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Aluga-se Casa - José Vicente J de Camargo

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Aluga-se Casa
José Vicente J de Camargo

Há alguns anos, nas férias da família, resolvemos dar uma de diferente... Em vez de repetirmos o costumeiro hotel resort na Riviera baiana, minha mulher alugou uma casa “pé na areia” numa praia mais próxima de casa, num condomínio de luxo, cujo anúncio, com fotos e esnobações do local, encontrara estampado com destaque no suplemento de turismo do nosso jornal de todo dia.

Na viagem de carro até lá, o assunto geral era se a casa tinha isso ou aquilo, quantos banheiros, tamanho da piscina, vizinhos tolerantes ou ranzinzas, fazendo minha mulher, sem chance de se esquivar de tantas perguntas, confessar que não tivera tempo, dado as festas de fim de ano, de ver pessoalmente o imóvel e alugara pela internet.

Ao chegarmos ao local Carol e Pedrinho descem da vã em disparada, apostando quem chega primeiro a praia. Juba, nosso lavrador de três anos, de rabo abanando, segue-os latindo e arrastando a coleira pelo gramado seco precisando de água e corte. Eu e a mulher cumprimentamos o corretor que nos aguardava com as chaves, esboçando um sorriso “Monalisa”.

Ao entrarmos na casa, a surpresa: em vez da “mansão” dos sonhos, móveis em desalinho, pratos sujos na pia, geladeira com restos de comida e fogão negando fogo...

− Paramos por aqui! Diz minha mulher em tom de bronca ao corretor, cujo sorriso agora era de puro embaraço pela situação desconfortável: “Não precisamos ver o resto! Já imagino como estão os quartos e banheiros. Me poupe do desgosto da culpa pela escolha errada...”

Nisso Carol e Pedrinho voltam aos gritos:

− Pai! A praia tá cheia de urubu comendo carniça. Um fedor insuportável, pior que o “pum-pum” do Juba...

− Todos pra vã! Voltamos pra casa, retruca o pai. Antes quero passar pela imobiliária para receber o que já paguei de volta. Senão vamos ter uma nova “lava-jato”, ou melhor, “lava-praia”, mirando o corretor que perdera qualquer sorriso e estava mudo como pedra.

Ao deixarmos o condomínio, a alegria que antes reinava na vã, dera lugar à frustação das férias perdidas, acrescida da tristeza da mãe por sentir-se culpada de tal decepção. Mais adiante, na beira da estrada, uma pequena placa de papelão escrita à mão em letras grandes informa:

“ Alugo Chalé para Temporada: Asseado, Completo, Vista ao mar”

A exclamação e o latido foi geral:

Para! É esse...

E foi assim que passamos as melhores férias da nossa vida. A plaquinha simples preencheu todas as nossas expectativas...

E nos deu uma lição que nos é útil até hoje:


Nem sempre a propaganda é a alma do negócio”

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