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A difícil vida de Aurora - Adriana Frosoni


A difícil vida de Aurora

Adriana Frosoni


Fui nomeada Aurora por ter sido muito desejada pelos meus pais e ter nascido tão radiante quanto a luz do sol, assim como a Cinderela dos contos de fadas. Eu não era filha de reis nem nascida em família abastada; muito pelo contrário, quando nasci passei a ser a esperança de dias melhores.

Mais à frente, minha mãe descobriria que havia mais diferenças do que semelhanças entre a princesa e eu. Meu gênio não era fácil e minhas opiniões eram avançadas para época. Casar-me com 16 anos? Inaceitável. Ser escolhida ao invés participar da decisão? Nem pensar. Pelo jeito, de princesa eu não tinha nada, só mesmo a aparência. Passei a desgostar de contos de fadas bem cedo, preferia os fantásticos.

O tempo confirmaria que minha aparência fazia jus ao meu nome, mas também me mostraria que a beleza trazia percalços. Quando estava mais crescida, decidi que iria levar uma vida apartada da minha aparência, assim como os homens faziam. Mas parecia que isso não era permitido às mulheres. Eu queria estudar, trabalhar e ser reconhecida pela minha competência. O maior obstáculo que encontrei foi a beleza em excesso, pois isso parecia causar desconforto e desconfiança de imediato. Algumas pessoas até ficavam nervosas em função da minha aparência. Acabei descobrindo que existe um nome para esse comportamento: venustrafobia.

Os percalços que enfrentei me fizeram mudar de opinião em relação à princesa e, em muitas situações, considerei aquela Aurora, a dos contos de fadas, mais sortuda do que eu. Pensei até que a melhor coisa que poderia acontecer comigo seria dormir por 100 anos e, quem sabe então, eu encontrasse um mundo mais preparado para a diversidade. Ah...lembrei que fadas não existem.

 


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