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O MUNDO DE FRANCINE - Antonia M. Gonçalves



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O MUNDO DE FRANCINE
Antonia  M. Gonçalves

A jovem Francine estava feliz com as decisões que havia tomado em sua vida. Após fazer a faculdade Santa Marcelina onde especializou-se em estilista em moda. Usava de maneira magistral sua criatividade nos projetos, a ponto que rapidamente, após fazer a pós-graduação, ser indicada pelos professores para dar consultoria para grandes marcas do mercado. Para isso não precisava trabalhar fechada em salas das empresas e sim no seu Loft com total liberdade de horários. Sendo assim, podia também praticar o seu exercício matinal preferido, andar de bicicleta. Sentia-se livre todas as manhãs com o frescor do amanhecer correndo com sua bicicleta, que revigorada o seu trabalho tinha um melhor rendimento.

Desde jovem tinha a certeza de que havia nascido para não casar. Era muito independente, achava que casamento castrava a mulher. Francine valorizava mais a carreira profissional do que a parte sentimental em sua vida. Também tinha o exemplo em casa, seus pais depois de anos de casados sempre brigavam muito, principalmente a mãe, por ter aberto mão de sua carreira para se dedicar ao lar. Isso a frustrou muito, acabaram se divorciando.

Certo dia na sua saída da manhã ela pegou a bicicleta e saiu correndo sem perceber que o pneu traseiro estava esvaziando, andou alguns quilômetros e teve que parar, pois a bike começou a trepidar.  Teve que retornar a pé para casa,  seguiu empurrando a bicicleta, até que num desnível da calçada ela tropeçou torcendo o tornozelo. Não se deixou abater, levantou e seguiu mancando. Até que  um carro a abordou. Era uma camionete preta com um rapaz com sorriso acolhedor que se ofereceu para ajudá-la levando-a para casa. Não o conhecia e respondeu que não aceitaria, pois não tinha o costume de entrar em carro de estranhos.

Apresento-me, falou o rapaz, meu nome é Guilherme sou o seu  vizinho, e estou voltando para casa posso deixá-la. Vejo que está com dois problemas, o pneu da bike e o pé que já está bem inchado. Guilherme desceu se aproximou. Desculpe-me, posso? E examinou lhe o pé.  Trata-se de uma torção precisa enfaixar pelo menos por 24 horas. Ela desdenhou fazendo uma careta. Ele explicou que era médico.  Levarei você para sua casa, disse determinado. Pegou a bici colocou na traseira da camionete,  e com Francine no colo  colocando-a no banco de trás com a perna esticada. Chegando em casa novamente no colo entraram na casa pondo-a no sofá. Perguntou onde ficava a caixa de primeiros socorros, Francine estava desconfortável. Quem ele pensa que é me dando ordens, entrando em minha casa? E, respondeu, pode ir,  eu me viro bem sozinha. Moça, seu pé esta uma pipa de inchado, vou em casa buscar umas ataduras e spray para contusões volto já.

Assim fazendo voltou rapidamente e com muito cuidado enfaixou o pé, não antes de passar o spray para dor e depois a aconselhou que tomasse um analgésico. Vou deixar o meu telefone se precisar de alguma coisa me liga. Ela constrangida com tanta atenção não teve outro jeito a não ser agradecer. No dia seguinte acordou muito melhor e devagar com cuidado foi fazer o café da manhã, quando toca a campainha e ao abrir a porta vislumbrou uma bela cesta de café da manhã e um ramalhete de flores com o cartão que dizia, “Para a bela ciclista, para a sua total recuperação” Guilherme. E o encantamento foi se materializando a medida que foram se conhecendo. Ele foi conquistando a resistente Francine a ponto dela se apaixonar. Depois  confessou que a amava há tempos, mas não tinha tido oportunidade de se aproximar,  e que o acidente foi providencial, e lógico que ele não deixou escapar. Um ano depois estavam casados e felizes.

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