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CONTO DE FÉRIAS - LEOPARDO PARDO - SUZANA DA CUNHA LIMA


LEOPARDO PARDO
Conto de férias de Suzana da Cunha Lima


Madalena resolveu descer ao que ela chamava de bunker.  Um conjunto de laboratórios, escritórios e aposentos a doze metros de profundidade, com grossas paredes e portas de aço. Podia abrigar, com conforto, em tempo integral, umas doze pessoas, por quase um mês. Era totalmente autossuficiente em relação a qualquer fonte de energia. Ali o Governo alojava seus cientistas que trabalhavam em projetos altamente secretos.

Embora aposentada, ela estava fazendo pesquisas sobre as consequências da radiação nos seres humanos e na biodiversidade, matéria de sua tese de doutorado. Porém, o objetivo mesmo era a busca da cura do câncer, principalmente o câncer de pele.

 Era um pedido especial das Forças Armadas, patrocinado por importante indústria farmacêutica.  O Governo queria manter este estudo em segredo e as fórmulas ou resultados positivos obtidos, em seu poder, evitando o monopólio de medicamentos que, em mãos mercenárias, teria um custo proibitivo para a maioria da população pobre do país e do mundo.

 Madalena amava a pesquisa aplicada.  Depois que o marido morrera, e sem filhos, concentrou sua energia e conhecimentos na área que conhecia bem, e sempre lhe causava muita alegria uma nova descoberta ou um novo desafio. Junto a ela trabalhava também Fred, um bioquímico excepcional. Eles dois possuíam uma excelente sinergia e o trabalho de ambos produzia resultados importantes na área.

— A turma toda se mandou para a praia, com quatro dias de folga, Fred. – comentou Madalena enquanto enchia duas xícaras de café. Ofereceu-lhe uma e ia começar a tomar o seu, quando lhe pareceu que o mundo havia desabado. Não sabe quanto tempo ficou desacordada.  Quando finalmente abriu os olhos, notou a desordem. Mesmo a 12 metros abaixo do nível do chão, os móveis e implementos, computadores e seu material de trabalho estavam jogados no chão, desordenadamente, como se tivessem sido sacudidos violentamente. Madalena arrumou-os em seus lugares outra vez, e verificou que todos os dispositivos de energia tinham sido acionados automaticamente.

Viu que Fred estava também acordando e resolveu checar os instrumentos para avaliar o que poderia ter acontecido. Todos os índices de temperatura, pressão, umidade e radiação estavam descontrolados, sendo este último, de certa forma, aterrador.  Mostrava claramente que tinha havido a explosão de um artefato atômico ali bem próximo.

Olhou pelo periscópio que possuía um alcance bem grande, dava para ver até a lapa, uns quinze quilômetros adiante.  E o que viu foi de apavorar. Só escombros, o céu escuro, anunciando uma chuva negra, a chuva ácida, pensou ela.

Fred também olhou e ficou apavorado:

— Está parecendo que jogaram uma bomba atômica aqui em São Paulo,  Madalena.

— Também estou achando, Fred. E os índices estão altíssimos, os marcadores parecem que endoidaram. 

— É como aquela que os americanos jogaram em Hiroshima?

— Não sei a potência desta bomba, Fred, outros cientistas devem estar calculando isso agora. A de Hiroshima possuía cerca de 15 quilotons, mais ou menos 15 mil toneladas de dinamite e fez aquele estrago todo.  Quando meu marido e eu nos formamos, tivemos ocasião de ver muitas fotos, e acesso a muitas informações e ficamos tão horrorizados que resolvemos nos dedicar a estudar a radiação. Fomos até Chernobyl e olhe, mesmo com roupas especiais, nós acusamos radioatividade no corpo durante anos. Vai ver que é por isso que não conseguimos ter filhos, sei lá. E ele acabou morrendo justamente de câncer de pele. – ela suspirou,  os olhos passeando pelo escuro das memórias.

