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A temível pirata Ching Shih - Ises de Almeida Abrahamsohn

 

A temível pirata Ching Shih

Ises de Almeida Abrahamsohn

 

Shih Yang nasceu num casebre miserável em Guangzhou (Cantão) na China  uns vinte anos antes do fim do século XVIII. Até cerca de 1800 a jovem  esquálida trabalhava como prostituta na região do porto da mesma cidade. Porém, a analfabeta Shih era ambiciosa e muito inteligente. Conseguiu enfeitiçar um pirata de nome Ching até que ele acedeu em casar com ela no ano de 1801. E ela passou a ser conhecida como Ching Shih, isto é a mulher de Ching. Juntos conseguiram controlar a maioria dos navios piratas menores que serviam ao Vietnã e que atuavam no mar da China.

O casal comandava uma turma de quinze marinheiros recrutados entre os procurados pela polícia. Era assim que trabalhavam. Acolhia os criminosos no seu navio em troca de obediência absoluta. O seu navio era temido pelos mercadores e pelos piratas menores que navegavam aquelas regiões.

Os mercadores tinham sua carga roubada e, se resistiam, Shih os comandava a andar pela prancha até caírem no mar. Esses assassinatos, entretanto, eram ocasionais e serviam para manter a aura de terror que cercava o casal de piratas.

Com o passar do tempo, Shih percebeu que seu domínio sobre Ching estava diminuindo. O homem estava ficando frouxo dizia ela à sua escrava doméstica. Era preciso eliminá-lo. Porém os marinheiros eram fiéis a Ching, de modo que era necessário que a morte parecesse ser de causas naturais. Ching adoeceu e em uma semana morreu. Na verdade, não há provas de que ela o tenha envenenado.

O ano era 1807 e Shih assumiu controle total do navio e foi dominando piratas de navios menores, um a um. Chegou a ter uma frota de cerca de 300 navios, todos dedicados à pirataria com cerca de 30.000 piratas a seu serviço no auge de seu domínio. Era chamada de “Pirate Queen”. Qualquer um que desobedecesse suas ordens ou resolvesse ser independente era imediatamente decapitado.

Shih organizou os navios em esquadras e estabeleceu regras de distribuição dos bens e valores pirateados. Com seu amante Chao Ling, ela estabeleceu um sistema de cobrança de taxas de pedágio para os navios cargueiros que saiam do porto de Cantão carregando sal ou prata ou outros bens valiosos.

Você poderia pensar que Shih teve um final violento ou trágico. Nada disso! Ela sabia mexer seus hashi ou em mandarim  筷子 (kuàizi) (o caractér significa "objetos de bambu para comer rapidamente").

A grande pirata negociou um acordo com o governo chinês mantendo a maior parte das riquezas que acumulou. E mesmo os seus companheiros piratas foram perdoados. Alguns até mantiveram os seus navios e foram incorporados à Marinha e ocuparam postos importantes na administração.

Shih acabou morrendo com idade bem avançada e é considerada na história da pirataria como de extraordinário sucesso.

 

Fontes:

 

1- https://pt.wikipedia.org/wiki/Ching_Shih

 

2- One Woman's Rise to Power: Cheng I's Wife and the Pirates
Author(s): Dian Murray. Source: Historical Reflections / Réflexions Historiques , Fall 1981, Vol. 8, No. 3, WOMEN IN CHINA: Current Directions in Historical Scholarship (Fall 1981), pp. 147-161. Published by: Berghahn Books.

 Stable URL: https://www.jstor.org/stable/41298765

 

 

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