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Um caldeirão com uma poção mágica bem diferente - Yara Mourão

 


       

Um caldeirão com uma poção mágica bem diferente

Yara Mourão

 

Naquele dia era véspera de Halloween.

Natália adorava brincar de bruxa e de fazer bruxarias. Então, ela pegou um chapéu preto, a camiseta que tinha uma aranha desenhada, uma vareta torta que ia ser a varinha mágica, e se preparou para o dia seguinte.

Foi até dormir mais cedo, porque estava com pressa do dia das bruxas chegar.

Então, Natália dormiu... E aí, sonhou. Sonhou que ia caminhando, pé lá, pé cá, pisando nas folhas secas que faziam um crac crac assustador, até chegar no meio de uma floresta mágica, onde tinha uns bichos esquisitos, umas árvores com braços e caras de gente, e uma fogueira acesa com um caldeirão em cima dela cheio de coisas fervendo...

Saia a maior fumaceira desse caldeirão. Mas tinha um cheiro bem gostoso, de perfume de neném!

Ela adorou o perfume e no sonho até quase acordou. Só que não. Continuou dormindo e sonhando que ela era a bruxa que mexia nesse caldeirão, de onde ia saindo uma fumaça que fazia uma nuvem cor de rosa, igual ao algodão doce que ela tinha comido na escola. É que as poções mágicas que estavam ali eram muito poderosas.

Ela não percebeu nada estranho acontecendo, até a hora em que achou que o caldeirão estava ficando muito grande, e que, mesmo de pé em um banquinho ela não conseguia mais olhar dentro dele!

Depois, ela viu que suas mãozinhas já não conseguiam segurar mais a varinha mágica nem mexer a mistura, que cada vez cheirava mais forte a coisinhas de bebê...

Natália ficou muito preocupada e quis gritar para sua mãe vir ajudá-la. Mas aí, - meu Deus do céu! – Ela não conseguiu nem falar e só começou a chorar, fazendo beicinho que nem uma criancinha pequena!

Ela ficou pensando, no sonho, e descobriu que a poção mágica daquele caldeirão fazia as pessoas irem diminuindo, diminuindo, ficarem bem pequenininhas, até virarem bebês!

Então ela ia virando um bebê, assim sozinha, no meio da floresta mágica!!!

De repente, Natália deu um pulo na cama! Acordou! Ah! Até que enfim! Ainda bem que era só um sonho, na verdade, um pesadelo!

Mesmo assim, ela nem fez festa de Halloween no dia seguinte.

Mas...não sabe bem porque, ela acordou com uma vontade tão grande de chupar uma chupetinha...

O segredo do Castelo - Ledice Pereira

 



O segredo do Castelo

Ledice Pereira

 

Aquele casarão escondido no meio de tantas árvores era tido como

mal-assombrado.

Ditinho tinha sido alertado para não chegar perto dali. Mas quem disse que o menino obedeceu? A curiosidade foi mais forte.

O garoto chamou a turminha de amigos, tão levada quanto ele, e os convenceu a descobrir o segredo do casarão.

Os adultos chamavam de castelo, mas pra ele castelo tinha um monte de torres e era bonito. Aquele era escuro, coberto por uma folhagem que escondia até as janelas.

Munidos de ferramentas que pegaram dos pais, os intrépidos meninos rumaram para lá, chegando bem perto da entrada, pé ante pé.

A casa parecia estar vazia e, apesar de estarem com medo, tentaram abrir a porta. Rui havia trazido um pé de cabra. Acontece que não tinham força suficiente para usar o instrumento.

Como a janela fosse alta, resolveram fazer uma escadinha humana e Júnior, o menorzinho, foi o último a subir, com a intenção de abrir e pular para dentro. Combinaram que, uma vez lá dentro, ele viria abrir a porta para os outros. Simples assim.

O pequeno, depois de muito, conseguiu pular para dentro, usando uma pequena fresta.

Nunca mais voltou.

Os outros ficaram ali aguardando, aguardando, o dia virou noite e nada.

