Lina,
a árvore e o relógio
Adriana Frosoni
Lina era uma menina
encantadora e, como tal, as coisas à sua volta pareciam encantadas também. Ela
passava as tardes lendo na varanda da sua casa de paredes brancas, janelas
azuis e floreiras constantemente coloridas pelos gerânios. O gramado estava
sempre verdinho e não havia cerca na frente do jardim.
Quem passava pela rua e não
conhecia Lina, ficava intrigado. No meio de um jardim tão bonito havia uma árvore
horrível. Baixa e tortuosa, ela tinha galhos secos e raízes saltadas. Mas as pessoas do bairro que passavam por lá conheciam o
segredo da árvore e já nem a achavam tão feia assim: ela era mágica.
Lina vivia lendo para as
crianças que passavam por lá e, quando terminava a leitura, juntos eles
enterravam o livro embaixo de uma das raízes da árvore. Então ela tirava do
bolso um relógio, também mágico, que começava a brilhar intensamente. Entregava-o
para as crianças e dizia:
— Olhem para o ponteiro maior,
quando ele der uma volta completa no relógio, brotarão vários livros dos galhos
da árvore, um para cada um de nós. Assim, vocês poderão ler para outras pessoas
também.
Encantadas, as crianças
observavam o relógio engraçado, que tinha muitos ponteiros coloridos girando
desordenadamente. Mas ao final da volta do ponteiro maior, o relógio parava de
brilhar e os livros brotavam dos galhos da árvore. 0s olhos delas cintilavam; apanhavam
e abraçavam os livros e então voltavam para suas casas felizes e saltitantes,
cheias de imaginação, levando novas histórias para contar.
Um dia um homem muito
ganancioso descobriu o segredo da árvore e decidiu roubá-la. Ele pensava apenas
em reproduzir milhares de coisas e depois vendê-las. Numa noite fria e
silenciosa, ele pegou uma pá e foi tentar tirar a árvore do jardim de Lina. O
que ele não sabia era da existência do relógio e de que não era o primeiro a
tentar tal maldade. Quando ele deu o primeiro golpe com a pá, duas raízes
agarram seus pés e puxaram-no para baixo da árvore.
Na manhã do dia seguinte
Lina percebeu o relógio se agitando quando foi guardá-lo no bolso, abriu a
janela e viu a pá caída ao lado da árvore. Ela chamou seu pai e foram juntos
ver quem era o dono da ferramenta. Chegando perto da árvore ela tirou o relógio
do bolso, os ponteiros começaram a girar, ao final de uma volta completa vários
homenzinhos brotaram dos galhos da árvore e caíram de lá sozinhos, como frutas
podres. Imediatamente depois as raízes da árvore devolveram o homem, que estava
assustado e com os olhos arregalados. Então os homenzinhos levantaram do chão e
começaram a correr atrás dele, que fugiu sem olhar para trás.
— Papai, quanto tempo
mesmo eles vão correr atrás daquele homem? — Perguntou Lina.
— Até que ele aprenda a
lição e se arrependa da maldade que ia fazer.
Gostei muito da sequência, principalmente dos homenzinhos e do final
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