— Mas as bombas hoje têm muito mais poder, não é? Interrompeu Fred as recordações de Madalena, ao perceber lágrimas em seus olhos.

— Ah, sim, - Madalena suspirou, afastando seus pensamentos. – Mesmo porque as bombas são de hidrogênio, como a que lançaram em Nagasaki e sua potência aumentou consideravelmente, chegando aos 50 megatons – 50 milhões de toneladas de dinamite. Creio que acabaria com nosso planeta, por isso não jogaram mais nenhuma.

Madalena olhou firme para Fred: - Antes era apenas um objeto de estudo, agora é um fato real. Sofremos realmente uma explosão nuclear em nosso país.

— Isto significa guerra, Madalena? Quem iria fazer uma coisa dessas? Perguntou Fred quase histérico. - Mas por que jogariam uma bomba nuclear aqui no Brasil, em São Paulo?  

— Gostaria de saber, Fred.  Mas somos apenas cientistas. Acalme-se, estamos bem protegidos aqui – ficou pensativa, matutando o que devia fazer. — Vamos nos comunicar com a sede, primeiro, e buscar orientação. Mas está me parecendo um ato exacerbado de persuasão.  Estamos trabalhando em algo secreto que interessa muito à indústria farmacêutica.  Se descobrirmos um medicamento para o câncer, elas vão deixar de ganhar os rios de dinheiro que ganham hoje somente em remédios paliativos. Querem pressionar o Governo para se apossarem da pesquisa, sabe-se lá para quê.

Tentou todos os números conhecidos e não conseguiu nada.  O que teria acontecido? Seu equipamento estava perfeito. Sem saber o que fazer, resolveu tentar agências de controle de radiação, no exterior. Conseguiu contato com um amigo seu, Tomás, nos Estados Unidos  -  É muito bom cultivar os amigos, Fred. Ninguém conhece estes números, mas graças a Deus somos bem próximos e trocamos figurinhas, como se diz.

— Nós detectamos esta explosão aí, faz uns quarenta minutos, Madalena. Cidade de São Paulo, zona oeste, cercanias do Pico do Jaraguá. Potência fraca, menor do que a que lançaram em Hiroshima. Talvez 10 quilotons, não mais – informou ele.

— Pois assim mesmo faz um estrago danado.  Foi somente aqui em São Paulo? Com que propósito?  Estamos, como nação, sendo bombardeados? Quem nos declarou guerra? Perguntou Madalena, começando a ficar aflita.

— Isso não sabemos, talvez você deva contatar imediatamente seu Governo. Há um protocolo especial, acho que você conhece, para tal procedimento.  Você disse que não conseguiu contato com seus superiores? Muito estranho isso. Nossos comandos todos foram informados e provavelmente seu Governo já sabe também e logo você será informada das providências a tomar. Agora, Madalena, como somos amigos, este ataque está me parecendo um aviso, sabe? 

— Aviso de quê, Tomas?

— Você não está fazendo uma pesquisa em parceria com laboratórios? Sei que está buscando um medicamento ou um procedimento qualquer contra o câncer. Todos aqui sabem disso.

— Tomás, andei pensando nisso também. É muito dinheiro envolvido. E tudo mantido em segredo. Estamos num bunker, nada nos pode atingir.  Mas não conseguimos contato com nossa chefia.  É uma maneira bem eficaz de persuasão, não é?  Perguntou Madalena.

— Os outros laboratórios não querem ficar de fora, seja para usar sua fórmula ou para destruí-la, o que causar menos dano aos seus lucros. E devem estar pressionando seu governo para entrarem nesta parceria também. - concordou Tomás.

— Mas, jogar uma bomba que mata tanta gente de maneira tão cruel, impiedosa, comprometendo gerações futuras de humanos e animais, só para obter uma fórmula, parece-me demais – objetou Madalena, indignada. – É muito vil, muito abjeto. 

