Imortal
Adriana
Frosoni
Laura e Miguel se conheciam de vista, e
havia algo inexplicável entre eles desde o primeiro encontro. Quando finalmente
saíram juntos, perceberam que o que sentiam ia além do presente, como se suas
almas já se reconhecessem de uma existência anterior. Laura, sempre sensível,
foi a primeira a se entregar, enquanto Miguel, firme e objetivo, encontrava
nela uma fuga de sua vida realista. Os primeiros anos foram intensos, com
conversas intermináveis e promessas silenciosas. Porém, o destino interveio. A
carreira de Miguel o levou para o exterior, e Laura, compreendendo sua própria
liberdade, não tentou impedi-lo.
O adeus foi silencioso, sem grandes
discussões ou despedidas. Antes de partir, Miguel presenteou Laura com um
jardim, construído ao lado da casa dela. Laura viveu uma vida completa,
casou-se, teve filhos, mas nunca deixou de cuidar daquele jardim, sempre em
memória do amor que viveram. Miguel, por outro lado, nunca se casou. Apesar do
sucesso, usava o sarcasmo como uma máscara para esconder o vazio que sentia.
Nas noites solitárias, pensava em Laura, imaginando o que poderia ter sido.
Quando soube da morte dela, Miguel
voltou ao jardim. Lá, encontrou esculturas e flores que desabrochavam em
sincronia com as estações, e no centro, uma escultura de dois corpos
entrelaçados, sem rosto, representando o amor eterno que Laura carregou. Ele
colocou uma placa com os dizeres: “Em outra vida seremos um.” Naquele lugar,
mais uma vez, o amor deles transcendia o tempo e a morte, perpetuado em pedra e
flor.
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