Conto : Dama de Honra
Na mais tenra infância, Clarinha era sempre chamada para ser
daminha em casamentos.
Encarava até bodas de prata e ouro, com caquéticos casais
querendo aquecer seus votos.
Também, bonitinha engraçadinha e risonha.
–
Ah ... ela vai adorar!
Agradecia sua mãe o convite.
–
Não é, Maria Clara?
Quando chamada assim, pelo nome
composto, Clarinha nem ousava retrucar.
E lá ia ela, boazinha.
Obediente, passava meses
experimentando vestidos bufantes, anáguas, meias rendadas e sapatos de verniz.
Com arquinhos nos cabelos armados, duros de laquê, era presenteada com joias de
minúsculas pérolas e sentia-se satisfeita.
A cestinha de prata, foi guardada
toda uma vida, mais rodada, impossível.
Clarinha nem sabia bem se gostava
de ser daminha, mas na hora H, tirava de letra.
–
É só ir até o altar pelo meio da igreja, e
sorrir? Dá aqui logo essas alianças!
Pajens empacados, companheiras
emburradas, pares afoitos que acabavam por derrubar as almofadinhas encantadas,
Clarinha contornava todos os percalços.
Dona Maria Clara nunca teve a
honra de cruzar a nave vestida de noiva.
–
Para que tanto treinamento?
Praguejava ela, risonha e
banguela!
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