— Você não sabe de que este pessoal é capaz, Madalena. A pergunta agora não é o porquê, - orientou ele -  mas que providências tomar para salvar as pessoas atingidas. Encontre no mapa um ponto de encontro e marque as coordenadas. Vamos acionar daqui, os seus serviços de salvamento. Que devem se dirigir a este ponto.  Mas não se afaste muito do abrigo. Você é uma pessoa valiosa, Madalena. Sabe disso e não quer perder todo seu trabalho, não é?  - Madalena concordou e marcou um ponto de encontro no mapa não muito longe do bunker.

— Em quanto tempo vocês acham que o socorro virá?

— Creio que no máximo, duas horas.  Depende de como estarão as estradas, aeroportos ou o terreno, de modo geral. Não detectamos nenhuma outra explosão a não ser aí, na cidade de São Paulo.  Não lhe aconselho a sair de seu abrigo, mas caso insista, vá preparada. Use a roupa especial e um bom estoque de água. Os sobreviventes sentem muita sede. E em nenhuma hipótese informe a localização do abrigo.    Se você tem víveres e água para uma semana, provavelmente antes disso o socorro chegará.  Não se arrisque inutilmente. Nada podemos fazer pelos mais atingidos, você sabe disso melhor do que ninguém.  Ah, não se esqueça de levar o rádio para podermos nos comunicar.

Madalena agradeceu, e estremeceu ao olhar para Fred, olhar esbugalhado, não querendo acreditar no sucedido.  Ele ainda era um rapaz  muito novo, embora um expert em bioquímica, um gênio mesmo, porém no terreno das hipóteses. Agora era a dura realidade que teriam que enfrentar. Ela ainda cogitou em deixá-lo no bunker, mas nunca se sabe o que uma pessoa aterrorizada é capaz de fazer. Ele vai comigo – decidiu, e tratou de tranquilizá-lo como podia. 

Vestiram as roupas especiais contra radiação que pareciam roupas de astronauta e colocaram muitas garrafas de água nas mochilas.  Antes de sair Madalena ainda tentou comunicação com sua sede e nada conseguiu. Ainda bem que ela havia feito comunicação com o serviço americano.  Eles iam acionar salvamento logo.

Subiram cautelosamente as escadas, Madalena não quis arriscar o elevador. Havia uma pesada porta seguida de pequeno espaço (que chamavam de gaiola) e logo depois a porta de saída, bem grossa.   Para tudo foi necessário usar cartões magnéticos especiais.   Fecharam a porta cuidadosamente e disfarçaram a entrada com galhos secos e o que tivesse ali por perto. E o que viram foi de estarrecer.

 Não havia muitos edifícios naquele lugar, mas tudo que estava de pé caiu no chão. Muitos escombros.  Não viram nenhum corpo, pelo menos aparentemente, o que ela achou preocupante.

Lembrou-se de seus estudos, após a explosão em Hiroshima.  Num raio de 960 metros da explosão, a bola de fogo com temperaturas semelhantes às do sol,  faria com que pessoas e objetos próximos simplesmente se evaporassem.  Parece que é o que tinha acontecido.

Depois viria a onda de pressão, os fortes ventos carregados de destroços que, somados às elevadas temperaturas certamente  matariam quase 98% dos seres vivos.

Quanto mais se afastassem do epicentro, maiores chances teriam de sobreviver, porém a que preço? A radiação causa morte celular  e, mesmo que as pessoas não morram nos primeiros seis meses, elas poderão vir a morrer de câncer, de problemas genéticos, ficarem estéreis ou deixarem uma herança maldita como  bebês mal formados, com deficiências em todas as áreas. 

É a mais próxima concepção de inferno que temos. Madalena pensava nisso tudo enquanto caminhava cuidadosamente pelos escombros, tentando localizar algum sobrevivente. Ia em direção do ponto de encontro de qualquer equipe de socorro que houvesse atendido aos seus pedidos de ajuda, para não ficar muito distante  do bunker. 

