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O QUASE NADA - Sérgio Dalla Vecchia



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O QUASE NADA
Sérgio Dalla Vecchia

Meu nome é QUASE NADA, mais conhecido como micróbio.

Sobrevivi às explosões do Big Bang, às armadilhas dos Buracos Negros e tantos outros riscos do Universo.

Cá estou orbitando na Via Láctea pelo Sistema Solar, a bordo de um corpo celeste em rumo preciso, dirigido pelas leis orbitais de KEPLER.

Lembro da primeira vez que passamos pela Terra em 240 a.C. Mais tarde no século I, fomos registrados pelos judeus no Talmude, como uma estrela que passa pela Terra a cada 70 anos. Em 837 passamos bem perto dela há apenas 4,8 milhões de quilômetros.

Em 1066 avistamos a Normandia durante a 2ª guerra mundial. Em 1531 fomos vistos por Petrus Apianus e em 1607, por Johannes Kepler.

Essas duas últimas aparições possibilitaram Edmond Halley a concluir que o cometa que avistou em 1682 era o mesmo que os anteriores. Daí batizaram meu hospedeiro de cometa de Halley. 

Em 1986 a Terra mandou algumas sondas de observação que chegaram bem próximas do Halley.

Esse interesse da Terra me incentivou a conjecturar sobre minha existência.

Além dos terráqueos, eu seria único no Universo?

Preocupado, busquei pensamentos na minha experiência de muitos anos, orbitando pelas longas estradas espaciais. Nelas pude captar muitos fatos da história da Via Láctea em relação aos terráqueos.

Por volta 500 a.C., ela foi descoberta pelo astrônomo grego Demócrito.

Em 1785 Willian Herschel contou as estrelas e descobriu que a Via Láctea tinha a forma de um disco espiral.

Para os cientistas até 1920 o Universo se limitava apenas a Via Láctea, mas Edwin Hubble descobriu outras Galáxias.

Portanto a Via Láctea, do grego Kiklios Galáxias (círculo leitoso) é apenas uma entre centenas de bilhões de galáxias no Universo.

Diante da magnitude do Universo, eu micróbio sinto-me gratificado por sobreviver em tamanha parafernália de estrelas, planetas, órbitas, sistemas solares, galáxias, buracos negros e tantos outros afins. Acredito ser um imortal predestinado pelo tudo que passei. Entretanto meu hospedeiro Halley terá um fim heroico, colidindo com algum planeta sob queima de fogos, detonados pelo impacto de gigantes.

Enquanto eu, absorto em pensamentos sobre a vida, comparei o que vi nas minhas visitas à Terra nos ciclos de 70 anos.

A evolução foi dinâmica, a população cresceu, continentes foram descobertos, formaram-se reinos, países, conquistas, riquezas e prosperidade. A ciência e tecnologia em disparada.

Curiosamente um fator primordial não evoluiu nada.

Foi o poder! Ele é o mesmo dos primórdios! A humanidade não conseguiu administrá-lo com sabedoria, perdeu-se praticando o egocentrismo tentador de quem o detém.

Descontrolado, gerou corrupção, guerras, fome e tantas outras desgraças.

Situação insustentável que não pode persistir dessa maneira.

Portanto, eu o micróbio inconformado arquitetei um plano de salvação para a próxima passagem pela Terra em 2061.

Rogarei a Kepler que recalcule a órbita do Halley, rumando para o centro da Terra e uma grande hecatombe saneará esse mundo sem princípios, que vive para o poder e não sob os cuidados do bom poder.

Das cinzas surgirei, me hospedarei no primeiro sobrevivente e lhe ensinarei a domar esse selvagem, repetindo incansavelmente pela eternidade, uma simples frase que condensa todas as ações para um grande governo:

Amar o próximo como a ti mesmo.    



*Obra ficção com alguma pesquisa na internet.

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