Os meninos não sabiam como iriam contar para os pais. E o pior, como contariam para os pais de Júnior. Afinal, haviam infringido uma regra familiar e iriam com certeza ser castigados por isso.

 

O conde de Lemim - M.luiza de C.Malina

 



O conde de Lemim

Maria Luíza de C.Malina

 

O frondoso Carvalho vivia no mais alto da montanha. O tempo esquecera-se dele. Todo desgrenhado observa a linda vista para o vale, sentindo a vida. A Sombra, amiga e refrescante, é a confidente silenciosa das grandes histórias contadas ao seu pé.

Adora escutá-las. Ri das cócegas que lhe fazem quando encravam um coração com o nome dos apaixonados, em seu tronco. Deseja passar por uma experiência igual.

Certa noite, admirando a lua cheia, roga que, por apenas uma noite possa se transformar em um ser humano igual aos enamorados que o visitam.

Seu pedido, em passo de mágica, foi aceito.

Transformado em um rapaz forte, muito alegre e de boa aparência, caminha assobiando lindas canções. Ao se aproximar da praça no pequeno vilarejo, encanta as moças que logo o rodeiam. Os rapazes, sentindo-se traídos pelo forasteiro, aproximam-se querendo expulsá-lo.

O alvoroço toma conta. A confusão dos socos, entre os rapazes, chama a atenção dos mais velhos para apartar com a bagunça. Qual não foi a surpresa do ancião reconhecer seu amo, gritando:

— Parem todos. Ele é Conde de Lemim!

Os jovens param, entreolham-se estupefatos e, julgando que o ancião caducou de vez, em chacota continuam a brigar entre si.

O frondoso Carvalho escolhe a moça mais bonita. Puxa-a para um beco estreito, num abraço apertado, escondendo-a debaixo de sua capa verde. Desaparecem.

Nunca mais a moça foi vista.

Ele se vê transformado em um homem idoso, tão idoso quanto seu tronco. Sua sabedoria é a luz da vela. Os velhos galhos lhe compõem os braços e dedos da mão.  Carrega consigo uma vela acesa presa a um candelabro.

O Carvalho é o senhor dos bosques. Elegante com o manto verde, a cartola e uma echarpe vermelha da cor dos amores secretos, está sempre à procura de sua amiga, a Sombra fortuita, que à noite lhe foge de seus braços.  

Insiste. Não a encontra. Com a vela enxerga apenas sua própria sombra, do homem em que se transformou, por roubar a donzela. Posiciona a vela de tal maneira em que se vê refletido na lua.

Encanta-se!

Dizem que, na primeira noite de lua cheia, ao sentar-se embaixo do carvalho da colina, pode-se ver refletida na lua a imagem, do poder narcisista, do Conde de Lemim abraçado à sua donzela.

 

C. Guinho - Ledice Pereira











Morcego, Caverna, Desenho Animado


C. Guinho

Ledice Pereira

 

Era uma vez um morceguinho nenê. Vivia pendurado na mãe, Dona Morcega que era uma mãe muito dedicada e cuidadosa com ele.

Mas, naquele dia, ou noite, ela teve que se afastar por alguns minutos para buscar algo para dar de comer ao filhote e, ao voltar, procurou C.Guinho, como o chamava, por toda parte e não o encontrou.

Dona Morcega voou, daqui pra lá e de lá pra cá, procurando em cada cantinho, por entre as tábuas do telhado, sem sucesso.

— Onde terá ido C. Guinho? – Perguntava chorando e tremendo desesperada.

Enquanto isso, C.Guinho desbravava o telhado pelo lado de fora. Saíra por um buraquinho de uma das telhas e descobrira um grande quadrado para onde se dirigiu, caindo, no que soube mais tarde, que era uma chaminé. Ali havia um calor que nunca havia experimentado antes. Sorte que a lareira já estava apagada.

Dormiu em cima daquelas tábuas quentinhas sem se preocupar em dar notícias à mãe. A fome, no entanto, o acordou de madrugada e ele tentou voltar pra junto dela. Como não conseguiu, começou a gritar o mais alto que pôde até que a mãe, que a essa altura estava exausta de tanto procurar, ouviu os gritos, reconhecendo aquela voz que ela conhecia tanto.

