O alvoroço mental da Tina - Ledice Pereira

 

 


O alvoroço mental da Tina

Ledice Pereira

 

 

Tina, mulher de sessenta e poucos anos, aparentando muito mais, pele queimada pelo sol, devido ao trabalho na terra, analfabeta mora só em Minas Gerais, num pequeno sítio de onde nunca sai e reza para não sair.

Sua saga começa quando a filha a convence de vir a São Paulo resolver uma pendência com a prefeitura relativa ao irmão que aqui vivera e morrera.

Apesar de receber orientação para descer do ônibus na rodoviária e pegar o metrô em direção à Estação da Sé pedindo orientação para algum guardinha, Tina se atrapalha toda e seu pensamento fica a mil:

Bem que eu não queria vir devia ter batido o pé Manuela pensa que manda em mim agora tô eu aqui sem sabê pra onde ir é gente pra todo lado um povo sem iducação bate na gente nem pede disculpa  depois vem dizê que aqui é tudo iducado i a hora tá passano i eu nunca qui vô chega na hora manuela deve di tá pensano qui eu num vim e agora meu Deus qui é que eu vô fazê nem comunicá com ela eu posso tomara qui ela me espere sinão eu tô é ferrada esse pé doendo desse jeito devia de tê vindo com meu sapato véio mas fiquei cum medo qui Manuela ficasse braba ô Deus mi ajude num acho um raio di guardinha nem sei como achá um vô entrá nesse trem i seja o que Deus quisé.

Brigada, moço.

Inda bem que esse moço mi ajudô a descer na tar da Sé olha Manuela lá graças a Deus tomara que a gente consiga chegá na hora na prefeitura porque eu nunca mais vorto aqui Manuela que me descurpe.

 

 

 

A fábrica de robôs - Ises de Almeida Abrahamsohn

                                                        


                                    A fábrica de robôs

                                    Ises de Almeida Abrahamsohn


Júlio e Igor eram amigos de escola e moravam na mesma rua. Compartilhavam o mesmo entusiasmo por robótica. Passavam muitas horas na garagem da casa de Júlio montando circuitos, soldando cabos, instalando minúsculas lâmpadas de LED e criando robôs que executavam os mais diversos movimentos. Já tinham levado suas criações para competições e recebido um prêmio por seu robô ninja, capaz de lutar com espada e dar saltos como um guerreiro da época do Japão feudal. Porém, eram limitados pelos materiais disponíveis e os robôs tinham no máximo uns vinte centímetros de altura. O sonho dos garotos era construir um robô humanoide que executasse tarefas rotineiras na casa, como arrumar as camas, limpar o chão e os banheiros. Além de se livrarem dessas obrigações, imaginavam fundar uma Tech para desenvolver e vender os autômatos domésticos. Afinal, a Apple no início fazia as reuniões na garagem da casa do Steve Jobs.

Na sexta-feira à tarde Igor viu o recado de Júlio no celular. Era urgente. Ligou de volta. Júlio estava empolgadíssimo.


Cara, estava no carro na volta do dentista quando vi aquela nova construção do lado direito da avenida, sabe, aonde tinha a antiga fábrica de móveis. Reformaram e agora tinha uma placa “Robotech tecnologia robótica”. É lá que a gente pode conseguir material para o nosso robô.


Igor, que era mais sensato retrucou:


E aí, você acha que é só a gente chegar lá e eles vão nos receber sem mais nem menos?

 
Júlio não diminuiu o entusiasmo, queria ir até a Robotech de qualquer maneira.  Mesmo quando Igor argumentou que não daria certo. Até que Igor desistiu de convencer o amigo e aceitou de irem os dois até a empresa na segunda feira depois das aulas.


Foram de bicicleta pela rua de terra que saia da avenida principal até chegarem ao alambrado que cercava o prédio de blocos cinzento com uma única placa do nome da empresa. Uma guarita com roleta e câmara dava acesso ao entorno árido do prédio. Terra batida com algumas poças d’água. Prenderam as bicicletas a um poste de cimento e olharam pelo portão da guarita. Ninguém à vista. Estranho, pensaram, será que ainda não estão funcionando?  Porém viram duas caminhonetes brancas estacionadas do lado de dentro.


Quando estavam para ir embora, ouviram uma voz metálica.


Olá rapazes, boa tarde. O que desejam?

 
Júlio se apressou a responder que eram interessados em robótica, queriam visitar a fábrica e que estavam construindo um robô e precisavam de alguns materiais. Se tivessem alguns materiais para descarte eles podiam aproveitar.


A voz respondeu com:


  Um momento, preciso verificar.


