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UM TELEFONEMA ESTRANHO NA MADRUGADA - Oswaldo Romano




UM TELEFONEMA ESTRANHO NA MADRUGADA
 Oswaldo Romano


         Dei um salto. Ninguém consegue ficar imóvel tocando o telefone ás três da madrugada.

         Pensei duas vezes antes de atender. Como não era a cobrar, aguardei um instante e dei meu:

         — Alôooo.

         — É o senhor Oswaldo Romano?

E agora... falar o que.

         — Não, é o guarda João. Quem nessa hora quer falar com ele?

         — Dr. Maurício da 33, delegacia da polícia de Pirituba.

         — Dr. Maurício, posso até acordá-lo. Mas como saber que o senhor é o senhor mesmo, desculpe.

         — Tem caneta? Ligue para a Central 76587658392 , peça o telefone da 33 e com urgência ligue, espero retorno.

         — Tá bão dotô faço isso.   E fiz, e retornei.

         — Por favor, quero falar com  o Dr. Maurício, diga que é Oswaldo Romano.
         — Seu Romano? Sou o Dr. Maurício da 33.

         — Dr. O que aconteceu? Algum caso grave?

         — Fique calmo, não é grave, mas como é urgente decidi ligar. Vejo na pasta um B.O., no qual o senhor reclama ter sido roubado. Consta sua mala de serviços, contratos, etc., e o celular. Confirma Sr. Romano?

         — Oba! Acharam?

         — Nosso detetive Herculino prendeu um suspeito com as características anotadas no B.O. Este cidadão, tem 1,70, moreno, magro, rosto afilado, cabelo a lá Wilmar. Esteve preso, talvez fugitivo, vamos apurar.

         — Isso doutor, os dados batem, prenda o homem. Provavelmente é ele o ladrão. Está com a mercadoria roubada doutor? É assassino, me diga doutor-  É... ASSASSINO? Já esperava!

Nessa hora minha mulher acorda.

         — Meu Deus! O que aconteceu, fala. Santo Pai Nosso, quem morreu? Quem é assassino. Com quem você esta falando?

         — Calma, calma... É da polícia.

         — Como calma, Santa Maria!

         — Ela pulou da cama e começou a se trocar.

         — Amor... Espere amor, deixa eu explicar...

         Também pulei da cama, derrubei o telefone, escutava alô, alô, alô quase me esqueci do doutor. — Doutor, desculpe doutor. Fique na linha um momento. Ela tremia, mas logo  senti, ela teria caído em si. Fui falando do roubo, pegaram um ladrão... Enfim fui acalmando. Ela e eu.

         — Desculpe doutor, como eu ia dizendo... Não era o senhor quem contava... Bem, amanhã logo cedo chego ai.

         — Seu Romano, não posso.

         — Não pode o que doutor?

         — Não posso segurá-lo sem que haja flagrante ou seu reconhecimento.
         — Sim doutor, estou entendendo. Mas...

         — Sr. Romano. Sua pasta, seu celular, não são importantes? Depois do reconhecimento poderemos resgatá-los.

         — Claro doutor, tem contratos, contas e todo meu material da Oficina do CAP...

         — O senhor é mecânico?

         — Não doutor, depois explico melhor. O doutor pode mandar uma viatura me buscar?
         — O senhor é deficiente?

         — Não, não doutor. O senhor sabe que nesta hora da noite eu ir até ai, com certeza serei assaltado, além de tudo vão roubar também o meu carro...

         — Senhor Romano, vamos resolver o seguinte: Amanhã cedo, o senhor chega aqui e procura com o policial Hercul..........toq-toq-toq-toq

         - Hiiii amor, cortaram a linha! Vou esperar...

Passado tempo de expectativa, uns cinco minutos, e como ninguém mais ligou p´ra ninguém, resolvi:

         — Amor, vamos dormir?

         — É, você não tem consideração. Precisava me acordar esta hora da noite?


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