A
impotência humana
Ledice
Pereira
O fogo alastrava-se. O fogo
ia matando a vida que ainda existia ali. O fogo apavorava toda a gente do lugarejo.
impotente, pasma, aterrorizada, paralisada. Apenas os brigadistas tentavam
conter o fogo, aguardando os bombeiros. Mas labaredas escuras tentavam encontrar o céu.
Alguns, com o intuito de contribuir,
traziam pequenas vasilhas cheias d’água que mal davam para esfriar os gravetos
que estalavam. Os bombeiros tiveram dificuldade para vencer os obstáculos que
se interpunham entre eles e a fornalha. Custaram a chegar. Enquanto isso, o
fogo devorava tudo que encontrava.
Era um cenário de tristeza e
devastação. Impossível conter as lágrimas que insistiam em rolar, encharcando
meu triste semblante.
Meu coração pulsava tão
fortemente que parecia querer fugir dali para não mais sofrer.
Os animais fugiam,
pressentindo o perigo que corriam.
Alguns, mais lentos, recebiam
ajuda da plateia estarrecida.
Os bombeiros, ao chegar,
tentaram organizar a população que se aglomerava. Voluntários surgiram
oferecendo-se em ajuda.
Foram horas a fio, tentando
debelar as chamas. Helicópteros foram acionados, jorrando grandes quantidades
de água, assim facilitando o
trabalho e aumentando a segurança dos bombeiros em solo.
O cansaço me venceu e eu voltei para a pousada onde estava hospedada. O
banho morno aliviou um pouco minha tensão, amortecendo um pouco os músculos do
meu pescoço que teimavam em permanecer no controle, como se isso fosse
possível.
Naquela noite custei a dormir. Tive a dimensão da minha pequenez e da
impotência humana diante das forças da natureza.
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