Não havia nem mortos por onde caminhou.  Só depois de um quilômetro, começou a perceber corpos deformados, horrivelmente, queimados, a pele saindo de seus corpos. Também animais mortos, cavalos  e jumentos, cães e gatos.

Quanto mais caminhavam para fora do que supunha ser o epicentro da explosão, que, em tese seria a Praça da Sé,  mais corpos iam vendo e aí começaram a  surgir  os  mortos-vivos; queimados, cambaleando pelos destroços, rostos derretidos, suplicando desesperados por água e socorro, o rio cheio de cadáveres.

 Mas, Madalena não queria desperdiçar seu valioso  estoque de água com pessoas que em breve,  estariam mortas.  Vou procurar os vivos que ainda tenham chances, pensou. Foi quando notou um grupo de pessoas sentadas perto de um toco de árvore, num morrinho, à primeira vista, parecendo bem. Sua aparição e a de Fred, vestidos com aquelas roupas, foi uma estupefação geral e um alívio também..

Observou que predominavam as mulheres, mas todos estavam machucados, alguns com queimaduras feias, um e outro com hematomas, possivelmente dos destroços que haviam caído com o vento nuclear. Todos com aparência de extrema estafa, roupas em frangalhos. Um senhor se aproximou de Madalena, pedindo notícias.

Madalena pediu a Fred para distribuir a água e informou:

— Fomos vítimas de uma explosão nuclear de baixo impacto – informou – Já acionamos os serviços de salvamento.  Temos que esperar o socorro aqui mesmo, visto que alguns de vocês não conseguirem mais andar.  Vou recalcular as coordenadas para a equipe de salvamento. Quantos vocês são?

— Somos dez, senhora. Ninguém aqui aguenta dar mais um passo. – pediu o mais velho daquele grupo, muito combalido.

— É só terem calma agora, o socorro está a caminho. Não se dispersem, há muita devastação por aí. Nossa missão era localizar sobreviventes e  pedir ao serviço de resgate para vir buscá-los. - Viu que havia alguém querendo falar pelo seu rádio e resolveu atender:

— Pois não,  com quem falo?

— Comandante Silva. Leopardo Pardo.  É a Dra. Lyra?

— Quem quer saber? – Madalena estava já preocupada em fornecer posição e nome.

— Já falei meu nome e senha, Madalena, pelo amor de Deus, estamos lhe caçando a tarde toda. Aqui é o Roberto.

— Ah, Roberto... Sou eu mesma, Madalena.  Vocês são da equipe de socorro? Tenho dez pessoas precisando de ajuda aqui.   A situação é catastrófica, um inferno, eu diria.  Mortos por toda parte. Nada funciona.  Conheço os efeitos da radiação e não há nada a fazer, a não ser retirar daqui quem ainda tem chance de sobrevivência. Como podemos fazer isso?

— Madalena, você não está no bunker? Céus!  O que está fazendo aí fora, doutora? Vou pedir para a senhora voltar o mais depressa possível ao seu abrigo e lá ficar. A situação está ficando muito perigosa. Eles a querem viva, mas não hesitarão em matar quem quer que seja para isso.

— Eles quem, Roberto? Eu sou apenas uma médica como outra qualquer e estou tentando resgatar sobreviventes, como é minha obrigação.

— A senhora é modesta demais. Não está descobrindo uma medicação ou uma droga que interrompe ou anula os efeitos da radiação que provoca câncer?  Eles estão atrás disso, doutora. E apenas para seus ouvidos, os “eles” a quem me refiro, são os velhos inimigos de sempre, os russos.  É o Sr. Putin querendo ressuscitar a “velha Rússia”.

