Casa própria.
Adriana S. Frosoni
(Releitura
da música Construção
de Chico
Buarque de Andrade)
Entrou mais uma vez na fila com o olhar tímido.
Só pensava no futuro, parecia máquina.
Obstinado por um sonho que parecia sólido.
Preencheu a papelada como se fosse a última.
Acreditou naquele sonho que era algo mágico.
Respondeu à entrevista para uma voz flácida.
Flutuou na esperança como se fosse um pássaro.
Contou a sua vida como se fosse pública.
Confiou na sua sorte, pois parecia lógico.
Agarrou-se àquela ideia porque era a única.
Aguardou o resultado como se fosse o máximo.
A resposta negativa lhe arrancou uma lágrima.
Aceitou o seu destino como se fosse óbvio.
Foi bem recebido em casa onde havia música.
Agradeceu a Deus que o dia fosse um sábado.
Deixou o dinheiro do aluguel como se fosse o dízimo.