Cheiros de São Paulo - Sergio Dalla Vecchia

 


Cheiros de São Paulo

Sergio Dalla Vecchia

 

Na minha longa trajetória de engenheiro civil de infraestrutura, oportunidades não me faltaram para conhecer diversos lugares, pitorescos às vezes e nem tanto em outras.

Minha área de atuação era na cidade de São Paulo e municípios adjacentes.

Por tanto dirigir o automóvel pelas ruas e avenidas, meus sentidos se acostumaram e gravaram determinados aromas, odores, cenas características de locais, sensações prazerosas e tantas outras nuances da terra de Piratininga.

O cheiro, decerto, locai, mesmo antes de lá chegar, meu GPS humano informava as coordenadas, era meu Waze.

Descrevo abaixo algumas sensações captadas pelos meus cinco sentidos que me tocaram:

Quando chegava a São Paulo pela rodovia Castelo Branco, já na confluência do Rio Tiete com o rio Pinheiros (Cebolão), já salivava com os cheiros adocicados de uma fábrica de aromatizantes naquela região, ora cereja, ora uva, morango e tantos outros sabores.

Na construção da av. Escola Politécnica, o aroma dos panetones ao forno na fábrica ali instalada na época melhorava em muito o meu humor.

Na zona Leste, em São Miguel, durante a construção de um coletor de esgotos, o trajeto passava defronte a uma pequena fábrica de biscoitos champanhe. Ali, o aroma dos farináceos rodando pelas esteiras pós-fornada me seduzia.

Convidado pelo proprietário da fábrica, tive o prazer de degustar alguns desses biscoitos quentinhos retirados na hora. Inesquecível!

Já na zona Oeste, em Itapevi, tive o privilégio de ir à inauguração da Casa Suíça da Wickbold. Lá presenciei a extrema qualidade dos bolos, acompanhando a produção e degustando fartamente cada produto, hipnotizado pelo cheiro dos fornados quentinhos.

Na zona sul, existia uma fábrica de pães da Pullman, de longe eu a identificava. Que delícia!

Não poderia esquecer das cores e perfumes das orquídeas, mantidas em luz, temperatura e umidade ideais, nos orquidários do Parque do Estado, onde peixes coloridos desfilavam em pequenos canais de pedra, completando o cenário paradisíaco. E, na área ao lado, o canto dos pássaros e os urros das feras do Jardim Zoológico descerraram as cortinas do palco.

Não citei o mau cheiro dos rios Pinheiros e Tiete, pois notei, presentemente, evidências de revitalização, como dragagem do leito, paisagismo das margens, construção de usinas de tratamento de esgotos, efluentes e outras medidas oportunas.

Assim, finalizo este texto revigorado pelo oxigênio das Matas do Horto Florestal na zona Norte!

Sou otimista, ainda teremos uma São Paulo de rios piscosos, despoluída e repleta de cheiros agradáveis.

Difícil, mas não impossível!

 

 

 

 

Um comentário:

  1. Anônimo6/16/2025

    Caro colega Sérgio
    Tenho lido seus últimos textos e fico feliz pela sua rica imaginação e boa memoria dos bons tempos da meninice. Parabéns, de coração - Suzana

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