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O VERSO MAIS LINDO - Dr. Oswaldo U. Lopes

 

   


      

O VERSO MAIS LINDO

Dr. Oswaldo U. Lopes

 

Contam que Guilherme de Almeida elegeu o verso mais bonito da língua portuguesa, o seguinte:

— E tu pisavas nos astros, distraída.

Tão bonito que até propôs trocar o nome da música do Orestes Barbosa para “Chão de Estrelas”.

Não discuto a escolha de Guilherme de Almeida, falta-me desde qualidade, até fama e jeito poético. Aliás, sou tão estranho no mundo dos poetas que escolhi como verso dos mais lindos, um verso que não é verso, mas uma simples frase de uma peça teatral. Autora: Maria Clara Machado.

Peça; Pluft, o fantasminha.

Frase: Mamãe, gente existe?

Tantas ideias vêm junto que Pluft se tornou um clássico do teatro infantil. Eu assisti umas duas vezes acompanhado das minhas crianças (uma ótima desculpa). Não é fácil encontrar um ator mirim que tenha a idade certa e o momento certo para fazer o Pluft. Ele pode já ser muito velho e não convincente (se preferirem pode não ser consebastião, como brincava o meu inesquecível técnico Alexandre–da USP)

Sempre achei, e continuo a achar, a ideia do fantasma que tem dúvidas se gente existe, genial, com múltiplas possibilidade e encaminhamentos. Pluft está perguntando se gente existe, dando certo e claro que ele, fantasma, existe e até já viu gente.

O teatro infantil sempre me agradou, lembro-me bem de, em Londres tínhamos uma frisa para assistir Peter Pan, e o Capitão Gancho, vinha pela borda da frisa com seu gancho espetado cutucando o veludo da própria. Meus dois filhos ficaram assustados para valer e eu fiquei sério, minha mulher ria muito e o teatro todo era lindo visto dali. Além do capitão Gancho outros atores passavam pela frisa: Peter Pan, Wendy e até Sininho.

O que nos leva a outro personagem, este real, chamado Sr. Nuarc que tinha uma lojinha a cem metros de casa numa pracinha no bairro de Hampstead. A sala dele era minúscula, tinha um balcão onde ele atendia e atrás armários cheios desses vãos que se veem em hotéis, onde ele enfiava misteriosos envelopes. Em meio aos armários, uma porta dava pra trás, certamente não tinha jardim ou quintal. Tenho-a ainda na minha cabeça, mas não é fácil descrevê-la.

Você chagava e pedia quatro lugares para assistir Peter Pan. Ele dizia que por esse preço melhor comprar uma frisa. Estas, argumentava ele, não eram tão mais caras e ofereciam um espetáculo inesquecível. Para variar o Sr. Nuarc tinha toda razão. Mas o incrível é que ele arrumava ingressos para quaisquer espetáculos e sempre os melhores lugares. Quando você ia conferir os preços no teatro de verdade, eram os mesmos, ele não cobrava nenhuma comissão. Se você acha que o Sr. Nuarc era só lugares no teatro, está sumariamente enganado.

Queríamos passar o Natal na Áustria e fomos consultá-lo. Arranjou-nos por um preço muito acessível uma estação de esqui na Áustria, Fiberbrun, maravilhosa, quase junto a Salzburg, a terra do Mozart, onde passamos um dia inesquecível.

Estamos falando dos anos entre 1974–1976, certamente não encontraríamos, hoje, estas facilidades a cem metros de casa, com opiniões e conselhos que a Internet não nos dá.

 

 

Um comentário:

  1. Anônimo2/06/2025

    Quanta lembrança boa, dr. OSWALDO! SEUS FILHOS TÊM MUITO QUE RECORDAR.

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