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FOI NO CARIBE! - Carlos Cedano

 

FOI NO CARIBE!
Carlos Cedano

Propus pra Denise irmos a passar o fim de semana no litoral. Precisávamos conversar sobre nossas vidas. Após de dezoito anos de casados senti que algo não ia bem, estávamos distantes e frios na nossa intimidade, nossos diálogos pareciam de surdos, ninguém escutava o outro e quando um parecia estar escutando o entendia de modo diferente. O desentendimento se acentuou e a gente já não se achava nem nas próprias palavras, a conversas viraram um enredo kafkiano e as brigas de pior em pior.

A proposta de irmos para a praia foi um esforço pra salvar nossa relação. Achava que a proximidade dos amigos e familiares que, sob o pretexto de ajudar a salvar nosso casamento interferiam nas nossas conturbadas vidas. Ela aceitou de bom grado.

Descer até o litoral foi como uma trégua de algumas horas. Denise estava gentil e atenciosa, isso me criou a ilusão de um possível entendimento, torcia pra mim mesmo! Chegamos ao hotel e cada um foi pra seu quarto, mas antes perguntei pra ela a que horas gostaria de jantar. Ela respondeu que estava sem fome e que o melhor seria ir a um bar onde pudéssemos conversar sem interferências nem restrições e concordei.

Às dez horas da noite nos encontramos no bar do hotel, como estávamos em baixa estação o bar apresentava-se como lugar ideal, tinha muitos lugares para uma conversa privada e sem interrupções. Sem salgadinhos, nem tira-gostos, só vinho e agua mineral.

Denise foi direta, até o momento ela nunca tinha tocado no assunto que agora me contava, me disse que estava apaixonada por um cara que conheceu no último cruzeiro que fez sozinha para o Caribe. Foram amantes já durante a viagem e estava decidida a morar com ele, era um engenheiro italiano que trabalhava numa grande empresa de construção ferroviária em Milão. Queria partir o mais rápido possível e pediu minha compreensão pra facilitar a separação.

Quando perguntei quanto tempo se o conheciam me disse que dois anos, justo o tempo em que percebi que ela estava mudando! Pela firmeza de suas palavras me dei conta de que não adiantaria lhe pedir pra reconsiderar ou ficar. Ela estava bem decidida e meu amor próprio já tinha chegado ao limite.

Inesperadamente me disse que queria aproveitar que a noite estava quente e a lua em seu esplendor, subiria até seu quarto para botar um biquíni e ficar na areia frente do nosso hotel. Não falei nada e ela foi embora a trocar de roupa.


Pouco tempo depois fui até a praia e ela já estava lá. As ondas chegavam mansas e frias aos pés de Denise. O corpo teso erguia-se como esfinge morena tendo a lua a sua frente. Seus pensamentos estavam do outro lado do oceano naquele instante...

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