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O LEÃO E A ÁRVORE ESCORREGADIA - Oswaldo U. Lopes








O LEÃO E A ÁRVORE ESCORREGADIA
Oswaldo U. Lopes



        Nossa história se passa no Reino Unido, muito antes do Brexit e da Magexit, ou seja, o Reino ainda era unido e o Príncipe Harry que nem era nascido, não ameaçava a coroa, tão cara a Rainha Elizabeth II quão cara é a coroa para os súditos britânicos.

        A Escócia não pensava em cair fora e o País de Gales ainda não perguntava por que a Union Jack, famosa bandeira do Reino, não tinha nem sombra do verde, cor característica desse principado. Mais que tudo a Irlanda do Norte não achava possível sua integração alfandegária com os malditos católicos da Irlanda.

        Bem, nossa historia, voltando a ela, passava-se num seleto clube de caçadores, desses frequentados exclusivamente por homens, servidos igualmente por homens e no qual, além de uísque puro, servia-se  carne dos diversos animais abatidos pelos sócios.

        Mas, era uma noite especial, com um convidado também especial, o Duque de Edimburgo, Príncipe Phillip, marido Consorte da rainha. Consorte era um título, não necessariamente uma realidade.

        Após a sobremesa, pudim de laranja acompanhado do conhaque francês Napoleon, uma concessão que nada tinha a ver com gentileza ou amizade anglo-francófona, mas era para lembrar os tempos gloriosos da Grande Bretanha quando esta mandava no mundo, servido o insonso pudim, como dizíamos, devidamente apresentado pelo Eminente Secretário, o Duque iniciou seu falatório, relembrando uma gloriosa caçada de leões no Quênia.

— Descemos do jipe e começamos a andar pela savana, separadamente, cada um com sua espingarda e um nativo especialista no assunto.

  Já andara uns quinhentos metros e nem mais enxergava o jipe quando de uma moita próxima apareceu um enorme leão.

   Apontei o rifle e atirei, ouvindo apenas um estalido seco. Alguém, filho de alguma, tinha esquecido de carregar a arma. Foi a ultima vez que vi o nativo, não o imaginava tão veloz, acho que ele concluíra que bastava correr mais do que eu para escapar. Imagino que era um dos ancestrais do Usain Bolt.

   E ali estávamos eu, um rifle descarregado e um enorme e faminto leão, rugindo e se aproximando. Vi uma árvore próxima e nem pensei duas vezes, corri que nem o nativo e subi na própria e fui subindo rapidamente seguido pela fera que escorregava justamente quando estava prestes a me alcançar.

— Majestade, interrompeu o Secretário, o senhor é um homem muito corajoso. 
Eu no seu lugar já estaria me evacuando todo de medo.

— E você pensa que o leão escorregava no que?


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