Igor puxou o braço de Júlio. Vamos embora. Isto não está me cheirando bem. Mas o amigo insistiu. Vamos lá, Igor. É claro que se é uma fábrica de robôs não iam colocar gente para tomar conta da guarita. Tem a câmara filmando e a resposta é automática.

 
Alguns minutos depois o portão se abriu para os garotos. Chegaram à porta principal do edifício, ou pelo menos a única que viram. A enorme porta vidro gradeada por dentro com metal deslizou e eles estavam no que parecia o saguão principal, cimentado, de onde quatro rampas davam acesso ao andar superior. Nenhum ser humano à vista.


Igor, bastante nervoso falou:


Júlio, vamos dar o fora daqui. Você viu que não há janelas em lugar nenhum e nenhuma indicação escrita.

 
Eu li que onde eles fazem os chips para computador não tem janelas mesmo por causa da poeira e precisa ser tudo com ar condicionado e isolado. Então, fica frio, aí.


Foi quando ouviram por algum microfone de novo a voz metálica:

Subam pela primeira rampa do lado direito.



Ao subir, Júlio e Igor se defrontaram com três portas metálicas largas pareciam portas de elevador.

 
Sigam pela porta do meio, ouviram de novo a mesma voz com a instrução.

Você tá maluco, Júlio. Vamos embora. Isto tudo aqui tá muito estranho.


Mas Júlio não desistia. E ainda falou brincando:


Deixa de ser medroso, Igor. Você não leu? Agora com inteligência artificial as fábricas vão ser assim mesmo. Tudo eletrônico, tudo comandado por computador.


Igor, não estava convencido, mas calou-se.


Ao se aproximarem a enorme porta metálica abriu-se automaticamente.


Os garotos entraram e a porta fechou-se atrás deles sem ruído algum.

Era um enorme salão do qual nem se via o fundo. Ao longo da parede estavam presos por ganchos uns vinte robôs humanoides ainda inacabados, armaduras de metal faltando braços, ou pernas, outros sem cabeça ou tinham as cavidades dos olhos vazias.


No meio do grande salão duas esteiras com peças de metal. Havia braços, pernas, pés, mãos, tudo metálico e até olhos com cabos de conexão para serem instalados.  A um lado da esteira havia uma tela com projeções de corpos humanos com a musculatura exposta em movimentos diversos. Do outro lado havia outra tela com a imagem de um robô humanoide do tamanho de um adulto mostrada em três dimensões. O robô movia de maneira desengonçada pernas e braços. Os braços moviam-se em várias direções, a cabeça também e as pernas se dobravam e estendiam em ritmo automático. Era uma visão assustadora.


E não havia nenhum ser humano à vista!


Os dois olharam em volta e Júlio, com medo pela primeira vez, falou baixinho:


  Vamos dar o fora daqui, Igor!

 
Os dois garotos voltaram até a porta de entrada que permanecia fechada. Não havia maçaneta, trinco e nem mesmo um teclado numérico para acionar. Era controlada remotamente.

 
Estavam os dois presos ali. Ouviram de novo a voz metálica.
Como viram não conseguimos que os nossos robôs façam os gestos coordenados como os humanos fazem. Para aperfeiçoar os nossos amigos de metal vamos aproveitar que estão aqui para analisar os circuitos cerebrais de vocês enquanto fazem os movimentos. Vamos colocar os eletrodos em pontos do cérebro e dos membros e enquanto vocês andam, agacham ou pegam coisas com as mãos saberemos quais os circuitos cerebrais e nervosos são acionados e transferimos as informações para o computador e depois para os robôs. Não é genial?

 
Júlio e Igor, estavam apavorados. Como sair dali? Nem janela havia e a porta não se abriria para eles.


Temos que achar o computador que controla tudo isso, disse Igor. É a nossa única maneira de escapar daqui.


Dessa vez, Júlio concordou.

 
Deve haver uma outra saída daqui. Se achamos os cabos que controlam as portas, podemos tentar cortar. Você está com o seu famoso canivete suíço?

Foi quando viram, vindo do fundo da oficina dois robôs humanoides que se moviam na direção deles. Eram lentos e a cabeça se movia de um lado a outro, os olhos luminosos varriam o espaço para localizar os alvos.

Igor, falou.


— Eles têm sensores de laser nos olhos para nos localizar. Vamos pegar as peças do corpo dos robôs penduradas na parede e colocar na frente como escudo. São de metal, os lasers devem se desviar e eles vão se desorientar.

Dito e feito...

 
Júlio e Igor, cada qual segurando uma peça de metal à frente, foram acompanhando a parede lateral do enorme salão, movendo os escudos para despistar os humanoides que se deslocavam erraticamente pelo recinto.


De fato, havia uma outra porta metálica deslizante ao fundo do corredor. Estava aberta.


