BIBI, o JABUTI - Sergio Dalla Vecchia

 



BIBI, o JABUTI

Sergio Dalla Vecchia

 

Era uma vez um jabuti que vivia em um grande quintal de um sobrado. Chama-se BIBI, nome escolhido pelo pai dos meninos que fez uma analogia do formato do casco com um quepe dos soldados apelidado de bibi.

Nesse quintal havia um galinheiro, muito bem construído com telas de arame, dois ninhos e alguns poleiros sob uma cobertura. Mais ao fundo havia também um aquário, onde peixinhos de várias cores nadavam tranquilos para lá, para cá, balançando suas longas caudas. Vez ou outra a porta do galinheiro era aberta para as galinhas saírem e ciscarem na grama saboreando larvas e insetos apetitosos. Existia também o Pingo, um cachorro Basset que recebeu o nome de Pingo, pois tinha as cores preta e bege, lembrando o leite pingado com café. O quintal era uma alegria só, com a bicharada toda interagindo ao som dos canarinhos do pitoresco viveiro ali existente.

Assim era a vida de Bibi. Por ser solitária fez amizade com as galinhas, aproximava-se delas com o pescoço esticado, balançando de um lado para o outro chamando as amigas para brincar. Assim passavam bons momentos.

Certo dia um garoto vizinho trouxe um quelônio um pouco diferente da Bibi e dizia que ele sabia nadar. A molecada incrédula fez logo um teste colocando-o no aquário. Na mesma hora ele saiu nadando, para surpresa dos meninos. Um olhou para o outro e tiveram mesma ideia de colocar a Bibi também na água.

Glub, glub ...foi o que ouviram quando Bibi foi direto ao fundo! Imediatamente foi retirada e por pouco não morreu afogada.

Arrependidos e desconfiados, começaram a comparar os dois quelônios, cascos, dimensões, peso e patas. Examinaram com mais detalhes as patinhas do nadador e observaram que elas tinham uns formatos diferentes, eram menos arredondadas, esguias e possuíam membranas entre as garras, diferentemente das patas da Bibi, que eram roliças, pesadas e sem membranas. Daí a visitante por ter casco mais leve e patas com membranas conseguia nadar. Bingo! Aí estava o mistério.

No dia seguinte contaram para a professora o ocorrido e ela explicou que existiam várias espécies de quelônios, conhecidos genericamente por tartarugas.

A professora empolgada, prosseguiu descrevendo as espécies para os ansiosos alunos:

Quelônios são uma ordem de répteis que incluem as tartarugas, cágados e jabutis. Existem 14 famílias e 356 espécies espalhadas nas regiões tropicais e temperadas do planeta.

Tartarugas são os que vivem no mar e na água doce, possuem grande porte, morfologia aquática, portanto são excelentes nadadoras.

Cágados são os que vivem tanto na água como na terra, menores e esguios, como o que nadou no aquário.

Jabutis, vivem somente em terra como a Bibi, são pesadas e com morfologia própria para tanto. Não conseguem nadar.

Ao término da explicação improvisada ela prometeu aos alunos avançar na pesquisa das espécies nas próximas aulas.

Assim saíram todos felizes com expectativas para as próximas dias, tudo por causa de uma molecagem com a pobre Bibi, que felizmente sobreviveu e deve estar vivinha até hoje.   

A experiência valeu a pena, aguçou a curiosidade e os meninos nunca aprenderam tanto em tão pouco tempo!

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