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PORQUE ESSE REVISIONISMO NÃO ME AGRADA - Oswaldo U. Lopes



Independência ou Morte, Pedro Américo | Historia das Artes

PORQUE ESSE REVISIONISMO NÃO ME AGRADA
Oswaldo U. Lopes


        O momento atual, por diferentes razões e motivos, deu origem a certo revisionismo histórico que visa expurgar da história e das praças, monumentos e páginas consagradas. Levado a extremos, compreensíveis eu concordo, pouco sobrará para contar ou honrar.

        Imagino que os franceses, a continuar esse padrão, terão que alterar a letra de seu famoso hino: La Marseillaise, para grande tristeza tumular de Rouget de Lisle.  Hoje em dia não é politicamente correto afirmar que o inimigo venha:

“ Egorge vols fils, vos campagnes! “ – Degolar vossos filhos e, vossas mulheres!

        Sem considerar o papel passivo das mulheres que serão degoladas e vítimas de estupro sem reação alguma. Ainda sobra o “que um sangue impuro, banhe nosso solo”. “Abreuve nos sillons”, soa pra lá do politicamente correto.

        Não bastasse a história ter transformado o famoso e formoso cavalo baio pintado por Pedro Américo em uma prosaica mula, ainda se juntou a injuria o insulto, D. Pedro, no momento do Grito, vinha de aliviar-se, pois estava com uma maldita diarreia, não teria proferido a famosa frase: “Independência ou Morte” atribuída ao Coronel Oliveira Melo já na noite do 7 de setembro, mas na cidade de São Paulo.

        Restava ao nosso querido herói nacional que gostava de ter filhos, alguns lhe atribuem à paternidade de 31 outros de 28, a autoria do hino, o notório – “Japonês tem quatro filhos... “ e uma certa notoriedade por saber latim.

        E por aí vamos, Tiradentes tinha escravos, Washington também, Jefferson nem se fale, Aristóteles, pai do nosso conceito de democracia defendia a escravidão e um papel secundário na politica para as mulheres. A escravidão no tempo de Aristóteles não era de negros, mas de prisioneiros de guerra ou de outras fontes.

        Houve, após a descoberta das Américas e em particular do Brasil, um grande movimento na Igreja Católica, para saber se os índios tinham alma! Louve-se a ação dos Jesuítas no caso. É bom acentuar o caso, porque em outras ocasiões eles foram lamentáveis.

        Aonde chegaremos? Em um ponto que todos concordaremos: a análise do texto fora do contexto é o melhor caminho para dar com as mulas n’água. Não pude resistir, olá D. Pedro, a usar as mulas em vez de burros.

        Você nega então todas estas manifestações antirracismo? Não só não nego, como apoio. Como em outras ocasiões é preciso separar o joio do trigo. Devemos combater o racismo, a diferença de trato aos gêneros e todas as formas de repressão ao ser humano, sem, no entanto, perder o bom senso. Se o perdermos corremos o risco jogar fora nossa história e seus reais ensinamentos.


Um comentário:

  1. Sim, não podemos apagar a história. Podemos nos inspirar nela para corrigirmos os erros cometidos. Os costumes eram outros. Felizmente, evoluímos. Ou melhor deveríamos ter evoluído.

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