NÓS NOS PÉS
DA SANTA
Oswaldo U. Lopes
É comum
que escutemos “aos pés da Santa”, mas no caso em questão, se trata de nós os
pequenos sapatos de D. Isabel, rainha de Portugal e Santa.
Vale
dizer que não éramos tão pequenos assim, em medidas de hoje valíamos um 38, embora
não largo, mas fino. Aonde pisávamos, fazia-se um pouco de mistério, realeza,
majestade e o melhor, santidade. Santa ela era e como tal passou a história de
Portugal.
Seu marido o Rei D. Dinis é conhecido como o
primeiro rei de Portugal alfabetizado e do qual ainda existem trechos de poemas
e até pedaços de papel com sua escrita, Os seus Cantares de Amigo, tipo de
poema medieval, passaram a historia e nela ficou incorporado.
Tinham
lá suas diferenças, El-rei não gostava que sua Santa esposa fosse levar pão aos
pobres, por várias razões, entre as quais a segurança e a mistura com gente desconhecida
eram primordiais. Ela gostava de fazer isso, porque lhe dava alegria ao coração
e a punha em contato com os mais necessitados.
E assim foi, era um dia frio de janeiro, o sol
brilhava, mas não esquentava. Dona Isabel saiu com o avental carregado de pães
e com o destino certo dos que mais precisavam. D. Dinis que andava cismado
apareceu-lhe no caminho.
— Que levas aí, o minha gentil senhora.
— São flores, meu gentil senhor.
— Em janeiro? É um mês em que não há flores.
Nós lá embaixo aguardávamos o que ia acontecer. Por
enquanto caiam, vindas de cima, migalhas de pão. Com medo estávamos a pensar
como aquilo ia acabar. O presságio não era bom, quase funesto.
Foi então que a Rainha Isabel, abiu o avental e de
lá caíram flores e mais flores que quase nos cobriram por completo.
Dera-se o milagre dos pães que viram flores. Todos
os que estavam em volta entenderam. Flores em janeiro, em pleno inverno. D.
Dinis também percebeu o milagre, ajoelhou-se e beijou com referência a borda do
avental da Santa Isabel.
Passaram
todos a História de Portugal, lá no começo de sua formação, os pães que viraram
flores e a benção de Santa Isabel para todo povo português, necessitado e faminto.
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