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PROCURANDO O NATAL - Oswaldo U. Lopes

 


PROCURANDO O NATAL

Oswaldo U. Lopes

 

            Quando se procura pelo Natal nos Evangelhos, pouco se vai encontrar. Já o presépio tem local, data e autor (Greccio, 1223, São Francisco). O Santo queria ensinar aos camponeses como fora o nascimento de Jesus. No entanto, as figuras que usou, são mais do que as encontradas nas Escrituras. Muitas provem de tradições orais e histórias populares que rodeiam o nascimento do Salvador. O certo é que o nascimento se deu em Belém durante o censo determinado pelos romanos.

            Ciente da falta de informações, resolvi procurá-las eu mesmo entrevistando alguns dos personagens que presenciaram o nascimento de Cristo. Assim procurei o galo que me informou:

— Naquela noite fazia frio e eu estava quieto no meu poleiro, quando vindo da manjedoura uma luz intensa brilhou. Achei que já era dia e cantei. Anos mais tarde eu estava em Jerusalém, quando o Cristo me olhou firme, tão firme que tornei a cantar, Pedro acabara de negar Jesus por três vezes. Dai em diante resolvi permanecer quieto em silêncio.

            Como sabemos, os pastores foram avisados por um enviado celeste e foram adorar Jesus. Procurei Daniel, um deles, que me contou:

— Naquela noite guardávamos nossos rebanhos, quando nos apareceu um anjo e nos convidou a ir até a cidade para festejar o nascimento do Salvador. Fomos, com nossas ovelhas, e encontramos o menino numa manjedoura. Brilhava tão intensamente que ficamos ofuscados. Nos ajoelhamos e demos graças a Deus porque vimos o nascimento do Messias. Nossas ovelhas baliam com extrema alegria como se soubessem que nascera o Salvador que tanto falaria delas.

            O próximo que procurei foi Baltazar, um dos reis magos, companheiro de Melchior e Gaspar. Ele tinha a pele escura e era de notável porte físico e beleza. Ele me falou:

— Percebemos no céu uma estrela guia e resolvemos segui-la, procurando o Rei dos Judeus. Achamo-Lo quando já tinha nascido e O encontramos no colo de sua mãe, Maria. Oferecemos ouro, porque Ele era Rei, incenso porque era Sacerdote e mirra, porque era Homem.  Eu levava a mirra, porque aos de pele escura, como eu, muitas vezes é negada a condição humana.

            Continuei minha busca e me lembrei dos animais que aqueceram o menino com sua presença. Não achei o boi, mas achei o jumento que me contou:

— Naquela noite algo estranho ocorreu no estábulo, estávamos eu e o boi quietos no nosso canto quando a mulher chegou. Grávida, não tendo outro lugar onde ficar, deu a luz ali mesmo e envolveu o Menino em faixas e O colocou na manjedoura, próximo de nós. Estava frio e nos aproximamos para aquecê-los com nosso calor e sopro. Eles depois foram embora e só voltei a vê-Lo, anos depois em Jerusalém, quando, já velho, O vi, montado em meu neto, entrar gloriosamente na cidade sagrada.

            E a mãe, mulher incrível, forte e cheia de vigor como reagia a tudo isso?

Maria, contudo, conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração. (Lucas 2 – 19).

Um comentário:

  1. Que saudade de ouvir contar suas histórias. Matei um pouquinho através desse lindo conto de Natal original. Grande abraço!

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