— Vá para seu abrigo e fique atenta aos códigos de segurança, caso eles cheguem  antes de nós. A nossa senha é leopardo pardo, como eu disse no início. Já sei as coordenadas onde se encontra agora e estou mandando um helicóptero para resgatar este grupo de sobreviventes, porque, certamente, eles devem estar combalidos e fracos para caminharem.  Talvez em meia hora cheguem ai. Peça que eles se acalmem. Mas a senhora e o Fred vão imediatamente para o bunker, não podemos confiar em ninguém.

 Madalena levou um susto horrível.  E agora? Teria que voltar para o bunker e esperar socorro.  E como saberia se seriam amigos ou inimigos?

Chamou Fred e informou ao grupo que teria que seguir, que estariam logo bem. E iniciou o caminho de volta.  Fred ia monitorando o grau de radioatividade e ela verificou que era um pouco menor do que a observada em Hiroshima.  Quem sabe aquele grupo sobreviveria, afinal das contas?  Após quarenta minutos longuíssimos e terrificantes chegaram de volta ao bunker.  Parou antes para observar se não havia visitantes indesejados. Levou um susto quando viu uma viatura parada na entrada.  Seriam amigos  ou inimigos?

Foi quando Fred ofereceu ajuda. – Deixe que eu vou lá, doutora.  Digo que sou seu assistente e que a senhora foi fazer pesquisa de campo.

— Fred, eles podem lhe fazer de refém.  Não posso me arriscar.

— Doutora, não tem risco algum, sou peixe pequeno. Eu vou avisando logo que não tenho o cartão para abrir o bunker e esperamos. Ah, vou pedir a senha, assim sabemos logo se são amigos ou inimigos. Está bom? Enquanto isso, a senhora confirma com seu chefe sobre esta viatura, se são deles ou nossa. Estou levando meu receptor. É só a senhora me avisar. Dê dois bipes se a senha estiver correta e nenhum, se a senha for a errada.

E Madalena assim fez e ficou observando. Mal Fred chegou lá, foi cercado por seis soldados. Ele informou que era assistente da doutora e em dado momento, Madalena ouviu no seu rádio a voz dele: Sua senha é Lagarto verde, senhor? Tudo bem, logo que a doutora chegar, ela abre. Não tenho acesso ao cartão de entrada.

Não era a senha correta. E agora?  Nesse momento um helicóptero começou a sobrevoar a área, ostensivamente. Os soldados começaram a atirar e Fred aproveitou para correr dali.  E depois veio outro helicóptero, que acabou liquidando com todos os soldados da viatura. O piloto fez um sinal com o braço e prosseguiu viagem.

Do outro helicóptero, que pousou suavemente, saiu um comandante, acenando alegremente para ela...  Nossa senha é leopardo pardo, doutora. Está correta? Informou ele -  Meu sargento está levando aquele grupo para lugar seguro, estão montando barracas de atendimento fora da área de radiação. Não vamos deixar ninguém para trás, não se preocupe. Nossa preocupação primeira é com a senhora e o Fred.   Enquanto isso, vamos entrar no bunker e a senhora recolhe tudo da pesquisa, você também Fred.  Depois saímos logo daqui. Aqui não é  mais seguro, vamos ter que detoná-lo. Vamos ver o que o Comando Central quer com a senhora.  Com certeza, vai terminar esta pesquisa noutro lugar.  Esse já é conhecido.

Piscou o olho, tentando sorrir, querendo aparentar calma, numa situação de tanto perigo.  Sabia que viriam outras viaturas ou helicópteros, eles jamais desistiam.  Porém olhando para aquela cientista ainda moça e tão dedicada, desconhecendo o valor de seu trabalho e pensando apenas em resgatar sobreviventes, seu coração, endurecido por tantos embates, até amoleceu, ele se comoveu como não fazia há muito tempo.  Enquanto tiver gente assim, - pensou, -  o mundo vai se transformar num lugar melhor para se viver.

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