JUVÊNCIO 0 BACANA - Oswaldo Romano

 

JUVÊNCIO 0 BACANA
Oswaldo Romano                                                                                              
                                                                                                   
         Nosso Juvêncio o Bacana conheceu Ceci e se entusiasmou com a nova namorada. Tinha somente 20 anos, e recém-chegado em São Paulo, com a polpuda mesada do pai, entretinha-se pela movimentada noite Paulistana. Sua família é do interior, moram em uma fazenda onde viveu ate então.

         Está demorando largar os costumes adquiridos, imagem logo visível nas suas atitudes. Era realmente engraçado. Pegava o ônibus com trejeitos como que alcançando o lombo do cavalo.

         Ela ria dos seus modos, mas como era seu primeiro namorado, filho de fazendeiro, um bom partido, pouco sabia da conduta dos homens apaixonados. Cavalos para ele era uma vida. Tinha-os como raios.

         Resolveu leva-la  para conhecer a fazenda e sua gente. Nessa viagem quis mostrar o sucesso que suas peripécias faziam junto a colonia. Em tudo mostrava uma grandeza irreal. A verdade foi que Ceci viajando para conhecer a família, ficou atenta na conduta do seu namorado, que prometia ser seu futuro marido.

         Mas seus modos a incomodavam. Tinha repentes de grandeza, e a maioria das suas atitudes eram inesperadas.

         No jantar, assustou-se quando ele junto aos seus, virou-se para a moça e disse com voz eloquente: — “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você”. Ceci ficou olhando-o, sem palavras. O pai interveio, e disse:         

É do Quintana, filho. Só que a hora não é própria para falar isso. Podemos conversar outras coisas...

         Ai extrapolou:

         — “A coisa mais cruel que se pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você, quando você tem dúvida de fazer o mesmo”.

Ceci ia se manifestar..., mas o pai interveio:

         — Filho, hoje você está bem inspirado, hem? Mas, filho, coisa que você decorou, não é próprio falar em certos momentos, nem sempre combina.
         — É verdade pai. Vou fechar esta boca maldita.

         Sua maior mania era vestir-se de Zorro. Quando o pai lhe deu o nome, não esperava que ao crescer levasse tão a sério. Na sua cabeça queria ser à sombra do Juvêncio, o homem que montava até de costas na narração da novela de sucesso, da antiga Rádio Piratininga.

         O pai percebendo essa tendência resolveu manda-lo para São Paulo, na esperança de que tomaria outro rumo. Ainda bem que lhe deu o nome de Juvêncio, pois, pensou chama-lo de  Jerônimo o famoso cavaleiro, herói do sertão. Ao invés de aparecer ali com a namorada, traria  provavelmente Canarinho, o Moleque Saci. 

         Ao findar a semana, Ceci que logo mais faria um ano de namoro, agradeceu a Deus o retorno e naquele mesmo mês, deixou Juvêncio cavalgando pela cidade. 
Percebeu que para ser feliz com ele, em primeiro lugar, deveria ficar o mais longe possível.

          Sua atitude foi oportuna: Antes tarde do que nunca.



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