CIVILIDADE
MÁRIO
AUGUSTO MACHADO PINTO.
TEMA:
TRECHO DE DOM CASMURRO- MACHADO DE ASSIS.
“Uma noite destas, vindo da cidade para o
Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu
conheço de vista e de chapéu”.
Acenei
a cabeça em resposta e agradecimento ao seu cumprimento.
Interessante,
conheço outros de vista e nenhum me cumprimenta, nem eu a eles.
O
que pretende? Não pode ser só civilidade, ficar nisso e tchau e benção.
Nesse
instante o homem caminha entre os passageiros e vem em direção.
Olha
aí, tenho razão. Cara, você não sabe com quem está se metendo!
—
Boa tarde, senhorita. Se me permite...
—
Permitir o quê? Não permito nada, respondi enfezada, mas ele não ligou e
continuou:
— É
que tenho uma observação a fazer.
— Lá
vem o senhor com....nada, nada.
—
Olhe...
—
Estou olhando
Não
é nada demais, falou ele cortando minhas palavras.
—
Então, pode falar.
Foi
aí que lembrei que ele sempre fica me olhando com insistência quando acontece
de viajarmos no mesmo vagão. Até parece que fica me vigiando.
— É
que a senhorita viaja sempre com a bolsa aberta; pode ser roubada. Cuidado. É
bom fechá-la.
Ao dizer isso olhou para os lados.
— E, por falar nisso, passa pra cá seus pertences, o dinheirinho
todo. Bico calado porque senão já viu, né? Quietinha e calada! Rosnou baixinho
e grosso.
Coração
disparado, suando frio, dei o que pediu e desembarquei na minha parada. Ele
ficou no vagão.
Antes
de seguir viagem me cumprimentou de chapéu, e sorriu dando adeus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário