princípio, tímido
ajoelhava-se ao pé da Cruz como se rezasse. Deus entendeu, pois sabia que o
motivo não era aquele! E assim foi se aclimatando até que ela abriu a janela.
Feliz da vida escalou a Cruz e próximo da escolhida cantou uma serenata empoleirado.
Assim, de serenata em
serenata, pulou para o quarto da moça!
Foi um amor relâmpago conquistado
à duras penas, mas abençoado por Deus pela conexão do casal através da Cruz.
Quando o pai da moça soube
da aventura, obrigou o seresteiro a casar-se imediatamente e assim foi feito!
Entretanto para finalizar a
história, estudantes despeitados por terem perdido a musa da rua, certa noite
arrancaram a bendita Cruz e a jogaram no córrego Anhangabaú.
Não demorou muito para ela
ser encontrada nas águas do córrego,
perto da ponte de Lorena, por um morador da Ladeira do Piques.
Ele, com outros devotos
acabaram edificando uma Capela no Largo do Piques, que ficou conhecida como
Santa Cruz do Piques e durou até 1930. Constituindo um final honroso para a
merecida Cruz!
Foram fatos da minha querida
São Paulo antiga.
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