De castigo, ele ficou amarrado ao telhado, de cabeça pra cima, por uma semana. Sentiu a falta do aconchego que sempre teve com Dona Morcega, mas, por outro lado, começou a ver aquele lugar de uma nova perspectiva, descobrindo, por exemplo, que aqueles enfeites eram muito mais bonitos do que sempre enxergou. Aqueles negócios, presos à parede, que não sabia que eram quadros, tinham figuras que nunca entendera. Gostou de estar de cabeça para cima, ele, que sempre estivera pendurado pelos pés, descobria agora um novo mundo. O castigo servira para isso.


A floresta de Grofis - Ledice Pereira

 



A floresta de Grofis

Ledice Pereira

 

René adorava se embrenhar naquele bosque que havia na cidade onde costumava passar férias, na casa de seus avós.

Ali, ficava solto, livrando-se das ataduras do seu condomínio na cidade grande.

Sentia-se livre, independente no alto dos seus oito anos.

Rubens, seu amigo de férias era vizinho dos avós, bem mais velho, conhecia tudo por ali.

O bosque ficava a quinhentos metros de lá. Não havia perigo.

Após o almoço, dirigiram-se para o lugar. René sabia de cor o que encontraria ali, os balanços, as árvores tombadas que adorava escalar, o vendedor de sorvetes e o da pipoca doce...

Uma coisa, entretanto, chamou a atenção do menino. Um mato estranho que crescia entre as folhagens. Aquilo era novo para ele. Tinha uma cor escura e parecia ter pernas ou fios que se enroscavam em toda parte.

— São grofis, disse-lhe Rubens. Cuidado para não enroscar nas suas pernas. Surgiram por aqui há uns quatro meses e crescem descomunalmente. Não adianta cortar, nem tentar arrancar, pelo contrário, quanto mais cortam ou arrancam, eles parecem crescer mais. Está vendo aqueles caras de boné, lupa e ferramentas? São biólogos e estão estudando a origem dos grofis. Um deles, aquele mais alto, ficou com as pernas presas nos fios e foi um custo para o tirarem dali. Vieram até os bombeiros.

René deixou Rubens ali entretido e foi saindo bastante assustado, ao mesmo tempo que curioso e intrigado. Falava consigo mesmo:

— Essa, preciso contar pro pessoal lá em São Paulo. Eles não vão acreditar. Amanhã vou pedir pro vovô me emprestar o celular pra eu poder fotografar. Que planta mais estranha! Tá louco.

No dia seguinte, sem a companhia de Rubens, René munido do celular do avô, dirigiu-se para o bosque. Queria registrar tudo. Achava que ninguém acreditaria na história dos tais grofis. Iriam rir dele.

Lá chegando, aproximou-se do local, sem perceber que as folhagens estavam mais espalhadas do que no dia anterior. Distraído com o celular, tentando fotografar, foi alcançado por aqueles fios e sentiu-se deslocando-se sem que tivesse força pra se equilibrar. O celular caiu de suas mãos, perdendo-se no emaranhado de talos, e quanto mais ele tentava alcançá-lo, mais sentia que não comandava suas pernas. O menino entrou em desespero.

Pessoas que chegavam ali não tinham como socorrê-lo.

Rubens, que fora chamá-lo após o café da manhã, ao saber que ele já havia se dirigido para o bosque, correu para lá, pressentindo que o amigo poderia estar em apuros. Ao chegar, vendo aquele amontoado de gente, gelou.

Ao ver René, desesperado, tentando escapulir daqueles fios que pareciam ter vida, gritou com toda a força de seus pulmões:

— Socorrooooo!  Por favor, chamem os bombeiros!

Com o grito desesperado do garoto, aquele monte de gente parada, olhando sem nada fazer, acordou. Uns passaram a ligar para a Polícia, outros para o Corpo de Bombeiros, até que uma viatura parou ali, trazendo ferramentas que pudessem salvar o menino que já perdia as forças, soluçando desesperado.

