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A importância dos livros - Ledice Pereira

 






A importância dos livros

Ledice Pereira

 

 

Aquela biblioteca da escola era o lugar onde Junior gostava de se esconder. Adorava ler aqueles livros desenhados, cheios de figuras coloridas que o faziam divagar pelos caminhos da leitura, levando-o a reinos distantes e misteriosos.

A professora agora já sabia onde encontrá-lo. Toda vez que o menino não voltava para a classe, depois do recreio, era só procurá-lo na biblioteca. Às vezes, o encontrava sentado no chão, imerso na leitura. Outras vezes, o achava dormindo entre vários exemplares abertos.

Ao mesmo tempo que ela o admirava por sua preferência, preocupava-se, pois, ele perdia as outras aulas, principalmente as de exatas.

Resolveu falar com os pais do menino. Esperou que um deles viesse buscá-lo para abordá-lo. Fernando era jornalista e explicou que, desde pequeno, o menino se interessara pelos livros.

Marli explicou que era ótimo isso, mas que não podia deixar que ele perdesse as outras matérias, tão importantes também.

Fernando então resolveu que contaria ao filho uma história. Junior não dormia sem ler uma. Naquela noite, Fernando o chamou e começou a contar:

“Era uma vez um belo dragão chamado Fulo, que foi encarregado de tomar conta dos livros de uma biblioteca. Ninguém podia pegar o livro que queria sem ter que pedir autorização a Fulo.

Pedrinho gostava de ler apenas histórias de bichos. Fulo ficava bravo e soltava labaredas avermelhadas quando o menino insistia no estilo. Só concordava em liberar livros que falassem de outros assuntos. De tanto temer a ira de Fulo, o garoto resolveu variar nos temas, descobrindo que havia um mundo infinito a ser desbravado. Descobriu a mitologia, o suspense, o mundo das fadas e dos duendes, a história das guerras e dos povos oprimidos, as biografias dos músicos e dos artistas plásticos e com isso teve conhecimento de que os números apareciam sempre com muita importância e que sem os números, as operações matemáticas e a ciência, nada existiria. Por isso, a importância de se navegar em todas as esferas da cultura: das que tratavam da humanidade e as que tratavam das ciências exatas.”

Junior achou que o pai inventou uma história muito legal, apesar de não crer nem um pouquinho em dragão. Afinal, não era mais tão bobo para acreditar em história de carochinha. De qualquer forma e por isso mesmo, concluiu que já estava na hora de ampliar seus conhecimentos, dedicando-se às outras matérias. Estava com quase 13 anos, não podia se comportar mais como um garotinho.

Marli, mal pôde acreditar quando, no dia seguinte, não precisou ir atrás do aluno. Encontrou-o entre os outros alunos, explicando fórmulas matemáticas como se sempre tivesse participado das aulas.

De certa forma, a leitura tinha aberto aquela cabecinha, deixando-a pronta para o conhecimento. Apenas Junior não tinha se dado conta.

      

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