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O sapo - Oswaldo Romano


 

O SAPO
Oswaldo Romano                                                

        Tenho muita sorte ter nascido sapo. Vivo numa tranquilidade invejável, confunde-me com o mato ou a lama. Isso não acontece com a chata da perereca. Vive se escondendo, mas pula, pula esticando e mostrando suas horríveis pernas finas, finas e cheias de manchas.

        Quando a garotada da Dercy caça a perereca, ela logo a prende na gaiola. Maneira de segurar em casa a perereca e seus filhos. Dercy é uma boa praça, é camarada, logo se arrepende e solta a perereca para a alegria da molecada.

        Xô perereca, xô perereca. E lá vai ela mostrando suas gambias nervosas e dedos esparramados.

        Andou por aqui também a prima das pernas grossas, são anuras cobiçadas pelo bicho homem, conhecidas como graciosas rãs.


        Estou contente de ser sapo. O bicho homem tem pavor do meu esguicho quente, quando urino. Ao contrario das procuradas primas, quando me veem desviam. Gostam mesmo, só do meu coaxar. Às vezes me levam para tanques das finas residências. Dizem que meus coaxares os ajudam dormirem. Mal sabem eles que estou atrás e chamando as pererecas para uma boa noitada.

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