Uma rampa conduzia ao andar inferior. Chegaram a um enorme espaço pouco iluminado onde viram dois grandes computadores, Work Station, pareciam um armário com algumas luzes acesas.


E agora o que fazer?


O canivete suíço do Igor, não ia servir para nada.


Precisamos descobrir qual a fonte de alimentação para esta Work Station. Se cortarmos o cabo... disse Júlio.


—  E aí, seu sabichão como vamos achar o cabo? falou Igor. Além disso, se eu tentar cortar algum cabo de força vou levar um choque elétrico e posso até morrer.


O melhor é procurar uma porta de saída. Tem que ter. Afinal, eles recebem materiais aqui e algum técnico tem que mexer nos computadores.


Foi quando ouviram uma porta se abrindo no canto mais afastado.

É a nossa chance, murmurou Igor.


Vamos indo pra lá onde está mais escuro.

 
De novo foram se esgueirando pela parede. Ouviram duas pessoas conversando.
Os dois robôs grandes ficaram maluquinhos. Temos que ver o que aconteceu com eles.


Eu falei pro chefe que essa ideia de construir robôs para fazer serviços e depois assaltar os bancos não ia dar certo. Só tinha esses dois, que funcionavam mal e mal.


—  Preciso entrar no histórico gravado para ver o que aconteceu. O chefe disse que uns dois garotos entraram na sala de montagem. Devem estar ainda por aqui escondidos com medo.


Acho que vi duas bicicletas do lado de fora. O que fazemos com eles?


Cara! Não vamos fazer nada. Eu não quero me encrencar com a polícia. Nós só fazemos a parte de computador e tal. Nada de agressão. Não quero ser preso.

 

 

— Tá! E se o chefe perguntar? O que agente faz?
Esfria, cara. Entramos, não vimos ninguém. Desativamos os robôs e pronto.

Júlio e Igor estavam mais que apavorados, imóveis lá no canto mais escuro, respiraram para se acalmar. Ouviram os dois técnicos subirem a rampa e saíram porta afora. Correram como nunca, e saltaram a catraca. Ouviam a voz metálica repetindo para olharem para a câmara de identificação.
Soltaram as bicicletas e em minutos estavam pedalando para chegar na avenida. Para ficar o mais longe possível da tal Robotech.

No dia seguinte, ainda cogitaram em ir à polícia. Mas pra falar o que? A polícia não acharia nada lá. Era uma fábrica de robôs e eles tinham invadido a propriedade. Melhor ficarem calados foi a decisão.

Uns seis meses depois viram a notícia de um incêndio que destruiu completamente a fábrica. Ficaram aliviados.

 


Tina embolada em pensamentos - Yara Mourão

 






Tina embolada em pensamentos

Suspense na História: 

Exercício da pressão do tempo 

em fluxo do pensamento

Continuação do texto da Tina

Yara Mourão


Tina, finalmente encontra a saída da estação. A cidade emerge altiva, tão intensa, deixando-a boquiaberta.

Agora é só seguir pela avenida mas pra qual lado Jussara não me disse o pior é que o hospital ainda está longe assim como era longe a casa do meu pai da fazenda da Noêmia e agora não sei que horas são porque o sol já está caindo e a menina vai acabar a tal hemodia não sei o quê como disse a mãe dela na porta da casa deles tão longe da cidade porque será que Jussara não falou a hora de pegar a menina só disse que o hospital põe na porta da  saída quem acaba a tal hemodia não sei o que é um nome tão difícil quem inventou? Se ficar escuro não vou achar o caminho porque eu lembro que já me perdi na saída da minha casa com dez aninhos só e não cheguei na escola lá perto da fazenda da Noêmia mas eu não gostava mesmo daquela professora e já está escuro a menina deve ter acabado a tal coisa e deve estar sozinha na saída do hospital que está longe eu acho Jussara não falou nada assim como não falou nada com Edu quando ele disse que ia embora com outra mulher porque homem é assim mesmo pega e vai e não tem choro porque a menina vai chorar lá sozinha preciso correr vou perguntar pro moço se ele sabe se a hemodia já acabou coitada da menina como demora essa avenida está acabando e já está escuro ainda bem que o prédio é grande e lá no fim da rua já posso ver a cruz vermelha tão grande parece coisa da igreja da fazenda onde tem a festa do Natal que era tão boa e tinha muita comida gostosa  mas Jussara vai ver que eu cheguei tarde e se a hemodia já tiver acabado como aquela missa de Natal quando eu não cheguei a tempo olha lá a bichinha chorando na calçada o hospital jogou ela no meio da rua culpa daquele metro desregulado que me atrasou e nem vi o sol acima do prédio pra saber a hora dai que a menina nem sabe como foi difícil chegar aqui ela só chora acho que vou chorar também...

