VERDADE
QUE DÓI OU MENTIRA QUE CONFORTA
Ledice Pereira
Vânia
acordou suando, outra vez o mesmo pesadelo. Aquilo tornara-se recorrente.
Respirou fundo. O despertador marcava quatro horas da manhã. Revirou-se na cama
sem conseguir pegar no sono novamente. Na verdade, o medo de sonhar outra vez
fazia com que lutasse para não dormir.
Levantou-se,
dirigiu-se à cozinha, preparou um café bem forte. Podia sentir o descompasso
das batidas de sua pulsação.
Não
aguentava mais. Desde que se omitira sentia-se assim. Aquilo estava fazendo-lhe
mal.
Devia
ter falado a verdade. Mesmo que doesse seria preferível do que confortá-la com
uma mentira. A mãe sempre lhe dissera que a mentira tem perna curta. Era disso
que tinha medo. Se Genoveva descobrisse, a amizade de ambas iria por água
abaixo.
Como
poderia consertar aquela situação?
Tinha
vontade de telefonar, marcando um encontro, mas Genoveva costumava dormir até
tarde.
Deixou
passar as horas. Isso a fez perder a coragem novamente.
Apenas
ela sabia da verdade.
Jurava
que sua omissão fora para que a amiga não sofresse, mas isso estava custando um
preço muito alto. Ela estava a ponto de enlouquecer.
Precisava
se abrir com alguém, mas quem?
Ao
menos assim o segredo estava guardado a sete chaves. Dividir com alguém seria
dar chance ao azar.
O
dia começava a clarear. Resolveu sair para caminhar. Precisava esfriar a
cabeça.
Estava
tão absorta que não viu o carro em velocidade. Foi jogada do outro lado da rua.
Nem percebeu
quando a colocaram na ambulância em estado crítico.
Genoveva
soube do ocorrido e correu para o hospital para ver a amiga querida.
A
fratura no maxilar exigira muita habilidade dos cirurgiões que tiveram que
imobilizar a parte afetada por tempo indeterminado.
Segredo dói, principalmente quando se está propenso a conta-lo, dai costuram sua boca..
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