MEMÓRIA DE AMOR
Antonia
Marchesin Gonçalves
Após alguns anos tive a coragem
de voltar ao nosso restaurante naquela estrada. Entrei devagar observando nossos
resquícios que ficaram por ali. Escolhi a mesma mesa. A garçonete me reconheceu,
educadamente me cumprimentou.
—
Vai querer o mesmo de sempre?
Aceitei o café, e vieram as lembranças.
Eu, datilografando
naquela máquina antiga da empresa, quando conheci você Alfredo, meu chefe. Foi
amor à primeira vista. Eu o vi através da janela envidraçada da sua sala, um
homem marcante. Bem diferente de quando nos despedimos pelo vidro do carro,
naquele dia de chuva, onde ficaram abandonadas as chaves no banco.
Como me lembro... Às sextas-feiras íamos ver
o pôr-do-sol com o nosso carro. Ali
tínhamos a liberdade de extravasar nossa paixão.
Este restaurante me traz nossa história. Quanta
saudade! Ainda mais quando olho para o relógio antigo no poste de ferro. Meu Deus, que coincidência! Ele marca
exatamente o horário de seu falecimento.
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