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Pesquisado por Ledice Pereira

 


Carlos Drummond de Andrade

Pesquisa por Ledice Pereira


 

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

 

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

 

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902. 

Foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Nono filho de Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond, desde jovem demonstrou interesse pela literatura. Em 1919 foi expulso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, devido a "insubordinação mental". Em 1925, formou-se em Farmácia pela Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, mas nunca exerceu a profissão, optando por seguir a carreira literária. 

Iniciou sua trajetória literária, publicando artigos no Diário de Minas e, em 1928, ganhou notoriedade com seu poema "No Meio do Caminho", que escandalizou a crítica. Lançou sua obra de estreia, "Alguma Poesia", em 1930, e rapidamente se consolidou como uma figura central no modernismo brasileiro. Durante sua carreira, Drummond explorou temas como a solidão, o amor, a injustiça social e a identidade. Sua escrita era marcada por uma ironia sutil e um lirismo profundo. 

É conhecido por sua poesia que mistura reflexões individuais e críticas sociais, utilizando um verso livre predominante. Seu estilo reflete uma preocupação com o cotidiano e com a condição humana, frequentemente abordando questões existenciais. Além da poesia, ele também escreveu contos e crônicas, contribuindo amplamente para a literatura brasileira. Entre seus livros mais importantes estão "A Rosa do Povo" (1945) e "Sentimento do Mundo" (1940), que capturam o espírito de sua época e suas preocupações sociais. 

Destacou-se também como tradutor, trazendo clássicos da literatura mundial para o português e estabelecendo-se como uma voz influente na cultura brasileira. Seu trabalho é essencial para entender a literatura contemporânea do Brasil.

Em 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais e teve dois filhos, Maria Julieta e Carlos Flávio que viveu apenas meia hora (e a quem é dedicado o poema "O que viveu meia hora"). Carlos Drummond de Andrade faleceu no Rio de Janeiro em 17 de agosto de 1987, apenas dez dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade, uma perda que deixou marcas profundas.  deixando uma obra literária com mais de 40 títulos, sendo reverenciado até hoje, com várias estátuas em sua homenagem, incluindo a famosa "O Pensador" em Copacabana.                 

Poeta da Segunda Geração Modernista, ou a maior figura da “Geração de 30”, embora tenha escrito ótimos contos e crônicas, Carlos Drummond se destacou como poeta.

A poesia publicada durante a Segunda Geração Modernista foi essencialmente uma poesia de questionamento em torno da existência humana, do sentimento de estar no mundo, das inquietações sociais, religiosa, filosófica e amorosa. Drummond é o poeta que melhor representa essa geração.

Seu estilo poético é permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo diante da vida e de humor. Drummond fazia verdadeiros "retratos existenciais" e os transformava em poemas com maestria.                                                                                  

Alguns poemas conhecidos

E agora, José? 

A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, 

e agora, José?

(Expressa a angústia existencial e a solidão)

 

Eu te amo porque te amo. 

Amor é estado de graça 

e com amor não se paga.

(É um dos poemas mais delicados e profundos sobre o sentimento amoroso)

 

 

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.

 

Na obra Lição de Coisas (1962), o poeta é tomado pela poesia nominal, muito próxima da filosófica, em cuja linguagem, o verso e a palavra são desintegrados com o uso constante de neologismos, alienações e rupturas sintáticas que se aproximam do Concretismo, embora o poeta não tenha admitido. Os versos a seguir mostram essa orientação:

 

O árvore a mar
o doce de pássaro
a passa de pêsame
o cio da poesia
a força do destino

A pátria a saciedade
o cudelume Ulalume
o zumzum de Zeus
o bômbix
o ptys

 

Obras de Carlos Drummond

Poesias

  • Alguma Poesia (1930)
  • Brejo das Almas (1934)
  • Sentimento do Mundo (1940)
  • Poesias (1942)
  • A Rosa do Povo (1945)
  • Poesia até Agora (1948)
  • Claro Enigma (1951)
  • Viola de Bolso (1952)
  • Fazendeiro do Ar & Poesia Até Agora (1953)
  • Poemas (1959)
  • A Vida Passada a Limpo (1959)
  • Lições de Coisas (1962)
  • Boitempo (1968)
  • Menino Antigo (1973)
  • As Impurezas do Branco (1973)
  • Discurso da Primavera e Outras Sombras (1978)
  • O Corpo (1984)
  • Amar se Aprende Amando (1985)

Prosas

  • Confissões de Minas (1942)
  • Contos de Aprendiz (1951)
  • Passeios na Ilha (1952)
  • Cadeira de Balanço (1970)
  • Moça Deitada na Grama (1987)