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O Sonho - Mario Augusto M. Pinto





O Sonho.
Mario Augusto M. Pinto

Ao redor de 1960 a TV Record com seus Festivais de Música e Teatro de Comédia dominava o chamado Horário Nobre da televisão. Entre os programas de maior sucesso estava o da Família Trappo apresentado por artistas como Otello Zeloni, Jô Soares, Golias e o cômico português Raul Solnado várias vezes como convidado.

Em um programa da Família Trappo compareceu o Raul e contracenou com o Zeloni, ambos contando um sonho.

Z recebeu RS no palco do teatro Record.

Z diz a RS que estava muito contente em recebê-lo, faz muita festa, gesticula e pergunta ao RS:

-Quando você chegou?

-Agora mesmo.

-De avião? Fez boa viagem?

-Vim pela Varigue e fiz muito boa viagem. Logo que entrei um homem anunciou que ele comandaria o voo; fiquei muito tranquilo, pois se o avião caísse a responsabilidade era dele. Dormi e até sonhei.

-Por falar em sonho, esta noite eu também sonhei, diz Z. Sonhei que minha mulher...

-Tua mulher é ótima!

-...Deixa pra lá. Ela me acordou de madrugada toda agitada dizendo que queria comer uns doces da padaria do Bairro do Limão. Minha filha, disse eu, a estas horas não há ônibus nem taxi. É muito longe!  Ela insistiu e eu fui comprar os tais doces. Era ir e voltar a pé.

-Pois eu também sonhei. Sonhei que estava aqui em SP andando pela rua perto do hotel admirando as mulheres quando vi a Brigitte.

-Brigitte?

-Sim. A Brigite Bardot.

-Que coisa!

-Pois então. Ela me viu, nos abraçamos com aquele abraço, você sabe, e fomos tomar um chope no bar do hotel. Era assim: um chope, amendoim; mais um chope e amendoim. Bebemos muito chope e comemos muito amendoim. Conversávamos quando lá pelas tantas olhei para a porta do bar e, advinha: quem eu vi?

-Ora não sei, mas conta logo, diz Z.

-A Sofia Loren exuberante como ela só, dizendo Raul, dá cá um abraço - imagina o abraço – e ela aceitou tomar uns chopes e comer amendoim. Depois subimos. Foi uma noite de loucuras. Podia ter sido melhor, mas eu era um só com duas mulheronas...

-Raul, você é meu amigo. Por que não me telefonou?

-Telefonei.

-Telefonou?

-Sim, pois. Telefonei, perguntei por ti e a tua mulher disse-me que tinhas ido comprar doces no Bairro do Limão!  

Muda a cena com a entrada de outros atores.  

                                                                 

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