O BONDE E O CARNAVAL
Oswaldo Romano
O bonde
Perdizes/Lapa vindo pela São João, lotado até no estribo, tinha importante
parada na Praça Marechal Deodoro, onde eu me pendurava.
O
dia se ia, e nessa noite carregava na sua maioria, carnavalescos. Clubes da
longínqua Lapa, preparados com bolas, serpentinas e muitas luzes coloridas,
aguardavam os fantasiados e os levemente pintados para a folia.
Cornetas
nas sacadas, anunciavam as chamadas carnavalescas convocando os foliões.
Aquele
toque estridente, fazia com que as moças saíssem da sede dos sentimentos e
mostrassem a luz que escondiam dentro de si. Deixavam os rapazes atiçados,
elevando os pensamentos as alturas.
Nem
todos podiam pagar a entrada. Alguns que podiam, não tinham idade. O mesmo não
acontecia com elas. Meninas de treze, catorze anos maquiadas, esbanjavam real
beleza, provocando os porteiros que só podiam dizer: Entra coração!
No
salão aos poucos os tímidos e os impedidos desciam dos camarotes.
Em
festa você podia, no descuido, entrar no cordão como rompendo uma fita, segurar
na mão da que tanto desejava, e sorrir.
Narro só o
início. Com certeza você tem guardado muitas e muitas passagens, algumas tão
intimas, seguradas com sete chaves.
Viva o
carnaval do passado!
Viva as
cornetas das sacadas!
Viva o
confete, a serpentina, as sandálias, a mocidade.
Vivaaaa...Vivaaaa...Vivaaa...
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