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UMA NOVA PERSPECTIVA DE VIDA - Ledice Pereira

 



UMA NOVA PERSPECTIVA DE VIDA

Ledice Pereira

 

A viagem para Sidney, Austrália, foi longa e cansativa, com uma parada de quatro horas no Chile e uma descida na Nova Zelândia.

Gilberto havia sido contratado para o cargo de Diretor de Criação da Agência de Publicidade J. W. Thompson, em Sidney, um cargo de responsabilidade e capacidade para o qual ele era extremamente competente.  Tinha o corpo doendo, as pernas adormecidas, estava exausto. A Agência mandou um carro buscá-lo. No trajeto até o hotel, tentou cochilar. A cabeça latejava.

Depois dos trâmites no hotel, finalmente encontrou-se no quarto. Precisava deitar-se. Tinha que esticar as pernas. Ficar na horizontal. O banho ficaria para depois.

Não soube dizer por quantas horas dormiu. Estava confuso. Seu relógio marcava catorze horas a menos do que indicava o rádio relógio de cabeceira. Abriu a cortina. O sol penetrou, clareando tudo. O corpo não queria se adaptar, ligou para a recepção, pediu um café completo, estava faminto. Acordou com as batidas na porta.

— Pode entrar! – Gritou.

Mais batidas. Levantou-se meio cambaleante e abriu a porta.

— Good morning, your breakfast.

Deixou que o homem apoiasse a bandeja na mesinha e saísse. Como um autômato, devorou tudo aquilo. Sentiu uma pontada no peito. Tudo escureceu. ................................................................................................

Acordou num quarto todo branco. Com tubos por toda parte. Um barulho ritmado. Uma mulher de branco entrou sorrindo. Falava inglês.

Onde estava mesmo? Que estranho! Não conseguia lembrar-se de nada.

Doctor Robert contou-lhe que estava ali há quinze dias, sofrera um infarto. Felizmente, fora socorrido pelos funcionários do hotel que o encaminharam para o hospital. Ali, após os exames, constataram a necessidade de inserir um Stent no interior de sua artéria comprometida. Estava fora de perigo, mas teria que seguir algumas prescrições.

Estava em Sydney, Austrália. Sua família, comunicada pelo dono da Agência, viera imediatamente e autorizara o procedimento. Aliás, todos, estiveram ali todos os dias, inclusive o preocupado patrão.

Olhou no relógio. Eram oito horas. Explicaram-lhe que o horário de visitas era a partir das onze.

— Meu Deus, eu poderia ter morrido. A vida é um sopro!

Nunca, três horas demoraram tanto a passar. O abraço demorado, trocado com a mulher e os filhos, naquele dia, teve um significado especial, mais forte, de gratidão, de esperança, de fé, de um amor infinito.

Indícios de que ainda seriam muito felizes naquele lugar tão distante.

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