A notícia correu a cidade pequena, chegando à casa dos avós de René, que imediatamente ligaram para o socorro e dirigiram-se para o local.

Ao ver os avós, René que começava a ser socorrido, desmaiou no colo do bombeiro.

O celular com as fotos, ficou perdido no meio dos grofis.

 O caso foi assunto da reportagem do jornal local, cujos exemplares o avô comprou vários, para que a aventura jamais fosse esquecida.

Os pais, que deveriam vir buscá-lo somente no final do mês, sabendo do acontecido, anteciparam a vinda.

Passado o susto, René, que nem quis mais voltar ao bosque, teve que contar e recontar a história inúmeras vezes, sentindo-se uma espécie de herói, embora, intimamente, ainda tremesse de medo pelo que poderia ter acontecido.    


A VÓ QUE TIVE — A VÓ QUE TENHO — A VÓ QUE OUVI DIZER - 22 de agosto de 2023

 







A VÓ QUE TIVE — A VÓ QUE TENHO — A VÓ QUE OUVI DIZER




Ainda podemos complementar com: 

A VÓ QUE SEREI.

A VÓ DA VÓ, etc.

Ontem falamos sobre avó e netos, sobre a importância desse convívio.

Da mãe, a escritora Ruth Rocha ouviu as primeiras histórias de que lembra, anedotas de família. Mas foi o avô Ioiô que incendiou sua cabeça com os contos mais maravilhosos e impressionantes dos grandes autores da literatura infantil. Pela narração engenhosa do avô baiano, os contos dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen, de Charles Perrault, eram adaptados ao universo popular brasileiro.

“Toda história infantil conta um modo de viver. Ao ler, a criança aprende o modo de viver e de olhar a vida também” –“ Meus netos gostam muito de mim e a nossa relação é maravilhosa. E eu conto histórias para eles há anos e anos, né? Essa relação é muito rica tanto nas histórias, como na convivência.” Ruth Rocha.

Podemos traçar diversas linhas de atuação dos avós com referência aos netos. Ou dos netos em relação aos avós.

O amor, a convivência, os ensinamentos, as conversas longas sobre a família, o cuidado para não interferir na educação que os pais estão traçando, o paladar na cozinha da avó, as histórias de ficção, as risadas, as brincadeiras… Avós deixam marcas, marcas de um ente familiar que ajuda na configuração da personalidade dos netos. 

Amor e sofrimento. Avó/Avô, em geral, é o primeiro contato da criança com a experiência de perdas familiares.

Tendo visto esses tópicos, falaremos deles e de outros em histórias de avó.

TAREFA: criar história de convivência de avós/avô com os netos. Trata-se de uma história de ficção, que, logicamente, terá muita verossimilhança com a realidade.


Vejam o vídeo de Concessa:

https://www.youtube.com/watch?v=k_Q7hwWN7Ww


E vejam também este vídeo que é parte do filme VIVA, A VIDA É UMA FESTA, e este trecho é a música LEMBRE DE MIM:

https://www.youtube.com/watch?v=N9Zljgx_SSw





A Floresta de Grofis e Um Castelo onde todos se perdiam dentro dele. - YARA MOURÃO

 

 


A Floresta de Grofis

Yara Mourão

PARTE I

 

Era uma vez uma floresta muito estranha que ficava bem ali, ao lado da casa dos meninos. Não tinha muitas árvores, mas a cada dia que passava, ela ficava maior.

Juca morava lá naquela casa e, toda manhã, ele olhava pela janela para ver se havia crescido uma nova árvore. Ele sabia que aquela florestinha ia virar uma grande selva se ele não resolvesse o problema do jantar.

Isso porque, toda noite, no jantar, tinha salada de grofis, que era uma coisa assim parecida com massinha, verde e marrom, mas de gosto muito pior. Juca não suportava comer grofis! Mas a mãe punha no prato dele e obrigava que ele mastigasse e engolisse aquela pasta horrorosa!

Acontece que Juca enganava todo mundo. Fingia pôr a mistura na boca, mas jogava pela janela. E aí, a gosma entrava na terra; depois, chovia; aí, a coisa crescia e virava uma árvore muito horrível.

