A grande mentira
Mario Tibiriçá.
A fazenda São João
estava engalanada pela festa de despedida de Fernando, filho do austero milionário
fazendo João Baptista de Souza, que embarcaria para a França, onde em Paris,
iria estudar na famosa Universidade Sorbonne, e cujo embarque se daria em poucos
dias, no vapor francês “Julio Cezar”.
Desembarcando em
calais quinze dias depois, Fernando ainda teria alguns dias para conhecer
Paris: museus, palácios, concertos e principalmente os cabarés. As aulas poderiam até ser adiadas por alguns dias.
A bebida e as
noitadas aos poucos se tornaram hábitos. A faculdade acabou abandonada pelo
jovem, que escreveu ao pai pedindo mais dinheiro, já que os livros estavam
muito caros.
Assim foram os
acontecimentos por dois anos, bebidas, farras, maus amigos, e muitas mulheres.
O milionário sul-americano gastava a rodo!
Já as cartas contavam
ao pai que os estudos iam de vento em popa!
O velho orgulhoso com
as notícias, resolveu visita-lo, e em alguns dias já estava em Calais. Ao tomar
conhecimento da súbita chegada do pai, Fernando apavorou-se. O encontro foi
terrível! Não houve como contornar a situação, e ao final o pai, tomado pelo
monstro do ódio em seu interior, determinou:
— O senhor está
deserdado! – berrou o pai.
Sem dinheiro, sem
amigos, também desapareceram as namoradas.
Fernando passou dias amargos em Paris. Depois de muitos contratempos,
voltou ao Brasil como foguista de um navio que iria para a Argentina.
A mentira tem perna
curta...
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