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A COMPULSÃO = Antonia Marchesin Gonçalves.

  




A COMPULSÃO

Antonia Marchesin Gonçalves.

 

                        Tenho que conseguir o mais rápido possível a procuração da minha mãe e irmã, pois já consegui do meu irmão Ronaldo, falou Branca para seu adversário de jogo. – Não me interessa como você vai fazer, mas te dou 48 horas para você pagar o que me deve, senão vai pagar com a vida ou eu invado a sua casa. Branca estava na fase de ganhar e até quebrar a banca. Mas a sorte mudou e ela estava prestes a perder tudo e perdeu. Poupança, dólares economizados por anos pela mãe já tinham ido.

                        A vizinhança onde moravam ela e a mãe, todos haviam ajudado. Teve os melhores empregos, até ganhando bem, mas sempre saía deles dando mil desculpas, inclusive de assédio dos chefes, mas sempre era por pedido emprestado dinheiro de todos os colegas. A mãe a recolhia cada vez de volta em casa, já viúva, vivia modesta e feliz com a sua única casa, construída pelo marido. Essa filha não tem sorte, dizia. Bonita e vistosa, Branca vestida sempre bem, chamava a atenção, com seu carisma de infortunada, convencia a todos a lhe dar ajuda.

                        Telefonou para a irmã dizendo que iria vender a casa, pois não suportava mais viver nela, disse que o Ronaldo já havia dado a procuração, - preciso da mamãe e sua. Nessa época, a mãe doente morava com a irmã, essa nem desconfiava das dívidas, muito menos a ponto de morrer e por motivo de jogo em cassinos clandestinos. À noite, ela estava com uma senhora do cartório e um senhor de boa aparência, usando a acompanhante da mãe como testemunha. Nesse período, a mãe ainda conseguia assinar, a irmã não teve alternativa, teve que assinar também.

                        Assim, a casa da família se foi. A esperança da mãe era de retornar para sua casinha, ela nunca soube da verdade. Outra verdade era o ódio que ela nutria pela mãe, por ser muito rebelde desde pequena, apanhara muito dela, foi à forma de se vingar, fazia questão de falar abertamente.

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