Com o passar do tempo a floresta já estava ficando muito escura, cheinha de árvores. Os grofis já iam avançando pelo lado da casa. Até mesmo já se inclinavam para a janela da sala de jantar, fazendo uma sombra fantasmagórica na vidraça.

A mãe não sabia porque aquilo crescia tanto. Quanto mais cortava, mais crescia!

Juca foi ficando muito preocupado, imaginando que os grofis iam engoli-lo e a casa. Nem dormia pensando nisso.

Um dia, um galho de grofis bateu na janela do seu quarto. Nossa! Que medo ele teve! O que devia fazer agora? Será que tinha de contar pra mãe a verdade? Ou será que então ele ia ter de comer a salada de grofis em todo o jantar?

Não, de jeito nenhum, pensou.

Então, ele resolveu: só tinha uma coisa para fazer; ia fugir de casa!

 




Parte II

Um Castelo onde todos se perdiam dentro dele.

 

 


Sim, era isso mesmo. Ele iria para bem longe dali. Talvez para a Disney, onde todo mundo que ia se divertia muito.

Então, Juca correu para o aeroporto, se escondeu no avião que ia para aquele lugar mágico, e se preparou para uma grande aventura!

Chegando lá, Juca ficou maravilhado! Quanta coisa diferente para ver e fazer! Nem sabia por onde começar. Resolveu ir logo no Castelo Encantado, que era muito colorido, cheio de luzes piscando e de onde vinha uma música muito legal.

Foi logo entrando pela grande porta com uma turma animada de crianças que estavam com ele na fila.

Então, se depararam com uma porta secreta que se abriu sozinha… Ah! Ali ele viu uma grande mesa cheia de doces, sorvetes, bolos, sucos. Como estava faminto, comeu de tudo! Depois correu para outra sala, onde teve que se arrastar para poder entrar. Ele ficou muito feliz porque tinha ali muitos brinquedos pelo chão, carrinhos, aviões que se mexiam e corriam, fazendo uma barulheira gigante!

E assim, Juca foi de porta em porta, fez de tudo, viu de tudo, menos… gente! Onde estavam todos? Pensou. Tantas crianças que entraram com ele, onde foram parar?

Aí, um grande frio passou pela barriga de Juca. De repente, ele entendeu tudo! Aquilo era um Castelo Mágico onde todos os que entravam sumiam para sempre!

Mas lembrou: não era isso mesmo que ele queria fazer: sumir daquela floresta que ia invadindo sua casa, seu quarto, tudo?

Um grande medo tomou conta dele e Juca se sentou e chorou apavorado. Mas pensou, pensou, e sabem o que ele falou bem alto para alguém no mundo escutar?

 

“Quero minha floresta de grofis de volta! ”

O Morceguinho que sumiu por vários dias - Yara Mourão

 

 


O Morceguinho que sumiu por vários dias.

Yara Mourão

 

A chácara da Lia era muito gostosa; apesar de ser um pouco antiga, era cheia de quartos, de salas, tinha até um sótão e um porão. Era tudo grande e bonito, mas Lia gostava mesmo era do sótão onde ela guardava as coisas que tinham mais importância para ela. Eram alguns brinquedos meio velhos, uns livros bonitos, duas bonecas de cabelos dourados, um ratinho de verdade numa gaiola e um morceguinho de verdade no teto.

Lia conversava com todos esses personagens e se entendia muito bem com eles. O ratinho era o mais agitado e o morceguinho o mais dorminhoco.

Um dia, Félix, o gato que não ficava no sótão porque era um malvado que perseguia os bichinhos, conseguiu entrar devagarinho e se esconder debaixo de uma caixa. Lia não viu ele ali, mas ele viu a gaiola do rato e o rabo do morceguinho, que dormia quietinho.

Quando chegou a noite, Lia trancou o sótão e foi para a cama. Mas quando já estava deitada, ela escutou uma barulheira de caixas caindo, bicho miando, asas batendo! Sim! Ela adivinhou o que acontecera! Félix atacou os bichos! E o morceguinho fugiu pela chaminé….

