DICAS DA ESCRITA CRIATIVA

ESCREVIVER - BLOG MAIS ANTIGO

MATERIAIS DE TODAS AS AULAS

ROTEIROS PARA TEATRO

UM SEQUESTRO QUE ACABOU DIFERENTE, DE FATO? - Oswaldo U. Lopes

 


 

Como foi o caso:

Pais: África do Sul

História: Uma adolescente de 17 anos de repente descobre que é adotada.

Resumo da ópera:

A menina chamou a atenção de uma colega por certa semelhança com os familiares dela. Levada à presença destes descobriu-se que ela era o bebê que foi sequestrado ainda na maternidade, com três dias de idade e do qual nunca mais se tivera noticias.

        Exames de DNA confirmaram que de fato ela era filha destas pessoas. A mãe que a criou foi presa e julgada por crime de sequestro e condenada a 10 anos de prisão.

         Ela sempre negou o fato e alegava que um casal havia lhe entregue o bebe e desaparecido a seguir. A acusação conseguiu reunir evidências de que ela era frequentemente vista na maternidade, na ala onde ficavam os bebes. Provou-se ainda que se tratava de uma mulher que tivera vários abortos espontâneos e que não conseguira, por isso, concluir uma gestação.  A mesma, porém, nunca revelou à menina o fato dela não ser sua mãe biológica nem sua situação que equivalia a uma adoção.

        É curioso, os psicólogos constataram que a maioria das crianças, numa certa fase da vida tem dúvidas do tipo, fui adotada ou não?

        A dúvida é devidamente esclarecida pelos pais biológicos e desaparece. Os esclarecimentos variam, mas são frequentes respostas tais como:

1 – Não me amole, tá!

2 – Vê se não me enche o saco que eu tenho mais o que fazer.

3 – Você acha que se eu fosse adotar alguém ia escolher uma pessoa que nem você?

4 – Ai meu Deus, você me inventa cada uma.

        Estas respostas carregam uma certeza e uma assertiva gestual que são suficientes para dar a criança total segurança quanto a sua origem, por mais estapafúrdio que isso possa parecer.

        No caso de se tratar de uma criança adotada, mas que não foi previamente informada desse fato, a resposta é evasiva e de gestual impreciso. Por fim acabam revelando a situação gerando desconforto e uma necessidade premente de saber quem são os pais biológicos.

        À vista disso, os mesmos psicólogos recomendam que o fato seja devidamente informado, ao interessado ou interessada, na mais tenra idade, quando estes já são capazes de compreender e entender o que é uma adoção.

        No caso relatado o que chamou a atenção do público e da imprensa foi que a adolescente em questão não se interessou pelos ditos pais biológicos e queria continuar ligada à sua mãe e pai de criação, tanto que a visitava com certa frequência na prisão, enquanto vivia com seu pai de adoção que fora inocentado das acusações de sequestro.

        Consultados os da área psicológica não se espantam e contestam que isto ocorre na maioria dos casos. Apesar dos esforços e das tentativas, a aproximação com os pais ou pai biológico não é frutífera nem duradoura.

        Explica-se, o ser humano é dentre as diferentes espécies animais uma exceção, sendo de longe, o que mais requer assistência e acompanhamento por vários e vários anos. Dependendo da cultura e costumes, isto pode ir até a adolescência ou até mais tarde.

        Durante todo este trajeto é a mãe a fonte mais firme de conhecimento e experiência no que é complementada, mas não substituída pela escola.

        Isto cria laços muito fortes e permanentes entre a figura materna e a criança seja ela adotada ou não.

        Apesar da especificidade da espécie humana, Lorenz, prêmio Nobel de Medicina 1973, por seus estudos de comportamento, conseguiu, substituir a figura da pata mãe e passou a ser seguido pelos patinhos, por ser a primeira figura que eles viam ao nascer.

        No caso em pauta não vale invocar a Síndrome de Estocolmo. Este comportamento é visto quando no caso de um sequestro, a maioria das vezes de um adulto e com longa duração, estabelece-se uma relação afetuosa entre o sequestrado e seu sequestrador ou sequestradores.

        É possível que no futuro possa-se reconhecer algum tipo de conexão entre a Síndrome de Estocolmo e a adoção, mas no momento não temos esse tipo de informação. Longos e tortuosos são os caminhos da ciência. Da psicologia, então, nem se fale.

Nenhum comentário:

Postar um comentário