Uma pedra diferente
Adriana
S. Frosoni
Bilu veio correndo desde a margem do riacho,
balançando o rabo e sem latir, logo Nino imaginou que ele trazia algo na boca e
estendeu a mão para ver o que era.
— Mais uma pedrinha para a nossa coleção? Esta é
bem diferente das outras, hein! Vou guardar no bolso para o papai não
ver.
O pai de Nino achava que pedras eram muito pesadas
para carregar, portanto, péssimas para colecionar. O menino estava aproveitando
o resto da tarde para brincar com o Bilu que não parava de esfregar a pata e o
focinho no bolso dele.
— Bilu, você está curioso para ver a nossa pedrinha
mais de perto, né? Mas temos que esperar um pouquinho…
Após comer os lanchinhos que a mãe trouxera para o
piquenique, Nino finalmente encontrou o que estava procurando; era uma clareira
um pouco protegida da vista do pai. Quando ele tirou a pedrinha do bolso e pôde
ver de perto, levantou-a até a altura dos olhos e tomou um susto, mas ficou surpreso:
era uma minúscula tartaruga e não uma pedra. Olhando
bem de perto, ele percebeu que ela era menor do que o morango que a mamãe
trouxe para o lanche. Passou o dedo pela
parte de cima do casco dela, sentindo as reentrâncias e saliências ásperas, com
os olhos vidrados na sua descoberta num misto de curiosidade e encantamento. Ela
era verde amarelada e tinha detalhes pretos, até este dia ele pensava que todas
as tartarugas era cor verde-escuro acinzentado, como nos livros.
— Olha Bilu, é uma mini tartaruga e vai se chamar
Tita. O que você acha? Vai morar na nossa coleção de pedras e a mamãe vai
convencer o papai a deixar.
Nino estava tão entusiasmado com a descoberta que
não conseguiu esperar chegar em casa e foi correndo mostrar à mãe, esquecendo do
risco de tomar uma bronca do pai. Tita estava apavorada, recuou dentro de seu
pequeno casco e esperou. Quando a mãe percebeu o que estava acontecendo,
orientou Nino para que a colocasse no chão e esperasse até que ela se sentisse
segura para emergir do casco. Depois de algum tempo, Tita apareceu trêmula e,
corajosamente, se encaminhou para o riacho.
Nino levou a mão para resgatá-la, mas a mãe abraçou-o
segurando Bilu pela coleira também. E docemente ela disse aos dois:
— Perceberam como a Tita está determinada a voltar
ao riacho? O que vocês acham que ela está procurando? — Como não obteve resposta,
continuou. — Eu acho que ela está indo encontrar a tartaruga mãe, que deve
estar desesperada para encontrá-la também.
Imediatamente Nino arregalou os olhos, soltou-se do
abraço da mãe e disse:
— Bilu, me ajude seguir a Tita até o
riacho, ela precisa achar a mamãe tartaruga.
— Que ótima ideia, filho! Fico orgulhosa quando
você protege os animais! Mas não demore muito, senão sua mãe é quem fica
preocupada!
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