Lia ficou muito brava com o gato!

Ela passou a semana sem sair do sótão, esperando que seu morcego voltasse! Mas nada! Se passaram vários dias. Choveu, fez frio. Quase nevou!

Lia fez uma cestinha de frutas e pôs na janela do sótão para o morceguinho vir comer e voltar. Nada.

Então, ela resolveu uma coisa: pôs o Félix numa caixa e mandou pra casa do tio! Nada de morar mais aqui, seu bicho malvado! — ela falou.

Dias depois, quando o morceguinho veio comer as frutinhas, viu que o gato havia desaparecido. Então, agora não tinha mais perigo, por isso ele entrou e foi dormir lá debaixo do telhado como sempre fazia.

Numa manhã, depois de vários dias, Lia viu ele lá e ficou feliz de novo, porque estavam todos juntos outra vez: o rato, o morceguinho e ela, Lia!

MARATONA LITERÁRIA - PRODUÇÃO DE CONTOS INFANTIS - 15 DE AGOSTO DE 2023










MARATONA LITERÁRIA
PRODUÇÃO DE CONTOS INFANTIS
São 16 histórias que podem ser criadas em menos de 3 horas.


Aqui estamos na série de CONTOS INFANTIS.
Cada imagem, uma história diferente.

Nos encontros presenciais, acrescentamos um diferencial. 
O tempo era cronometrado em até 10 minutos para cada conto. 
Obviamente, todas as histórias precisaram passar pelo crivo da lapidação, precisaram ser aprimorados no processo do enredo.

Essa atividade, além de divertida, é um modo de aflorar a criatividade.

Quer tentar?





























A descoberta de um novo leito - Adriana S. Frosoni

 

 


A descoberta de um novo leito

Adriana S. Frosoni


 — Quem você pensa que é para invadir meu leito, dessa forma, sem cerimônia? 

 — Pensei o mesmo a seu respeito! Não gostei tanto quanto você. 

 — Como pode não ter gostado? Sou mais quente, mais veloz… 

 — Do seu calor eu até gostei. Mas para que tanta pressa? Essa agitação toda não o levará a lugar diferente do meu. 

 — Engraçado, não gostei nada da sua lentidão a princípio, mas confesso que em alguns momentos até me acalmou. No entanto, a sua frieza me incomoda muito e me traz certa desconfiança.

 — Minha frieza me permitiu pensar em qual alternativa temos. Não podemos sair do leito, nem mudar o nosso curso. E quanto à minha lentidão, devido a ela, pude observá-lo melhor e sua composição me agrada. 

 — Bem… não que isso seja um elogio, mas o traçado que se formou em nosso encontro, com reentrâncias e saliências, elaborou um belo desenho. Isso tem me agradado mais do que a aspereza da margem. 

 — Claro, sem elogios, estamos juntos à força! Mas olhe para a frente, estamos chegando. 

 — Mas, já? 

 — Eu disse que não precisava correr! Fica frio…

 

EXPRESSÕES POPULARES - LINGUAGEM FIGURADA DO NOSSO COTIDIANO - 08 DE AGOSTO DE 2023

                 









Do Facebook Itaberá City



EXPRESSÕES POPULARES NOS TEXTOS


Abaixo temos algumas frases populares criadas no afã de querer viabilizar a comunicação, e na construção dessas frases podemos ver figuras de linguagem:

 

1.   A porta dormiu aberta

2.   A luz dormiu acesa

3.   Escuta só, pra você ver

4.   Vou só esperar o sol esfriar

5.   Do pudim, não vi nem o cheiro

6.   Ela fechou a cara

7.   Fiquei preso do lado de fora

8.   A torneira amanheceu pingando

9.   Relógio que atrasa, não adianta

            Tinha um gosto gelado

            Que tal você criar algumas expressões, ou tentar se lembrar de outras?


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    TAREFA: Pensando na antologia, criar um conto abraçando o tema     DESCOBERTAS, usando uma ou mais expressões acima.