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A MORTE DO CISNE - M.Luiza de Camargo Malina



A MORTE DO CISNE                                                                                M.Luiza de Camargo Malina

Nas grandes ou pequenas apresentações estavam presentes. A família adaptou-se a nova rotina, até o momento em que Elisabeth casou-se com o coreógrafo, o que a ajudou na convivência solitária.

Entre ruidosos e implacáveis comentários da imprensa, a maturidade mostrou a fragilidade da  vida artística. Blindados, nada os perturbava, ao contrário, se esmeravam mais no próximo treino. A adrenalina os aproximava. Gostavam dos novos desafios.

Apresentaram-se na Rússia. Os pais desta vez não ocuparam os lugares combinados. Em vão, os olhinhos não perderam o hábito e espionar a plateia. Sentiu um aperto estranho no peito. Julgou tê-lo visto apoiando-se  nas mãos da mãe. Olhou novamente. Certificou-se. Não eram eles.

O marido, intrigado percebeu a mudança de expressão. Aconchegou-a junto a si, afirmando que a apresentação na mudança da performance, será uma surpresa e sucesso. Ela, sem saber o porquê, dedicou esta apresentação ao pai.

Bolero de Ravel. O abrir da cortina com seu posicionamento no meio do palco, desenvolvendo os novos movimentos, intercalados com repentinas quedas no chão, fez com que os espectadores emitissem sons de surpresa, ouvidos nos bastidores. Estavam frente a um espetáculo incomum ao tradicionalmente esperado. Um verdadeiro teatro. O corpo solitário se movimentou em um último suspiro, provocando a morte do Cisne, que já não era mais cor-de-rosa e tão pouco contido na leveza do voar.

O palco silenciou dramaticamente. Foi preenchido pelo “Oh!” da plateia que, se levantou em aplausos. Fez-se um minuto de silêncio. Em seguida a música original acompanhou a saída dos espectadores.


No camarim, a equipe a recebeu entre lágrimas. As lágrimas não mais amorteciam seus pés. Recebeu a trágica notícia da morte repentina do pai.

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